Tapioca é iguaria versátil, ancestral e com todos os sabores do Brasil
Chef Eduardo Bouças, de 60 anos, mostra tudo o que pode ser feito com a tapioca
Independentemente da região do País em que você se encontre, um dos pratos que provavelmente estará em todos os lugares, ainda que receba diferentes nomes, é a tapioca. Conhecida em alguns estados como “beiju”, a tapioca feita com a fécula da mandioca pode ser acrescida dos mais variados recheios, o que lhe confere grande versatilidade. Um dos chefs especializados nessa iguaria é Eduardo Bouças, de 60 anos, que há 20 atua no ramo da tapiocaria.
Chefe da Tapiocaria Paraense, Bouças comenta que é possível levar a tapioca a todos os tipos de espaços, ambientes e eventos. E por trabalhar justamente nesse ramo, de eventos, ele viu na sua expertise um nicho a ser explorado e decidiu usar a tapioca como carro-chefe do cardápio que leva para casamentos, festas de 15 anos, congressos, palestras e outras ocasiões. A tapioquinha também pode ser servida como entrada de pratos principais a qualquer hora.
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A criatividade, segundo ele, é o segredo para uma tapioca saborosa. “As pessoas têm mania de comer tapioca somente pela manhã com queijo, ovo ou presunto, mas, a pessoa pode dar uma variada e colocar qualquer recheio, como um frango, um cheddar, uma berinjela, um peito de peru, uma calabresa, um molho de tomate, orégano, manjericão, rúcula. Ela fica maravilhosa. E você pode fazer as [tapiocas] doces também, como Romeu e Julieta, banana com canela, doce de cupuaçu, de bacuri com queijo. Fica sensacional. Sempre com a goma fresquinha”, comentou.
A tapioca é um prato carregado de história. A origem remonta ao período anterior à chegada dos colonizadores europeus. Os povos indígenas da América do Sul utilizavam a mandioca, da qual se extrai a fécula para fazer a tapioca, há vários séculos. A própria origem da palavra "tapioca" vem do tupi-guarani e significa "coágulo" ou "amido coagulado", refletindo o processo natural de formação do ingrediente.
O chef Eduardo Bouças orienta que se busque por goma fresca, que pode ser comprada nas feiras de Belém. “A tapioca de feira é fundamental. Tirada no dia, ali na sua frente, é fundamental. As de supermercados têm conservantes. As pessoas gostam, mas eu não gosto muito do odor que ela tem, é um pouquinho mais forte. Ela tem um certo conservante. E da feira não, você vê que o cara tirou ali”, afirma.
A iguaria é uma excelente fonte de energia, rica em carboidratos e livre de glúten, tornando-se uma ótima opção para pessoas com intolerância, podendo ser consumida no café da manhã, como lanche ou prato principal. “O que é fundamental é que ela tem que ser bem cozida para não dar problema para quem sofre com má digestão. Inclusive, ela pode facilitar o processo digestivo. As pessoas sempre comentam que uma tapioca bem durinha e cozida fez bem para digestão”, revela.
Para aquelas pessoas que querem um prato mais leve também é possível utilizar a tapioca. “As pessoas costumam pedir uma tapioca light, que seria o quê? Você assa uma berinjela de forno, um peito de peru, a rúcula com um queijinho, que nem aquelas crepiocas. Ela fica maravilhosa e totalmente light. Eu recomendo sempre uma berinjela assadinha de forno com queijo branco, é sensacional”, recomenda.
Preparo
Para fazer uma tapioca é simples. É preciso primeiro coar a goma (fécula). Em seguida, colocar uma frigideira no fogo para esquentar. Para saber se está no ponto, pingue algumas gotinhas de água. Se evaporar, a frigideira está pronta para receber a goma da tapioca.
A goma peneirada deve ser colocada com o auxílio de uma colher cobrindo todo o fundo da frigideira. Quanto mais fina deixar a goma, mais crocante e molinha a tapioca ficará. Em relação ao tamanho e espessura da goma na frigideira, o ideal é cerca de 15 centímetros de diâmetro, o que dá em média 80 gramas de goma. Quanto mais fino o disco, maior o risco de a tapioca ficar ressecada; por isso, é preciso atenção.
Também deve ser acrescentado sal a gosto, ou outro tempero que se prefira, para dar gosto à goma. Após espalhar bem a goma de maneira uniforme na frigideira, deve-se estar atento ao ponto para virar a tapioca. Isso ocorrerá quando ela começar a descolar do fundo da frigideira sem perder o formato de disco. O ponto certo é quando a tapioca estiver úmida, sem desmanchar ou quebrar. Após virar com o auxílio de uma espátula, pode-se rechear com o sabor que preferir.
A Tapiocaria Paraense esteve nesta quarta-feira (12/03) mostrando seu cardápio para as colaboradoras do Grupo Liberal em um evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher, realizado na sede da empresa, no bairro do Marco, em Belém. A programação contou com muitas atividades e teve até o cantor Wanderley Andrade para animar a tarde.