Pesquisadores de Belém traçam diferentes tipos de tratamento para resíduos sólidos
Especialistas da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade do Estado do Pará (Uepa) explicam que uma cidade não pode depender apenas um aterro sanitário
Em meio à discussão sobre o destino final dos resíduos sólidos da Região Metropolitana de Belém - que continua incerto, já que o prazo final para o funcionamento do Aterro de Marituba é dia 31 de agosto -, pesquisadoras da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade do Estado do Pará (UEPA) ressaltam: uma cidade não deve depender apenas de um aterro sanitário para destinação final de lixo, já que existem diferentes formas de tratamentos dos resíduos sólidos.
A professora Vanusa Carla Pereira Santos, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Meio Ambiente e Sustentabilidade (GEMAS/UFPA), ligada à Faculdade de Economia do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da UFPA, explica que os tratamentos de resíduos sólidos envolvem várias ações para desenvolver uma correta gestão destes resíduos e sua destinação ambientalmente correta, com o mínimo de impactos ambientais no seu descarte final.
A pesquisadora destaca que existem três tipos de tratamento de resíduos: mecânico, bioquímico e térmico. O tratamento mecânico é feito por processos físicos, como a coleta seletiva, a triagem e reciclagem, processos que não tem reações químicas. O tratamento bioquímico se dá quando há ação de grupos de seres vivos, micro-organismos como bactérias, fungos, lesmas e minhocas que, se alimentando dos resíduos, os transformam em uma nova mistura, como a compostagem, e permitem o uso de biodigestores. Já a ação de tratamento térmico é aquela em que os resíduos são transformados pelo calor, como é o caso da incineração.
Destinos
A destinação e a disposição dos detritos também têm alternativas, após os tratamentos. Verônica de Menezes Nascimento Nagata, professora e pesquisadora da Uepa, explica: a disposição consiste no depósito do resíduo sólido que não tem nenhuma forma de aproveitamento, como ocorre nos aterros sanitários. Já a destinação é o conjunto de ações dedicadas à separação, coleta, triagem e processamento desses resíduos sólidos, que podem ser recuperados, reciclados e retornados ao ciclo de produção e consumo. “É o que denominamos de logística reversa de resíduos sólidos. Ainda, os tratamentos dependem do tipo de resíduos", destaca a professora.
Verônica de Menezes exemplifica: se for resíduo orgânico, os tipos de tratamento vão desde a compostagem, passando pela produção de energia como o biogás. Se os resíduos forem metais, plásticos ou papel, podem ser reciclados e combinados (ou não) a outros materiais e serem novamente utilizados para a produção de novos produtos.
"O tratamento e seu processo dependem especificamente do tipo de resíduo e do nível de tecnologia existente. Há determinados tipos de resíduos cuja tecnologia ainda não está acessível em um determinado território, uma Região Metropolitana ou município, por exemplo. Mas ele pode ser coletado e transportado para regiões que façam este tratamento. É o caso de resíduos eletroeletrônicos", explica Verônica de Menezes.
A pesquisadora pontua que o aterro sanitário é uma solução apropriada para a Disposição de resíduos sólidos urbanos. Entretanto, o que acontece é que a capacidade do aterro se esgota devido à má utilização deste tipo de solução. “Ou seja, os resíduos que deveriam ser recuperados, reciclados (destinados) estão parando no aterro sanitário por falta de políticas públicas, ações integradas para estruturar um sistema de logística reversa que consiga desviar os resíduos sólidos passíveis de reciclagem do aterro sanitário e direcioná-los para unidades de tratamento e recuperação destes resíduos. Soluções e tecnologias existem para recuperação/reciclagem dos resíduos, mas faltam ações integradas das entidades públicas destes municípios como também falta buscarem as soluções, tecnologias e conhecimento já existentes nas universidades e instituições de pesquisa”, esclarece.
UFPA realiza trabalho de compostagem
Os Bosques Camillo Vianna, Paulo Cavalcante e Benito Calzavara localizados no Campus Profissional da UFPA , representam o legado dos trotes ecológicos da década de 90. E pelo volume expressivo de frutos existentes tais como : jambo, taperebá, manga , genipapo , ingá , cajú , calabura , açaí , buriti, flores de ipês, jambo e outras espécies , folhas e cascas das árvores como o pau-mulato ou mulateiro , bambú , cachos de açaí oportunizam material para produção de composto orgânico de forma regular e com qualidade.
Gina Barbosa Calzavara é coordenadora do projeto e explica que a partir do composto é possível alimentar o solo dos próprios bosques e da própria cidade universitária com seus inúmeros jardins e espaços de convivência , especialmente o campus da saúde, onde o projeto é situado desde janeiro de 2021 plantando árvores e bougainvilles em homenagem as vítimas da COVID 19.
“Enquanto coordenadora dos bosques sustentáveis da UFPA decidimos que chegou a hora de adotarmos a compostagem de todo o material orgânico existente na área como uma rotina diária de não mais permitir que container levem para o lixão do aurá o que pode ser transformado , através de um trabalho disciplinado e com orientação técnica , em composto orgânico.
Esclarecemos também que são 12 ( doze) anos dedicados a um espaço que representa o esforço coletivo de pessoas visionárias que sabiam que plantar árvores era indispensável para ajudar a defender o meio ambiente”, destaca.
Para os integrantes do projeto, não há nenhum sentido deixar de alimentar o solo do campus com rico material orgânico abundante , e assim ajudar a natureza a se recuperar / fortalecer diante da situação ambiental que enfrentamos na região metropolitana de Belém. O planeta ê um só , precisamos consumir menos e reciclar mais e
boas praticas ambientais precisam ser incorporadas no cotidiano da academia , para que possamos assim dar bons exemplos a serem reproduzidos na sociedade.
Ciclo dos resíduos
A Professora Vanusa Carla Pereira Santos destaca sobre o processo da Economia Circular, o qual o produto é feito com um designer que facilite o seu reaproveitamento. Após seu uso, o que sobra, o resíduo, deve ser reinserido na cadeia produtiva, pela triagem da coleta seletiva (catador), como uma matéria-prima secundária, que será reaproveitado ou transformado num novo produto.
“O que não puder ser reaproveitado, deverá ser encaminhado ao aterro sanitário para uma destinação ambientalmente correta”, destaca.