Apagão no Brasil: software de proteção causa desligamento do sistema elétrico
Esta ferramenta teria interrompido o sistema devido a uma rápida variação na demanda de energia.
Técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avançaram nas investigações e apontaram uma explicação para o extenso apagão que afetou diversas regiões do país, sendo 25 estados mais o Distrito Federal, por seis horas consecutivas. Conforme as informações preliminares, já compartilhadas com executivos da Aneel e empresas do setor, o motivo por trás do apagão reside no funcionamento de um software de proteção denominado ERAC (sigla para Esquema Regional de Alívio de Carga). Esta ferramenta teria interrompido o sistema devido a uma rápida variação na demanda de energia.
Ainda segundo os técnicos, o ERAC foi projetado para identificar situações de sobrecarga ou déficit acentuado, além de agir imediatamente bloqueando partes do sistema de transmissão, a fim de impedir a propagação de desequilíbrios pelo sistema interligado que abrange todo o território nacional. Os detalhes do relatório indicam que o ERAC foi acionado nesta terça-feira (15) pela manhã, quando havia um esforço para transferir uma carga de energia elevada do Nordeste para o Norte do Brasil. Nesse momento, a geração de energia eólica e solar na linha de transmissão do Ceará superava a hidrelétrica e termelétrica.
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A frequência da rede caiu progressivamente de 60 Hertz para 59 Hertz e depois para 58 Hz, indicando que a demanda ultrapassou a capacidade de suporte da rede, potencialmente causando sobrecarga. Foi nesse contexto que o ERAC entrou em ação e desligou partes do sistema.
A demora na restauração do fornecimento está relacionada ao fato de que a energia gerada por fontes eólicas e solares necessita de um "empurrão" de outras fontes para ganhar impulso e ser distribuída rapidamente, assim como as "chupetas" para carregar baterias de veículos.
Essa explicação descarta a hipótese de sabotagem, mencionada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista recente. Fontes ligadas à investigação afirmam que uma interferência tão impactante no sistema elétrico exigiria a colaboração de funcionários do próprio ONS, que possuem acesso ao funcionamento global do sistema e seriam capazes de provocar uma variação suficientemente drástica para desencadear a ação do ERAC.