Pacientes com epilepsia precisam tomar cuidados para evitar crises; saiba como funciona o tratamento
Estima-se que ela afeta entre 1% e 2% da população brasileira, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017
Recentemente, muitas produções cinematográficas de sucesso, como a série Stranger Things e o filme Doutor Estranho, por exemplo, contaram com um aviso de efeitos de luz que podem afetar pessoas epiléticas ou fotossensíveis. Caracterizada por convulsões e pela perda da consciência, a epilepsia é uma doença onde ocorre a perturbação da atividade das células nervosas no cérebro, causando alterações no corpo. Estima-se que ela afeta entre 1% e 2% da população brasileira, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017.
Desde que foi diagnosticada com epilepsia, a doutoranda em Comunicação Milene Costa, de 32 anos, viu sua rotina sofrer várias alterações. Entre elas, as principais mudanças foram na alimentação e no sono. Ela conta que deixou de consumir bebidas energéticas, como café e refrigerantes. "Também passei a ficar mais alerta com o que eu sinto, prestar mais atenção no meu corpo, como ele está reagindo, os sinais que ele dá", explica.
Milene já teve várias crises de epilepsia, mas a última foi em dezembro de 2019. Desde então, ela vem fazendo o tratamento para controlar a doença e, todos os dias, precisa tomar três medicamentos de uso controlado. "As minhas crises estão controladas, mas mesmo assim, eu mantenho as medicações, a rotina de exames, de consultas, e vou seguindo desse jeito, para não ter novas crises".
A comunicóloga afirma que sente leves incômodos com luzes fortes, como o brilho da tela do celular, mas nunca chegou a ter uma crise ao assistir televisão ou ir ao cinema. Mesmo sem ter convulsões há quase três anos, Milene conta que sempre orientou as pessoas do seu convívio a como agir frente a uma crise epiléptica, para evitar maiores riscos. "Eu acho importante que todos busquem se informar sobre a epilepsia, o que é a doença, quais são os tipos de crise, como lidar", destaca. "É melhor a gente lutar pela nossa vida do que lutar contra a epilepsia. Eu me aceitei assim e vou tomando os cuidados".
A médica neurologista Jéssica Rocha explica que a epilepsia é caracterizada por crises convulsivas. Porém, para ser diagnosticado com a doença, o paciente precisa ter apresentado pelo menos duas crises na vida, separadas por mais de 24 horas. Além disso, outra forma e diagnosticar é se o paciente tiver uma síndrome epiléptica, e há crianças que já nascem com essa condição.
"O paciente que tem epilepsia precisa tomar o remédio adequadamente, sem pular doses, sem esquecer um dia. E o mais importante é o dia a dia da pessoa. Ela precisa ter uma vida saudável e bem controlada. Não pode fazer uso de álcool, pois é uma substância que pode desencadear uma crise, tem que dormir bem, ter uma boa noite de sono, e tem que fazer atividade física e ter uma alimentação balançeada. Se esses fatores estiverem desregulados, o paciente pode ter uma crise, inclusive infecções respiratórias ou gastrointestinais", destaca a especialista.
A chance de cura é pequena, mas dependendo do tipo de epilepsia a pessoa pode, sim, ficar livre da doença. Geralmente isso acontece quando a epilepsia é causada por síndrome, o que ocorre mais frequentemente em crianças. Nesses casos, se a doença for diagnosticada de forma célere, as chances de cura aumentam. Já as crises causadas por lesões cerebrais, como AVC, tumores, o paciente vai precisar tomar remédios a vida toda.
O tratamento é feito a partir do uso de medicamentos controlados. A dose e frequência do remédio vão depender de cada caso e do tipo de crise que o paciente tem. "Se ele tem uma crise generalizada, que é a que a gente mais conhece, tem alguns medicamentos, e tem outros para crises focais, que são mais leves, mas que precisam ser tratados. Cuidar de uma pessoa com crise é estar sempre atento, alerta. Quem ama a pessoa diagnosticada precisa estar atento se a pessoa está seguindo a medicação. O acompanhante é muito importante, principalmente se o paciente for criança ou idoso", finaliza a neurologista.
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