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Procura pela vacina contra a dengue na rede pública de Belém está baixa

Apenas 1.194 doses foram aplicadas até agora, enquanto a meta é de 84,5 mil. Casos diminuíram em 2025, mas imunização continua sendo fundamental

Gabriel da Mota

A baixa adesão à vacinação contra a dengue na rede pública de Belém tem chamado a atenção. Apenas 1.194 doses foram aplicadas até o momento, número muito abaixo da meta de 84.509 estabelecida para 2025 pela rede municipal. Com a proximidade do período de maior incidência da doença, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) reforça a importância da imunização de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária contemplada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

A redução dos casos de dengue em 2025 pode ser um dos fatores que explicam a baixa procura pela vacina na rede pública. Nos dois primeiros meses deste ano, Belém registrou 182 casos confirmados da doença, sendo 117 em janeiro e 65 em fevereiro. Não houve mortes no período. Os números são significativamente menores que os do mesmo período de 2024, quando 1.058 casos foram confirmados (225 em janeiro e 833 em fevereiro), embora também não tenham sido registradas mortes nos primeiros meses do ano passado. No entanto, ao longo de 2024, a cidade contabilizou 3.187 casos confirmados e quatro óbitos.

Já em nível estadual, os números são mais preocupantes. A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que, em 2025, o Pará registrou 1.500 casos de dengue em janeiro, com um óbito, e 815 casos em fevereiro, com quatro óbitos. No ano anterior, 2024, foram confirmados 1.088 casos em janeiro, sem mortes, e 3.315 casos em fevereiro, com um óbito. Durante todo o ano de 2024, o estado contabilizou 17.612 casos confirmados de dengue, resultando em 12 óbitos.

A Sespa destaca ainda que, em 2025, 7.086 crianças entre 10 e 14 anos tomaram a vacina contra a dengue. No entanto, diferentemente da meta estabelecida pela Sesma para Belém, a secretaria estadual informa que não há uma meta fixa de vacinação, pois o PNI do Ministério da Saúde não tem enviado doses com quantidade e regularidade suficientes para garantir as duas aplicações necessárias à imunização do público-alvo. Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde não retornou com um posicionamento até o fechamento desta edição.

A Sesma destaca que o trabalho de combate à dengue é contínuo, com visitas diárias de agentes de endemias em todos os distritos administrativos de Belém para identificação e eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti. Além disso, mutirões são realizados nos bairros mais afetados. Em 2024, Guamá, Pedreira e Terra Firme concentraram o maior número de casos, enquanto em 2025 os bairros mais atingidos são Jurunas, Marco e Telégrafo.

Vacinação na rede particular enfrenta dificuldades de abastecimento

Enquanto a vacinação na rede pública tem baixa adesão, nas clínicas particulares a demanda supera a oferta. A procura pela vacina Qdenga tem sido intensa, mas o fornecimento para o setor privado é limitado devido ao compromisso do laboratório Takeda, que afirma ter uma capacidade restrita de fornecimento de doses, em priorizar as entregas para o Ministério da Saúde. Em clínicas contatadas pela reportagem de O LIBERAL, a quantidade de doses recebidas é insuficiente para atender a alta demanda.

Em uma delas, localizada na travessa Dom Romualdo de Seixas, no bairro do Umarizal, a vacina custa em média R$ 600 por dose e é aplicada em duas etapas, com intervalo de três meses entre elas. Já em outra clínica, localizada na avenida Braz de Aguiar, no bairro de Nazaré, a dificuldade no abastecimento é ainda maior.

Segundo a enfermeira Neide Amorim, a clínica recebeu apenas 15 doses em fevereiro, que foram rapidamente aplicadas. "De 100 ligações que recebemos, cerca de 40 são sobre a vacina da dengue, mas não temos o produto para oferecer", explica. A previsão é de que novas doses cheguem até o dia 15 de março, mas a quantidade ainda não foi confirmada pelo distribuidor.

A vacina Qdenga na rede privada é aprovada pela Anvisa para pessoas entre 4 e 60 anos, enquanto na rede pública a imunização é restrita a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A limitação da oferta na rede particular tem levado muitos interessados a buscarem listas de espera para garantir a aplicação assim que novas doses chegam às clínicas, afirmam as clínicas consultadas pela reportagem.

Belém