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Planeta 3°C mais quente pode agravar ondas de calor em Belém; entenda

Um estudo realizado constatou que se o planeta continuar na rota atual, ondas de calor, transmissões de doenças e alta demanda por energia para ar-condicionado terão impactos devastadores.

Pedro Garcia

A temperatura acima da média pode se agravar em Belém e em mais 31 cidades do país nas próximas décadas. Um estudo realizado pelo World Resources Institute, publicado nesta quinta-feira (18), constatou que, se o planeta continuar na rota atual de aquecimento de 3°C em relação à era pré-industrial, as ondas de calor, a transmissão de doenças e a demanda por energia para ar-condicionado terão impactos devastadores.

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Os pesquisadores compararam os indicadores de risco de áreas estratégicas, como saúde pública, infraestrutura e produtividade econômica, para entender como as cidades respondem a diferentes cenários: sob 1,5°C, 2°C e 3°C de aquecimento da temperatura média da Terra. O diretor global do WRI Ross Center for Sustainable Cities, Rogier van den Berg, afirmou que o aumento das temperaturas terá consequências. “A diferença entre 1,5°C e 3°C tem consequências de vida ou morte para bilhões de pessoas em todo o mundo”, disse o diretor.

De acordo com a pesquisa, os mais afetados serão as pessoas com baixa qualidade de vida, como os moradores de cidades de menor renda localizadas na África Subsaariana, América Latina e Sudeste Asiático. Os moradores de 16% das cidades avaliadas enfrentarão pelo menos uma vez ao ano uma temporada extrema com duração de um mês. Na América Latina, a frequência de ondas de calor pode dobrar e chegar a 7,5 ocorrências por ano.

O aumento da temperatura da Terra já é uma realidade. As atuais medições indicam que 2024 pode superar o ano anterior e se tornar o mais quente da história. Atualmente, o planeta está 1,4°C mais quente em relação à época anterior à Revolução Industrial, quando a sociedade passou a ser movida pela queima de combustíveis fósseis.

Caso a temperatura média suba 3°C, a previsão é que a frequência de ondas de calor aumente de 4,9 para 6,4 vezes por ano em média. Elas também serão mais longas: passarão de 16,3 para 24,5 dias em média. O quadro deve se agravar em praticamente todas as 32 cidades brasileiras analisadas. Em Belém, por exemplo, pode-se esperar um aumento no número de ondas de calor por ano, algumas podendo durar até 222 dias em 2050, segundo levantamento do jornal The Washington Post e da CarbonPlan.

O calor também favorece a propagação de organismos como os mosquitos transmissores de doenças. Eles podem carregar arbovírus que transmitem dengue, febre amarela, zika e chikungunya, entre outros.O estudo do WRI estima que, caso a temperatura do planeta suba 3°C, novos lugares no mundo “ganhariam” um ambiente propício para a multiplicação desses vetores. Em grandes metrópoles onde eles já estão presentes, o pico de transmissão pode se alongar em média por mais seis dias.

No Brasil, que enfrentou em 2024 sua mais grave epidemia de dengue até agora, o risco vai se agravar ainda mais. No Rio de Janeiro, os 3°C extras podem elevar o número de dias propícios para infecção de 69 para 118, um aumento de 71%. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 6 milhões de brasileiros contraíram dengue neste ano até agora. Foram quase 4 mil mortes confirmadas pela doença, com a maioria das vítimas tendo entre 20 e 29 anos.

Belém