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VÍDEO: Atitude de psiquiatra que expulsou autista de consultório deixa sequelas, diz mãe da criança

O caso aconteceu na última sexta-feira, 24, e imagens do fato viralizaram nas redes sociais, gerando indignação no público

O Liberal

Na última sexta-feira, 24, imagens de uma mãe e seu filho sendo expulsos de um consultório por um psiquiatra, identificado como Dennys Ranieri, em Belém, viralizaram nas redes sociais. A pedagoga Tayse Botelho é a mulher que aparece, ao lado do filho, Thiago Silva, de seis anos de idade, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). A atitude do médico registrada no vídeo, que gerou revolta entre os internautas, deixou sequelas na criança, diz Tayse. A conduta do médico é investigada em sigilo pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM). Até o momento, a redação integrada de O Liberal não conseguiu contato com o médico ou sua defesa.


Em entrevista à reportagem, Tayse Botelho conta que era a primeira vez que o filho se consultava com Dennys Ranieri, pois teve a consulta psiquiátrica encaminhada pelo plano de saúde para este médico depois que a família não conseguiu vaga na agenda de outro profissional. Segundo Tayse, a forma como o médico os tratou naquele episódio afetou seu filho:

"Meu filho desde sexta-feira está choroso, tem chorado várias vezes durante o dia, quer ficar isolado, fica falando pra mim que não é pra brigar com ele. Ele diz que está triste, risca todos os desenhos dele e ele não tinha esse comportamento. É visível que a agressão que ele teve lá o afetou e está refletindo na parte psicológica do meu filho", relata.

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Tayse conta que ela e a família moram em Mosqueiro e vieram a Belém apenas para a consulta de Thiago. Ela afirma que o menino, que ainda não tem o grau de autismo definido, mas está entre os níveis de suporte 2 e 3 (moderado e severo, respectivamente), estava bem durante todo o momento em que esperavam pela consulta, antes de o médico chegar.

"Quando chegamos na clínica - eu, meu filho mais velho e o Thiago - aguardamos o médico chegar. O Thiago estava tranquilo, brincando com a massinha. Quando o médico chegou, alguns minutos depois, a secretária chamou o Thiago. No momento de entrar no consultório, de fechar a porta, o Thiago não queria ficar dentro da sala com a porta fechada e pediu para sair. Eu percebi que o médico não gostou muito", conta Tayse.

A mãe do menino lembra que, em determinado momento, o médico chamou a secretária ao consultório e foi quando a porta da sala foi aberta e, novamente, o menino manifestou a vontade de sair.

"Quando ele começou a chorar pedindo para sair foi o momento em que o médico gritou com ele e disse 'ei, cara, te contém, te controla', gritando. E aí eu disse, 'doutor, não precisa gritar', falando em tom baixo, porque eu sabia que aquele ato dele ia desencadear uma desorganização na parte sensorial do Thiago e causar a crise. O Thiago começou a apresentar uma rigidez e a ter a crise", afirma a mãe do menino.

Tayse conta que, desde então, o médico agiu de forma bruta com a família: "O médico a todo instante mandava ele [Thiago] parar com aquilo, parar de chorar, para ele se controlar. Aí o Thiago começou a se morder, se jogar contra a parede, o irmão dele tentando ajudar a controlá-lo, até que ele [Thiago] acabou jogando a massinha de modelar e acertou o médico, que é o que ele fala que o Thiago o agrediu".

Foi após este momento que, segundo Tayse, o médico a destratou chamando um palavrão e, então, outras pessoas na sala de espera começaram a gravar áudios e vídeos da situação. "Ele continuou a gritar. Era uma atitude inaceitável para um especialista. Ele disse 'podem sair daqui, agora, que eu não vou atender vocês. Ele é uma ameaça pra mim, ele me agrediu'. Ele, como um psiquiatra, um especialista, sabe que ele não pode tomar essa atitude", diz a mãe do autista.

Tayse conta que registrou um Boletim de Ocorrência (BO) sobre o caso e que tem tomado as providências cabíveis, junto com a advogada, em busca de justiça. "Um total desrespeito da parte de alguém que se diz profissional. Ele foi desumano, desrespeitoso", ela afirma.

Ainda na sexta-feira, o CRM publicou uma nota dizendo que tomou conhecimento sobre o caso através da imprensa e que devem apurar os fatos do ocorrido. A investigação segue em sigilo devido ao código de processo ético-profissional.

O espaço segue aberto para a manifestação dos citados nesta matéria.

Belém