Icoaraci, o distrito que é a nova expansão de Belém

Conhecido pelo apelido carinhoso de Vila Sorriso, o distrito de Icoaraci, distante a 20 quilômetros de Belém, tem gastronomia rica em pescados, artesanato prestigiado internacionalmente e é reconhecido por seus encantos naturais que atraem diversos turistas. Com todos esses atrativos, a divisão administrativa tornou-se a nova expansão da cidade, seja no setor imobiliário ou de consumo.

Icoaraci é um dos oito distritos que compõem a capital e possui aproximadamente 152 mil habitantes (11% do total de Belém). O bairro do Tenoné é o mais populoso (29 mil  pessoas) e o Parque Guajará, o menos populoso (8 mil habitantes), conforme dados divulgados pelo estudo da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

O apelido de Vila Sorriso foi criado pelo jornalista Aldemyr Feio, em 1969, conforme relatos disponíveis. Para alguns pesquisadores, Icoaraci significa "de frente para o sol", “onde o sol repousa”. Mas pesquisas mais aprofundadas, como a do historiador José Valente, na obra intitulada "Sinopse de Icoaraci", apontam que a palavra significa, na língua Tupi-Guarani, "Mãe de todas as águas" (Icoara=águas e ci=mãe).

Quando se pensa em centro histórico, sempre lembramos da Cidade Velha, mas é importante dizer que Icoaraci também é um importante núcleo que nos remete ao passado, com seus imponentes casarões do século XIX e XX, como o palacete Tavares Cardoso, sede da Biblioteca Municipal. Além de possuir a única estação de trem da cidade, da antiga rede ferroviária Belém-Bragança que sobreviveu ao tempo: A Estação Pinheiro.

Artesanato

Um dos lugares mais requisitados pelos turistas e moradores da região é a Orla de Icoaraci. Localizada à beira da Baía do Guajará, o local oferece uma bela vista e tranquilidade aos seus frequentadores. Lá, vários artesanatos como vasos, pratos, quadros e esculturas podem ser encontrados para comercialização na Feira de Artesanato do Paracuri, que reúne diversas barracas especializadas na cerâmica típica do nosso estado.

Os artesanatos também podem ser encontrados a preços mais acessíveis, direto com os produtores locais, nas olarias localizadas fora da área turística. No bairro do Paracuri, estão abrigados cerca de 90% de toda a comunidade de ceramistas, distribuídos entre oficinas e olarias. A olaria do Mestre Anísio, na travessa Soledade, é uma delas . O artesão é uma das maiores referências quando se fala em cerâmica marajoara e tapajônica. 

Gastronomia

Na Orla de Icoaraci, também é possível encontrar restaurantes e quiosques com o melhor da culinária regional. O mercado gastronômico evoluiu com o passar do tempo, afirma o empresário Hilário Júnior, dono de um restaurante na Travessa do Cruzeiro. A família dele é natural de Icoaraci e conhecida na localidade por sua história no ramo da culinária e de eventos. Sua mãe e tias, que possuíam um restaurante familiar no passado, passaram seus conhecimentos e aprendizados do ramo para as próximas gerações. 

“Hoje, a Orla de Icoaraci é muito bem frequentada. O nosso restaurante e um outro mais antigo que existia antes se tornaram referência na forma de atender a clientela. Atualmente, o distrito tem cinco ou seis restaurantes que possuem grandes chefes de cozinha, que vieram de fora ou que são naturais de Icoaraci, então a gastronomia local cresceu muito, sem deixar a desejar para qualquer outro lugar de Belém”, disse o empresário que atua há oito anos no mercado.    

Hilário Júnior confessa ter cogitado investir em outros lugares no passado, no entanto, desistiu em virtude da crescente do distrito de Icoaraci. O restaurante dele funciona de segunda a segunda, comercializando diversos pratos que vão da culinária regional à nacional. “Os nossos peixes são muito pedidos pelos clientes, mas por incrível que pareça, o que mais sai é a picanha. O nosso peixe filhote recheado com camarão é uma delícia, assim como a nossa caldeirada de filhote e pescada amarela”, garantiu Hilário.       

Setor imobiliário

Henrique Silva, que há 11 anos atua como corretor de imóveis,  afirma que a procura por moradias no distrito aumentou nos últimos anos. O que começou como um território base para indústrias e empresas navais, hoje é um grande pólo de turismo, atraindo novos moradores à localidade, garante o profissional. 

“Atualmente, Icoaraci está muito mais povoada. Seja por pessoas que decidiram sair das áreas mais centrais de Belém ou aqueles que vieram de fora do Pará para trabalhar lá, como uma família cearense que eu tive a oportunidade de conhecer. Esse crescimento fez com que surgissem mais empreendimentos, supermercados, escolas, lojas, aumentando a economia da região”, contou  Henrique Silva

O corretor imobiliário diz que a busca por imóveis cresceu muito, sobretudo no aluguel de casas e apartamentos, que vão de R$1.000 a R$2.000, dependendo da localização. O perfil das famílias que estão se mudando para Icoaraci é de três a cinco pessoas, diz Henrique. As habitações mais procuradas, conforme informou o profissional, são aquelas que possuem três quartos, uma suíte e garagem.