Biden defende ajuda internacional para a Amazônia

A promessa de apoio financeiro para a preservação da floresta repercutiu entre parlamentares paraenses

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O presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden, afirmou que os brasileiros deveriam ser pagos para não cortarem as árvores do país. A declaração foi dada na última semana durante evento alusivo ao Dia da Terra. Uma das propostas de Biden é garantir ao Brasil o acesso a parte do fundo global de florestas - prometido na COP26, em Glasgow, na Escócia. O acordo firmado no ano passado prevê quase R$ 100 bilhões de reais para ações de preservação, combate a incêndios e reflorestamento.

"O que deveríamos estar fazendo é pagar aos brasileiros para não cortar suas florestas. Tivemos que derrubar as nossas. Recebemos o benefício disso”, disse o presidente ressaltando a importância da região para o clima global. “Passei um tempo na Amazônia, na Colômbia e no Brasil, e adivinhem? Mais carbono é retirado do ar na Amazônia, esse sumidouro de carbono, do que cada partícula de carbono gerado diariamente em todos os Estados Unidos de todas as fontes”, declarou Biden.

A fala do presidente dos Estados Unidos repercutiu na Assembleia Legislativa do Estado do Pará, com deputados avaliando como fundamental que haja um equilíbrio entre soberania nacional e cooperação internacional. Na opinião de Júnior Hage, qualquer ajuda internacional é bem-vinda tanto para a Amazônia quanto para outras regiões do país. "O nosso governo é soberano, bem como os governos estaduais. Respeitando a soberania, tanto a ajuda humanitária quanto ambiental é importante. A Amazônia por muitas vezes é mal assistida. Então se os governos quiserem ajudar, que ajudem, seja americano ou europeu, mas entendendo que a Amazônia é do Brasil e dos brasileiros", diz. O Delegado Caveira (PL) concorda. "Os recursos são bem-vindos, mas a Amazônia não está à venda. Se tiver segundas intenções, presidente Biden: pegue esse dinheiro e fique para você", afirmou. 

Eraldo Pimenta (MDB) acredita que a sinalização de recursos internacionais para a Amazônia deve ser vista com cautela, pois não pode frear o desenvolvimento da região e nem ignorar as necessidades socioeconômicas dos brasileiros que vivem na região. "Nós preservamos o meio ambiente. Não conseguimos alcançar nem 20% de desmatamento na Amazônia. Precisamos olhar essas questões, pois a Amazônia é uma área de cobiça. Somos a favor do meio ambiente com produção, de forma autossustentável", avalia ele, ao lembrar que os Estados Unidos, um dos maiores emissores de CO² do mundo, não é signatário do Protocolo de Quioto.

Segundo Carlos Bordalo (PT), este tipo de parceria pode auxiliar o Brasil a se recolocar na mesa de debate internacional quando o assunto é meio ambiente. Para ele, esta aproximação é indispensável no mundo globalizado. "Nos últimos quatro anos nós fomos perdendo assento no debate sobre clima, planeta e meio ambiente. O Brasil é um país que pode contribuir muito e se beneficiar disso, pois detemos a maior floresta tropical do planeta. Vejo sempre com bons olhos, desde que estas parcerias não impliquem em perda de capacidade própria de nós orientarmos os programas e os projetos", pontuou.

Já o senador Zequinha Marinho (PL) avaliou de forma positiva a proposta, pois entende que os recursos podem auxiliar a região a avançar em questões estratégicas, como a regularização fundiária e o financiamento de tecnologias para modernizar a produção local. "Essa indenização é acertada, uma vez que entendo necessário estabelecermos novo método produtivo na Amazônia. Além de cuidar da preservação, é necessário investir em mais pesquisa e tecnologia para que os trabalhadores da Amazônia comecem a produzir em bases que sejam mais sustentáveis”, destacou.

Para a pesquisadora do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Brenda Brito, considera importante que os países com maiores índices de emissão de gases do efeito estufa a nível global contribuam para mitigar as mudanças climáticas. No entanto, ela lembra o Brasil já foi capaz de reduzir em até 80% a taxa de desmatamento com esforços domésticos, mas nos últimos anos houve um enfraquecimento dessas medidas.

“Antes da gente receber apoios nesse momento em que o desmatamento está em alta, é importante que os países também pressionem para que o governo brasileiro adote as medidas necessárias para reduzir o desmatamento e, aí sim, possa investir porque a gente corre o risco de ter os países apoiando políticas que estão indo no sentido contrário dessa redução, que é o que a gente está vendo sendo implementado”, alertou a pesquisadora.

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