Presépios reforçam o símbolo natalino e o nascimento de Jesus nos lares de Belém
Mais do que um enfeite natalino, a prática simboliza a união, a fé e é um momento carregado de memória afetiva
Mais do que um enfeite natalino, a prática simboliza a união, a fé e é um momento carregado de memória afetiva
Todos os anos, quando o Natal se aproxima, famílias se reúnem para manter viva uma tradição que atravessa anos, em muitas casas: montar o presépio. Mais do que um enfeite natalino, a prática simboliza a união, a fé e é um momento carregado de memória afetiva. Em Belém, famílias fazem questão de manter esse costume da montagem do presépio, reforçando o verdadeiro símbolo do Natal: o nascimento de Jesus Cristo. Mais do que uma decoração, essa é uma forma de reafirmar a mensagem desta época.
Na família da empresária Iracy Martins, 90, a tradição de montar o presépio já se estende por mais de 20 anos. Com todos os elementos da Sagrada Família - Jesus, Maria e José -, além da manjedoura e dos animais, ela conta que o simbolismo disso tudo é exaltar a chegada de Cristo ao mundo. Iracy lembra que toda a estrutura começa a ser montada ainda no início de novembro - e é uma cultura que envolve toda a família. Para Iracy, que é católica, é essencial levar essa reflexão religiosa.
“Nós temos os três principais elementos: Jesus, Maria e José. O presépio é grande. As crianças passam e veem, tiram fotos e acabamos explicando o verdadeiro sentido do Natal para eles. Natal é tempo de fé. E a gente tem que acreditar que o que é impossível para os homens é possível para Deus. José e Maria acreditaram. E sabiam que, a partir daquela data [do nascimento de Jesus], a vida deles iria mudar. Mas sabiam que a ajuda de Deus os guiar em toda essa caminhada”, reflete.
E, segundo Iracy, ao contemplar o presépio, é essa reflexão que deve ser espalhada. E o presépio é uma forma de levar essa mensagem. “Deus tornou-se homem e habitou entre nós. Para algumas pessoas, o Papai Noel é a figura central, mas a festa bonita de luzes é de Jesus, que nasceu para nos salvar. Todo ano, o nosso Natal é muito bonito aqui em casa. Sempre nos reunimos”, completa Iracy.
O filho de dona Iracy, o empresário Robson Martins, de 54 anos, lembra que essa tradição sempre fez parte da família. “O nosso Natal sempre foi mágico, até porque nossos pais, esse momento ser mágico. Desde criança, tínhamos aquela coisa de esperar o Papai Noel chegar. Quando acordava, o presente estava embaixo da cama. Hoje, passo isso para os meus filhos. E essa união dura até hoje entre a família. O ponto de união é a casa dos nossos pais. É o abraço de união dos filhos e netos”, afirma.
Na casa da família da estudante Maria Clara Silva, de 26 anos, a celebração natalina também tem como ponto central a montagem do presépio, além de todos os outros tradicionais elementos, como a árvore de Natal. E, segundo ela, é um hábito que passa de geração para geração, que começou com a mãe, a economista Darcilene Silva, de 62 anos. “Desde que eu me entendo por gente, temos esse momento de montar árvore, de colocar músicas [natalinas] e montar o presépio. Isso já é de família há muito tempo”, conta.
“O Natal sempre foi muito presente aqui em casa mesmo. A gente sempre viu o exemplo cristão, de Jesus Cristo, que amava o próximo, partilhava o pão e fazia reuniões. Sempre todo mundo junto e reunido. A gente tenta viver isso. Tanto no Natal, quanto em outros momentos do ano. Mas a gente sempre resgata em várias ocasiões”, diz Maria Clara, ao lembrar que, nesta época, sempre reúne com os amigos em casa para montar a decoração de Natal e que o momento vira uma verdadeira celebração.
E esse hábito de se reunir com os amigos na casa da estudante já dura aproximadamente 4 anos. Colegas da faculdade, eles encontraram não apenas na amizade um ponto em comum, mas a paixão pela celebração natalina, de acordo com a estudante Larissa Gomes, de 27 anos. "Acredito que o Natal representa o nascimento de Jesus. Então, é um dos eventos mais esperados, além de reunir toda a família. A Maria já tinha essa tradição na casa dela e comentou com a gente na faculdade. E aceitamos”, lembra.
“Com isso, gostamos tanto, que se tornou uma tradição entre a gente. A gente se reúne na casa dela, monta a árvore. Nos reunimos, fazemos comidinhas, assistimos filmes natalinos, batemos papo e montamos o presépio. E meio que se torna também a nossa confraternização de final de ano do nosso grupo. Aproveitamos a oportunidade para se reunir”, relata a estudante.
O estudante Pedro Henrique, de 21 anos, também é um dos amigos de Maria Clara e reforça que esse momento fortalece a amizade. “Na minha família, não temos tanto esse hábito. Organizamos mais a ceia e reunimos a família. A primeira vez que eu vim ajudar a Maria Clara foi muito divertido, foi uma experiência muito boa. E, a partir daquele momento, fazemos todos os anos”, pontua o jovem.
O presépio de Natal tem origem no século XIII, quando São Francisco de Assis, fundador da ordem franciscana, criou uma encenação do nascimento de Jesus em Greccio, na Itália, para tornar a história bíblica mais acessível aos fiéis. A ideia dele foi montar uma cena com figuras reais, como um menino representando Jesus, uma manjedoura e animais. O evento deu início à tradição dos presépios, que logo se espalhou pela Igreja Católica e se popularizou nas comunidades cristãs.