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Ofício de erveiras do Ver-o-Peso é Patrimônio Cultural Imaterial de Belém

A Câmara Municipal de Belém aprovou, por unanimidade, projeto de lei da Bancada Mulheres Amazônidas que reconhece o ofício das erveiras do Mercado do Ver-o-Peso

Dilson Pimentel

O ofício das erveiras do Mercado do Ver-o-Peso foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Belém. A aprovação do projeto de lei de autoria da Bancada Mulheres Amazônidas (Psol) ocorreu na semana passada (24), pela Câmara Municipal de Belém. Exercido, sobretudo, por mulheres e transmitido de geração para geração por meio da oralidade, o trabalho implica no conhecimento de ativos medicinais presentes em ervas, cascas, raízes e outros elementos presentes na natureza. A erveira Bernadete Freire da Costa, a Beth Cheirosinha, 74, gostou da decisão dos vereadores. “É muito importante. Isso aqui faz parte da nossa cultura paraense. São nossas raízes. É mais do que merecido esse reconhecimento”, afirmou.



 

O ofício é uma exímia expressão das culturas indígenas, negras e ribeirinhas na capital paraense. Exercido, sobretudo, por mulheres e transmitido de geração para geração por meio da oralidade, o ofício implica no conhecimento de ativos medicinais presentes em ervas, cascas, raízes e outros elementos presentes na natureza. Eles são manipulados artesanalmente e se transformam em banhos, óleos, pomadas e perfumes, prescritos para a cura de enfermidades físicas, emocionais e espirituais.

Co-vereadora da bancada propositora do projeto de lei, Gizelle Freitas diz ser "impossível pensar em Belém, no Ver-o-Peso, sem lembrar desse símbolo. É a preservação do nosso saber ancestral afroindígena amazônida”.

Ainda segundo ela, “espanta que ainda não fosse reconhecido como patrimônio imaterial cultural. Agora é usar esse título para lutar por políticas públicas a esse público, ouvir erveiras e saber quais outras demandas elas têm. Que o poder executivo tenha políticas de valorização do ofício de tantos sujeitos sociais que compõem nossa cidade".

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Ela falou sobre a importância das ervas. “É para trazer saúde, alegria, prosperidade e harmonia para o lar”, contou. Cleia afirmou que os clientes também chegam pedindo ervas para curar problemas de saúde. Aí, nesse caso, ela sugere quais ervas devem ser usadas e o modo de prepará-las. Cleia também disse que há ervas para “agoniação”, para afastar o “olho gordo” e para atrair amor.

Homenagens pelo Brasil

Boi Garantido, tradicional agremiação que desfila no Festival Folclórico de Parintins, do Amazonas, homenageou as erveiras em 2019, com especial menção à Dona Coló, uma das mais antigas e reconhecidas erveiras do mercado.

O boi foi vitorioso no concurso. Em 2021, a Prefeitura de Belém também homenageou Dona Coló, com a comenda Francisco Caldeira Castelo Branco, a mais importante do município. Com a saúde debilitada, conta com as filhas para dar continuidade às suas práticas e ao comércio na feira, que foi antecedido pela formação de mateira - aprendendo a reconhecer as plantas, capturá-las e mesmo cultivá-las.

Belém