MENU

BUSCA

Pará tem 7 pessoas em 'clube internacional' de pessoas com altas habilidades

São 2,5 mil brasileiros superinteligentes, segundo levantamento da Mensa Brasil. Um deles é o paraense Pedro Jorge, de 7 anos, que mora em Belém.

Eduardo Rocha

Tão importante como apresentar um Quociente de Inteligência (QI) fora do comum, ou seja, com altas habilidades, necessita de atenção para seu desenvolvimento, a começar pela identificação, logo cedo, desse perfil, até porque o Brasil registra 2,5 mil pessoas superinteligentes, das quais sete foram identificadas no Pará. Essa orientação é da associação Mensa Brasil, representante brasileira da Mensa Internacional, principal organização de alto QI do mundo. Na Região Norte, o Pará é de longe o estado com mais pessoas com altas habilidades. A Amazônia Legal registra 38 casos.

Foi justamente esse procedimento que adotaram os pais de Pedro Jorge, de 7 anos, que cursa o 4º ano do Ensino Fundamental, em Belém. "Eu penso em ser professor de Matemática, programador de jogos ou cientista”, resume o menino, ao lado da mãe, a advogada Thays Ataíde. 

Pedro foi identificado com “Alto QI”, que abrange apenas 2% dos brasileiros, pela Mensa Brasil. O garoto, que também tem autismo nível 1, é um dos mais recentes paraenses identificados pela associação, e tem preferência por cálculos matemáticos e idiomas. Seu QI é de 132, quando a média nacional é 98.

“Ele está adiantado um ano na escola; quando tinha pouco mais de um ano, não queria participar das brincadeiras da faixa etária dele, mas já gostava muito de observar livros; com 1 ano e 6 meses, na ‘Turma do Colinho’ (creche), sabia todas as vogais e, aos 2 anos, aprendeu a ler sozinho”, relata Thays.

Aos 3 anos de idade, Pedro se interessava por cálculos complexos, ainda no pré escolar, e, então, a escola avisou aos pais que ele tinha um raciocínio diferenciado e que seria bom fazer uma consulta com um especialista, “A pandemia da covid-19 atrapalhou um pouco, mas consultamos uma neuropsicóloga que atestou altas habilidades, aos 3 anos, e indicou fazer um acompanhamento psicológico, psicopedagógico; aos 6 anos, ele fez segunda avaliação e o laudo foi para a Mensa Brasil, que confirmou as altas habilidades; ele ingressou na Mensa Brasil no final de 2022”, conta Thays Ataíde.

A mãe do menino informa que a Mensa Brasil é uma comunidade para pessoas com altas habilidades, contando com um leque de atividades. “Nós amamos o Pedro Jorge, admiramos muito o que ele é capaz de fazer e nos preparamos para atender as perguntas, a curiosidade, a sede de conhecimento dele. Por isso o apoio da Mensa Brasil é muito importante para nós”, afirma a advogada.

Superinteligentes em idades diferentes

O presidente da Mensa Brasil, Rodrigo Sauaia, explica que a associação atua no país há 21 anos e visa “promover a inteligência como ferramenta estratégica para o desenvolvimento e a evolução da humanidade”. A palavra Mensa significa “mesa”, em latim, em referência à natureza de mesa-redonda da organização, representando a união de iguais, independentemente de características como etnia, cor, credo, nacionalidade, idade, visão política, histórico educacional ou socioeconômico, como destaca Sauaia.

Presente em cerca de 100 países e com aproximadamente 145 mil membros, a Mensa atua para identificar e promover a inteligência humana em benefício da humanidade; estimular pesquisas sobre a natureza, características e usos da inteligência; prover um ambiente intelectual e socialmente estimulante para seus associados.

Para isso, são realizadas atividades específicas. “Por exemplo, temos fóruns de discussão, os chamados SIGs (special interest groups – grupos de interesses especiais), que são grupos de debate e compartilhamento de conhecimento sobre assuntos de interesse dos membros, como ciências, música, artes, esportes, política, economia, investimentos, negócios, jogos, entre diversos outros”, ressalta Rodrigo Sauaia.

O Brasil possui atualmente mais de 2,5 mil brasileiros superinteligentes identificados pela associação. Como diz Sauaia, 300 brasileiros de QI muito acima da média foram admitidos pela instituição antes de completar 18 anos de idade; a primeira criança entrou na associação em setembro de 2006, quando tinha 9 anos; já em setembro de 2011, ingressou na associação um membro ainda mais novo, com 7 anos de idade.

“Do total de superinteligentes identificados pela associação no Brasil, 70% têm entre 19 e 36 anos; as pessoas entre 13 e 18 anos correspondem a 10%, mesmo patamar verificado para a faixa etária entre 37 e 45 anos; apenas 5% possuem mais de 45 anos de idade; uma curiosidade: o membro mais idoso foi identificado pela Mensa Brasil aos 72 anos de idade”, repassa Rodrigo Sauaia. No caso de menores de idade, a associação associa apenas crianças e jovens que foram admitidos a partir dos laudos de quociente de inteligência submetidos pelos pais ou responsáveis.

Critérios

A Associação aplica um critério objetivo para a admissão de novos membros brasileiros: os candidatos devem comprovar que estão entre os 2% maiores resultados de IQ (Intelligence Quotient) da população em geral, a partir de testes padronizados. “Portanto, a Mensa Brasil faz identificação e admissão dos chamados superinteligentes por meio de testes coletivos realizados pela associação ao longo do ano e em diversas cidades do País, bem como recebe laudos de testes oficiais e reconhecidos pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP)”.

As avaliações presenciais são destinadas às pessoas com 17 anos ou mais e que estejam cursando ou que tenham cursado o ensino superior. O local e horário do teste é informado de maneira individual e privada aos inscritos. Os testes são feitos de forma presencial, com o acompanhamento de um profissional de Psicologia.

“Uma criança com alto potencial genético para inteligência, mas que cresça em um ambiente desfavorável, sujeita a má nutrição e sem os estímulos cognitivos e educacionais adequados, pode não conseguir atingir todo o seu potencial de QI”, destaca Rodrigo Sauaia. Então, é estrutural para o desenvolvimento da criança um ambiente com estímulos cognitivos e educacionais, sem que com isso a criança será superdotada.

A melhor forma de compreender o nível de inteligência de uma criança ou adulto é por meio de testes profissionais e especializados. Daí, os  pais ou responsáveis legais procurarem especialistas para investigar corretamente a possibilidade. “Descobrir o alto QI na infância pode contribuir em diversos aspectos para o bom desenvolvimento da vida acadêmica, social e profissional da pessoa”, arremata Sauaia.

Saiba a quantidade de pessoas com alto QI no Brasil (setembro de 2022)

São Paulo - 1.046
Rio de Janeiro - 259
Distrito Federal - 152
Minas Gerais - 150
Paraná - 149
Rio Grande do Sul - 99
Bahia - 67 
Santa Catarina - 63
Goiás - 29
Espírito Santo - 20
Ceará - 20
Pernambuco - 16
Paraíba - 14
Mato Grosso - 14
Rio Grande do Norte - 10
Mato Grosso do Sul - 9
Maranhão - 9
Pará - 7
Alagoas - 7
Tocantins - 4
Sergipe - 3
Amazonas - 3
Piauí - 2
Roraima - 1
Amapá - 1
Rondônia - 0
Acre - 0
 Fonte: Mensa Brasil


Confira alguns sinais de alto QI:

• Raciocínio rápido para resolver problemas.
• Boa memória de longo prazo: capta as informações e as recupera com facilidade quando necessário (lembra-se de nomes ou rostos de pessoas que não vê há muito tempo, datas históricas, imagens, números etc.).
• Boa memória operacional: capta e processa diferentes tipos de informações ao mesmo tempo.
• Consegue diferenciar sons e visualizar detalhes em imagens com muita facilidade.
• Rápida curva de aprendizado, apresentando habilidades avançadas para a sua idade cronológica: crianças que aprendem a ler aos 3 anos ou antes; crianças que conseguem compor uma música sem nunca ter estudado para isso etc.

Podemos incluir também as seguintes características:

• Vocabulário avançado para a sua idade;
• Alfabetização precoce;
• Excelente desempenho em uma ou mais disciplinas em comparação a seus pares;
• Grande interesse por um assunto e especial dedicação a ele;
• Alto grau de curiosidade;
• Criatividade;
• Habilidade para adaptar ou modificar ideias;
• Facilidade em fazer observações perspicazes;
• Persistência ao buscar um objetivo;
• Comportamento que requer pouca orientação do professor;
• Liderança e autoconfiança.
 

Belém