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Vasectomia: saiba como e onde fazer e os cuidados necessários; vídeo

Cirurgia pode ser revertida, mas em qualquer processo paciente deve conhecer aspectos do procedimento, como alerta especialista

Dilson Pimentel / Eduardo Rocha

Fazer uma vasectomia, para não ter filhos é algo almejado por muitos homens. Esse procedimento pode ser concretizado tanto na rede pública, via Sistema Único de Saúde (SUS), e por meio de planos de saúde. Entretanto, trata-se de um procedimento médico que requer uma decisão firme da pessoa interessada, porque, ainda que possa ser feita a reversão, ela pode não ter o resultado esperado. Ainda que não exista método contraceptivo 100% eficaz, a vasectomia apresenta menor taxa de risco e pode ser feita no SUS em todo o país, de forma gratuita, como informa o Ministério da Saúde (MS). Como pré-requisito, segundo o MS, o homem deve ter mais de 25 anos de idade ou no mínimo dois filhos. O serviço de saúde não oferece a cirurgia de reversão, em caso de arrependimento. A cirurgia dura de 15 a 20 minutos, e não há necessidade de internação. 

Repousar, evitar esforço físico e fazer abstinência sexual até a cicatrização da ferida operatória, em média, por dez dias, após o procedimento, é o que recomenda o MS. Após a vasectomia, também é necessário utilizar outro método contraceptivo durante pelo menos 90 dias, de vez que durante esse período o homem ainda continua fértil. De 2019 até junho deste ano, já foram realizadas mais de 13 mil vasectomias no Brasil por meio do SUS. 

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São necessárias algumas autorizações, e alguns conselhos, comitês de Ética de alguns planos de saúde não autorizam o procedimento, porque a atenção do plano de saúde é para quando for para o critério de dois filhos e o filho menor com mais de dois anos de idade e o indivíduo com mais de 30 anos. No entanto, é possível, existe amparo para que se possa realizar o procedimento mesmo em homens sem filhos. Agora, alguns médicos podem se recusar a fazer, considerando que não se trata de uma enfermidade

Cuidados

“Os cuidados básicos que a gente tem são as orientações bem rigorosas em relação  a que o indivíduo não vai mais conseguir ter filho; perguntar, às vezes, se o casamento dele está estável, esses são alguns critérios importantes  e esclarecedores para que ele possa ter uma decisão acertada de ter ou não ter mais filho. Lembrando que algumas religiões, elas são completamente contra qualquer método contraceptivo, e alguns médicos também que são dessas religiões, às vezes, eles não fazem a cirurgia por questão religiosa”, pontua o urologista Ricardo Tuma. Os exames pré operatórios são uma fase importante do processo.

O preparo do paciente envolve alguns termos de consentimento que ele precisa assinar. O pós-operatório engloba dois ou três dias de repouso, e, às vezes,  permanecer afastado uns 15 a 20 dias de atividades físicas, como academia, jogo de futebol e outra atividade que demande mais esforço. 

“Agora, é importante nesse pós-operatório lembrar que acima do local onde é feita a ligadura, para obstruir a passagem do espermatozoide, ainda tem espermatozoide. Então, nas primeiras ejaculações quando o indivíduo é liberado, depois de uma semana, dez dias, para ter relação sexual, ainda está saindo uma quantidade grande de espermatozoide, e nesse momento a  mulher pode engravidar", destaca Ricardo Tuma. 

"Então, o cara faz a vasectomia, e acaba ainda tendo espermatozoide para ser eliminado, porque ficou acumulado em uma bolsa que se chama vesícula seminal que é de onde o esperma sai no momento da ejaculação. Ali, naquele reservatório, ainda tem muito espermatozoide”, alerta o médico. 

“A recomendação que nós damos é que o indivíduo tenha mais ou menos umas 20 ejaculações, mantendo  o mesmo método contraceptivo; depois dessas 20 ejaculações, ele faz o exame do esperma para ver se está zerado, porque aí não tendo mais espermatozóide, ele está liberado para ter relação sexual com  mais tranquilidade”, acrescenta. A vasectomia não interfere na ereção, na função sexual, no libido, não proporciona nenhuma incidência maior de alguma doença.

O homem pode engravidar a parceira, após a vasectomia, se ele não esperou  o tempo necessário para esvaziar toda a vesícula seminal (as 20 ejaculações);  se foi uma cirurgia que não teve sucesso técnico na realização; também algumas variações anatômicas – há homens que podem ter uma duplicidade desse canal e somente um foi ligado. E, muito raramente, se pode ter uma recanalização espontânea. Mas, sendo cumpridas as recomendações médicas e etapas, o processo atinge o seu objetivo.

Congelamento de sêmen

Algo importante é dar a opção ao paciente de fazer um congelamento de sêmen. Há centros especializados para se fazer esse congelamento, a partir de várias coletas, para uma eventualidade, ou seja, uma inseminação na parceira. 

Reversão

A reversão da vasectomia é possível, dependendo muito da técnica utilizada no procedimento. Às vezes, o cirurgião atuou em uma área muito ruim de se fazer a reversão, mas há áreas superiores nas quais o acesso ao canal é mais fácil, possibilitando a reversão. “Agora, é importante o indivíduo não ter dúvida. A reversão é possível, mas nem sempre ela dá bons resultados. Tem paciente em que você faz do mesmo jeito em um e no outro  e um volta a ter a passagem do espermatozoide, ele consegue engravidar a parceira, e em outro não ocorre esse sucesso”, observa o urologista.

Para se fazer a reversão, o tempo é fundamental. O melhor resultado se consegue nos primeiros cinco anos de cirurgia. Depois desse tempo, começa a diminuir a qualidade desse espermatozóide, da qualidade do sêmen, proporcionando uma diminuição da motilidade, da vitalidade  e outros critérios e outros parâmetros que são utilizados para se avaliar a qualidade seminal.

Mais de uma vez

A vasectomia pode ser realizada mais de uma vez. A idade mínima é de 30 anos de idade e não existe a idade máxima. O homem não tem andropausa (pausa da produção de espermatozóide, de hormônios). O homem tem um declínio, ocorre uma diminuição da produção. Às vezes, se faz vasectomia em indivíduos de 70, 75, 80 anos de idade, dependendo muito da disponibilidade que o paciente tenha para fazer  e o motivo explícito para esse fim.  “Esses dias, eu cheguei a fazer uma vasectomia em um senhor de 78 anos, que ficou viúvo, e ele estava reorganizando a vida dele e não queria mais ter filhos”, relata o urologista. 

Antigamente, era necessário o termo de consentimento da esposa para a vasectomia. Mas, já existe um outro termo, regulamento, pelo qual o paciente pode ele só querer fazer a vasectomia, e não obrigatoriamente ter o consentimento da esposa.  

Os planos de saúde dão cobertura para a cirurgia, de acordo com o plano que o indivíduo tem no contrato.

Ereção

Ricardo Tuma explica que a vasectomia não interfere na ereção, na função sexual, no libido, não proporciona nenhuma incidência maior de alguma doença. Ocorre apenas que o canal por onde passa o espermatozóide é obstruído. E os espermatozóides correspondem a mais ou menos 5% do volume do que o homem ejacula. 

O restante são outras secreções da próstata, da vesícula seminal, equivalendo aos outros 95%. O aspecto do sêmen ejaculado após uma vasectomia é igual. Não há tanta modificação quanto ao aspecto e volume, só não tem espermatozoide, como frisa o urologista. 

Belém