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Sexta-Feira Santa: dicas de alimentos alternativos para quem não come carne vermelha nessa época

A nutricionista Jamile Barros e a chef Petra Marron explicam como preparar pratos alternativos nesse período

Lucas Quirino

Para muitos católicos, deixar o hábito de lado durante a Sexta-feira Santa é uma forma de se solidarizar com a prisão, tortura e crucificação de Cristo. Nesse sentido, não comer carne vermelha representa uma forma de demonstrar solidariedade e respeito a Jesus. A chef de cozinha Petra Marron e a nutricionista Jamile Barros, de Belém, explicam como fazer pratos saborosos e nutritivos sem uso de proteína animal.

“Eu vejo como uma oportunidade de mostrar para as pessoas que estão em busca de refeições sem carne, que o reino vegetal é extremamente rico e potente. É como se as pessoas estivessem mais abertas do que de costume a experimentar. Além de oferecermos um menu de ovos de Páscoa sem lactose, também optamos por oferecer pratos salgados para o almoço de Páscoa”, explica Petra.

A especialista também dá dicas de pratos que podem ser consumidos pelos fiéis sem quebrar a tradição da Sexta-Feira Santa. “Esse ano, aqui na padaria, contamos com a nossa deliciosa batalhoada às natas (feita com grão-de-bico e alga nori), e um sensacional fricassê de jaca”.

Vegana, Petra comenta que os vegetais “nunca saem do meu prato durante todo o ano. Na Sexta-feira Santa eu procuro fazer algo mais caprichado, então eu amo comer a nossa ‘Batalhoada às natas’, bastante salada e, se sobrar espaço para uma sobremesa, eu como um pedacinho de bolo. Um cafezinho depois de 30 minutos para não atrapalhar a absorção do ferro pelo organismo”.

Aumento na procura

Durante essa época do ano, as opções alternativas à carne ganham cada vez mais espaço, não apenas entre os católicos em respeito à crucificação de Cristo, mas no público geral, principalmente nas opções de ovos de Páscoa feitos sem lactose, como explica a chefe de cozinha.

“A procura aumenta bastante nesta época. É um momento de celebração no qual a comida é muito importante. Desde 2019, fazemos um menu especial de Páscoa, e a cada ano a procura aumenta.  Os ovos de Páscoa saem na frente, afinal todo mundo quer comer chocolate, mas também vendemos bastante pratos salgados para serem servidos no almoço de Páscoa. Também destaco que Pães e bolos também saem bastante nesse período”, detalha a especialista.

Nutrição

Para a nutricionista Jamile Barros, a retirada da carne vermelha do prato nesse período pode abrir espaço para o consumo de outros alimentos, proporcionando uma alimentação mais variada. Ela alerta que a população brasileira tem consumido carne vermelha em um número bem superior ao recomendado pela OMS.

“Atualmente, o consumo de carne vermelha da população brasileira é bem superior ao recomendado pela OMS, que seriam 300g/semana. Além disso, a redução do consumo de carne vermelha está relacionada à menor ingestão de gordura saturada, podendo promover melhoras na saúde cardiovascular, diabetes e saúde intestinal”, detalha Jamile.

Jamile Barros também sugere que as pessoas procurem frequentar a feira do seu bairro para ver se existe uma feira de orgânicos próxima. "No supermercado também encontramos uma grande variedade de alimentos, aí fica a critério individual! Também existem restaurantes que oferecem pratos sem carne e vegetarianos para este período, onde conseguimos comprar os alimentos prontos para consumo. Procure lugares que não utilizam temperos industrializados e que tenham um bom controle de qualidade e higiene”.

Outra orientação é para quem não quer abolir completamente as proteínas animais. A nutricionista destaca que sejam evitadas as armadilhas da fritura, pois mesmo que não abram mão da proteína do frango ou peixe, a fritura possui um alto teor calórico, que acaba deixando a alimentação menos rica do que deveria.

“Indivíduos que optam por não consumir carne animal no período da quaresma e semana santa, apostam em preparações como estrogonofe de Grão-de-bico, jacalhoada, feijoada vegetariana, lentilha à bolonhesa e até mesmo pratos regionais como a maniçoba e vatapa vegetarianos”, aponta a especialista

Impactos na saúde

Apesar da carne vermelha ser um dos alimentos mais ricos em proteína, a falta dela no cardápio pode não acarretar grandes problemas de saúde para quem abdica do consumo no período da Quaresma e Semana Santa.  

“É importante pensarmos que existem outras fontes de proteína que não a animal. As principais fontes de proteína vegetal são as leguminosas: feijões, lentilha, grão-de-bico, ervilha, quinoa. A combinação de leguminosas + cereais forma proteínas completas e de alto valor nutricional”, exemplifica a nutricionista Jamile Barros.

Jamile também explica sobre os cuidados que as pessoas devem ter ao retirar a carne das suas alimentações durante esse período de celebração cristã. “O principal cuidado é manter um bom consumo de proteínas mesmo retirando esse ingrediente do prato. Uma alimentação saudável e variada supre as necessidades nutricionais de indivíduos saudáveis. Então, escolhendo consumir carnes brancas de aves e peixes ou proteína vegetal, é importante manter uma alimentação variada, e controlar o consumo de ultraprocessados”.

A nutricionista destaca que a alimentação das pessoas veganas é muito saudável e pode ser utilizada inclusive para tratar condições clínicas como dislipidemia, hipertensão, diabetes, promover perda de peso saudável e bem-estar. A alimentação baseada em plantas prioriza o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, ou seja, menos industrializados possível.

Sexta-feira Santa

Conhecida também como Sexta-Feira da Paixão, é o dia no qual Jesus foi crucificado. Nessa data não são realizadas missas, mas sim uma Celebração da Paixão de Cristo e os fiéis fazem abstenção de carnes vermelhas e frango ou jejum como parte de uma penitência, para louvar o sacrifício de Cristo. Entre as proibições que a data exige é o não consumo de carne vermelha, ou para alguns que elevam essa restrição, não consumir nenhum tipo de proteína de origem animal.

Lucas Quirino (Estagiário sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)

Belém