Veterinários do Mangal das Garças alertam para acidentes entre aves e pipas
As linhas com cerol são risco para todos, de humanos a aves. Pelo menos duas aves no ano passado foram vítimas de linhas enceradas.
O Parque Zoobotânico Mangal das Garças já recebeu muitas aves que sofreram acidentes com pipas e linhas com cerol. Camilo González, um dos veterinários do Parque, revela que os acidentes com aves costumam se tornar frequentes em julho. Um problema de segurança para motociclistas, ciclistas, pedestres e aves em geral.
Camilo reforça que é necessário evitar o uso do cerol, uma mistura de cacos de vidro e cola, feita para deixar a linha cortante, o que pode tornar os acidentes ainda mais graves ou até fatais para animais como as aves. O veterinário comenta que, em 2020, o número de animais feridos, por linha de pipas, foi bastante expressivo.
“Até por estarmos em um contexto de pandemia, a equipe técnica do Parque auxiliou muitos órgãos ambientais, pois a maioria dos lugares que poderiam fornecer essa ajuda precisaram fechar temporariamente. Uma grande parte dos muitos animais que recebemos apresentavam ferimentos provocados pelas linhas com cerol”, conta o veterinário.
Recentemente, uma garça chegou ao Mangal após ser resgatada pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), com um corte profundo em uma das asas, provocado por linha com cerol. “Tudo indica que a garça já estava há alguns dias com essa debilitação, antes de ser encontrada pela polícia ambiental. Nós tentamos estabilizar o quadro que consideramos grave, mas o osso dela estava exposto e começando a necrosar”, comenta Camilo. A ave não resistiu, mesmo com todos os esforços das equipes.
Camilo também relembra uma ocorrência com uma águia-pesqueira (Pandion haliaetus), ave migratória do norte dos Estados Unidos. O animal teve a membrana patagium, essencial para o voô, cortada por linhas de pipa. Outra ave submetida a cuidados intensivos e que não resistiu devido a complicações do ferimento, que causou infecção no osso.
Essa águia-pesqueira estava com um bom estado de saúde, mas acabou perdendo a capacidade de voar logo no primeiro ano de vida, por conta de um acidente que poderia ter sido evitado. “Para um animal que vive cerca de 20 a 30 anos como esta ave, ficar sem a dádiva do voo, logo no primeiro ano de vida, é algo terrível. Foi uma ferida relativamente simples, pois não afetou outras partes do corpo e não causou tantas sequelas. O problema foi o local onde o corte foi feito. Um animal tão majestoso. É algo lamentável”, diz Camilo.