O filho ficou em recuperação? Saiba como ajudá-lo
Fim do ano letivo aumenta a carga de tensão e cobrança. Família precisa ser presente.
Com a chegada do mês de dezembro, muitos estudantes do ensino fundamental e médio voltam suas atenções às provas finais de recuperação. Nesta época do ano, é comum que estes alunos fiquem muito preocupados e ansiosos por conta da pressão, e muitas vezes a cobrança excessiva dos pais ou responsáveis pode acabar atrapalhando, ao invés de ajudar. De acordo com especialistas, o ideal é que neste momento haja apoio e compreensão por parte da família, para que tudo ocorra da melhor maneira, e o estudante consiga alcançar a aprovação.
Emerson Sobrinho tem 13 anos de idade e cursa o 7º ano do ensino fundamental em uma escola de Belém. Nos últimos dias, ele tem se dedicado nos estudos para recuperar uma nota da disciplina de Língua Portuguesa. No colégio em que ele estuda, o sistema de avaliações funciona de maneira diferente do convencional: para cada atividade ou prova realizada, caso o aluno não atinja a nota máxima, precisa estudar para refazer a mesma atividade novamente, até que não haja mais erros.
Por conta do trabalho dos pais, Emerson costuma estudar sozinho, geralmente pela parte da manhã. Mas sempre que é possível, ele conta com o apoio da família, que, segundo ele, é essencial. Em casa, ele criou o hábito de revisar os conteúdos trabalhados dentro de sala de aula todos os dias, focando nos assuntos em que possui mais dificuldade. “Essa semana eu aumentei um pouco o ritmo. Eu revejo os conteúdos e as atividades que já fiz, fico atento às observações dos professores, leio e releio várias vezes, justamente buscando melhorar o meu aprendizado”, detalha.
Para o professor de Química Branco Ramos, que possui 33 anos de experiência ministrando aulas em escolas públicas e privadas, a estratégia de estudo utilizada por Emerson, de focar nos assuntos onde tem mais dificuldade, é uma ótima escolha. Outra dica essencial é sempre fazer intervalos de 20 minutos entre um assunto e outro nos estudos, que não devem ultrapassar a média de três horas diárias. “Esse procedimento ajuda muito no desempenho do aluno, no próprio cérebro dele, justamente pra que ele possa realmente oxigenar para poder ter um melhor aprendizado”, explica o docente.
Também é indicado que o estudante invista seu tempo fazendo exercícios e atividades, principalmente nas matérias de ciências exatas, para que ele consiga absorver de maneira mais proveitosa aquele conteúdo. Para matérias que exigem mais conhecimento teórico, a dica do professor é que o aluno faça algumas anotações sobre os assuntos mais importantes e as coloque na parede do quarto, para que faça sempre este contato visual, evitando esquecer daquele assunto que aprendeu recentemente.
Além destas dicas, o professor ressalta que é essencial que os estudantes estejam relaxados antes de começarem os estudos em casa. Muitos já estão ansiosos por terem ficado de prova final, e acabam ficando mais ainda, por conta da cobrança dos pais. “Se os próprios pais não trouxerem uma tranquilidade pra ele, e mostrarem que aquilo é um processo natural, que a recuperação vai trazer mais conhecimento, esse aluno pode até ficar reprovado”, ressalta Ramos.
A psicóloga Érika Souza concorda com o professor, e acrescenta que é indispensável que a família destes estudantes participe deste processo de aprendizagem, não só na época da recuperação, mas durante todo o ano letivo. Ela lembra que o sistema educacional brasileiro é competitivo, e que muitas vezes os estudantes que não conseguem atingir uma nota alta acabam se sentindo inferiores aos que conseguem, o que afeta, inclusive, a autoestima destas crianças e adolescentes.
De acordo com a psicóloga, cada estudante, em sua individualidade, possui um motivo pelo qual não conseguiu absorver um determinado assunto ou matéria. Isso não significa que aquela criança ou adolescente seja menos inteligente do que as outras. “Às vezes o aluno tira uma nota boa, vai mostrar o boletim para os pais, todo feliz, e acaba ouvindo como resposta: ‘você não fez mais que a sua obrigação’. Isso acaba fazendo com que aquela pessoa se sinta inferior. O certo seria retribuir, parabenizar, incentivar. Não precisa dar um videogame ou um presente grandioso. Só o reconhecimento de saber que o pai ou a mãe ficaram felizes já é ótimo, ele se sente valorizado e querido”, conclui Érika Souza.
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