'Varíola dos macacos' não deve ser confundida com doenças dermatológicas, alerta virologista; vídeo
Em entrevista ao Grupo Liberal, o virologista Caio Botelho Brito explicou detalhes da doença
Em meio a casos da doença denominada "Varíola do Macacos" ou Monkeypox, o médico virologista Caio Botelho Brito, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade do Estado do Pará (Uepa), orienta que essa enfermidade não deve ser confundida com doenças dermatológicas. As pessoas devem buscar informações sobre o assunto e se prevenir contra o vírus. Confira a entrevista pingue-pongue que o médico concedeu ao Grupo Liberal:
O que é e como se caracteriza esse tipo de varíola?
É uma doença marcada por um vírus que vem dos animais para os seres humanos, por isso a gente fala que é uma zoonose, ou seja, quando se desmata uma floresta, destrói uma área que era isolada esses vírus vêm dessa região, dos animais que estavam intocados e transmitem essa doença para os seres humanos. É um vírus e é pego através do contato com as feridas dos pacientes e pelas gotículas de ar, assim como o contato com os objetos, como garfo, faca, colher, e roupas íntimas.
Como se caracteriza essa doença?
A partir do momento em que a pessoa pegou o vírus, de cinco até 21 dias ela fica sem sintoma nenhum, e aí ela começa a ter os sintomas, ou seja, febre relativamente baixa de até 38 e meio, um mal-estar, uma moleza, confundindo com qualquer outra infecção viral, um resfriado, uma gripe. Depois, de um a três dias, começam a aparecer as lesões de pele, que são a marca da varíola. Essas marcas na pele geralmente acontecem nos pés, mãos, rosto, genitália e região perianal. É uma doença que acomete as extremidades, não acomete a região central do corpo, como peito ou abdome. São manchas que viram bolha com líquido e pus. A bolha estoura e sai um conteúdo viral, virando, depois, uma crosta e cicatriza. A doença dura em torno de uma até quatro semanas, em geral. Existem coinfecções que podem prolongar esse quadro, como o HIV, as hepatites e até mesmo outros vírus.
A partir daí, o que se faz?
Vou fazer um teste chamado PRC-RT para Monkeypox, que vai me diagnosticar, enquanto tenho a lesão. Posso tirar uma amostra do nariz, igual ao do covid-19, ou das lesões de pele também eu posso tirar essa amostra. Se o paciente foi diagnosticado e ou se ele tem lesões características, terá de ficar isolado por 21 dias. No caso de grávida, em começo de gestação, ela tem de ficar isolada por 21 dias e a gente acompanha a gravidez dela. Durante esses 21 dias, o paciente tem que contar quantas lesões ele tem no corpo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a varíola como leve, moderada, grave e alarmante. A leve corresponde a menos de 25 lesões (bolhas) no corpo; entre 25 e 100, eu vou ter a moderada; acima de 100, eu vou ter a grave; acima de 200, eu vou ter a alarmante. A grande maioria dos casos é leve. Se eu tiver febre acima de 38 e meio, tenho que ter acompanhamento médico; talvez, tenha que entrar com antibiótico ou verificar se tem outras doenças associadas.
Nesse caso, quais são as doenças que eu tenho que ver que não são Monkeypox?
É, principalmente, a catapora. A catapora é a grande diagnóstico diferencial que nos fala. A catapora são bolhas, só que o conteúdo dela é limpo, ou seja, não tem nada dentro e ela toma o corpo todo. Ela começa no rosto e vai até os pés. Monkeypox, não. Ele vai nas mãos, pés, genitália, região anal e na face. Geralmente, não passa disso; ele é bem de extremidades mesmo. E a outra doença que eu tenho que diagnosticar diferencial é o "cobreiro" ou a herpes-zóster, que também dá muitas bolhas, só que ele dói muito e a varíola não tem essa característica de ter dor.
Como é o isolamento depois do diagnóstico?
Os objetos do paciente devem ser isolados e bem lavados, e se tem o isolamento respiratório. Se for o caso de uma mãe amamentando, evita-se o contato do bebê com as lesões. O aleitamento materno é liberado. Então, utilização de máscara e se não tiver lesões expostas pode cobrir esse bebê e amamentar, ou, o que é mais indicado, preconizado pela OMS, é a ordenha do leite e ele passar a fazer uma alimentação longe da mãe. Só vai ser internado o paciente que estiver grave (com mais de 100 lesões).
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