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Período de chuvas intensas aumenta proliferação de insetos

Medidas como retirada de matos e entulhos ajudam a evitar infestação durante o inverno amazônico

Eduardo Rocha

O professor de Geografia José Raimundo Messias, 61 anos, mora há 30 anos em uma casa na rua Joaquim Nabuco, entre a avenida Nazaré e Governador José Malcher, e convive com o aumento da presença de insetos no período invernoso. "Eu noto que com as chuvas há um aumento de baratas, que saem dos ralos, por causa da água; mosquito sempre tem, mas, nesta época do ano, tem mais", relata. Ele conta observar a presença de cupins.

Ao externar que uma preocupação extra é com relação ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana, seu Messias conta que este ano adquiriu uma raquete elétrica para combater os mosquitos. "Comprei pela primeira vez e vi que funciona", comemora.

O professor conta que os "carapanãs", como chama para esses insetos, costumam aparecer em maior quantidade à noite. "Eu lembro que antigamente técnicos da antiga Sucam iam nas casas, colocavam uma substância nos ralos  paara afugentar os insetos, e isso ajudava muito. Agora, não vejo mais", relembra.

Seu Messias defende que os cidadãos, de uma forma geral, evitem água parada em suas casas e, em especial, em piscinas, como observa, porque esses espaços acabam virando criatórios do Aedes aegypti.

Enfrentamento

A bióloga Ana Lúcia Gutjahr, professora doutora e curadora da Mostra Zoológica da Universidade do Estado do Pará (Uepa), destaca que o aumento da quantidade de insetos, neste período invernoso, ocorre por que as chuvas destroem muitos dos abrigos desses animais, chamados de "insetos sociais", como formigas e cupins, que, portanto, tendem a vir (machos e fêmeas) para a casa das pessoas em busca de um lugar para ficar e fazer novos ninhos. Isso ocorre, em geral, em finais de tardes chuvosas. A revoada de formigas ocorre em geral nas noites escuras, de Lua Nova, atraídas pela luz.

Para afastar os insetos, os cidadãos podem prezar pela limpeza de áreas e entorno de casas, retirada de mato e entulho onde ficam os ninhos. "O Poder Público pode intervir com a limpeza de ruas, de canais, de valas, principalmente nas áreas periféricas, de terrenos baldios ou abandonados, fazer capinas em locais com muita vegetação que possa reunir grande quantidade de locais para servir de criadouros para larvas principalmente do Aedes aegyti", afirma Lúcia Gutjahr. Ela salienta que melhores condições de saneamento gerariam um novo contexto de vida para moradores que não dispoõem desse serviço.

De acordo com a professora, o "fumacê" (aplicação de substância contra insetos em alta escala em locais) não se mostra muito eficaz e pode gerar transtornos à população. Ela ressalta que o Poder Público também pode promover ações de conscientização ao público para os cuidados necessários a suas áreas e evitar recipientes jogados no meio ambiente que podem virar criadouros de mosquitos e a limpeza geral. Os cidadãos e cidadãs devem cuidar da saúde ambiental nesse sentido, como frisa a professora.

Belém