Mais de 22 mil moradores do entorno do canal da Mundurucus serão alcançados com as obras de reconstrução do complexo. A estimativa é da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (SEDOP), responsável pelo processo. A ação possui uma extensão de quase 700 metros e faz parte do projeto de canalização da Bacia do Tucunduba, que já dura mais de 40 anos. A previsão é que a conclusão desta fase seja em janeiro de 2024. Quem reside na área não vê a hora de melhorias, maior qualidade de vida e valorização de uma das principais vias do centro de Belém.
Historicamente, o canal da Mundurucus acumula o descarte irregular de entulhos, animais mortos e o constante mau cheiro vindo desses materiais. O problema é agravado quando o lixo espalhado pelo ponto impede o escoamento da água e as fortes chuvas, costumeiras na capital, intensificam o volume, fazendo os entornos ficarem em situação de alagamento. Os moradores do local falam que muitas casas já foram afetadas.
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O projeto realizado pela Sedop visa a correção desses fatores e conta com troca de solo da rua esquerda do canal, o desenvolvimento urbanístico, econômico e ambiental com a recuperação de áreas degradadas fazem parte das atividades, junto com a diminuição da possibilidade de enchentes com a condução hidráulica de águas pluviais e residuais. Serviços de revestimento em placas de concreto, sistema de abastecimento de água, paisagismo, ponte e passarelas também fazem parte dos planos.
Os desgastes naturais ocorridos e a deterioração fazem parte da trajetória do local. Para isso, engenheiros e técnicos da Ssedop avaliam como fazer a execução sem irregularidades. João Jorge Marques, aposentado de 59 anos, reside desde 1992 na região e já presenciou as diversas fases que o canal passou. Para ele, a expectativa é que as obras tragam alívio. “As vezes enche e a maior dificuldade é que as pessoas jogam lixo dentro, ocasionando o entupimento. Já nos deparamos diversas vezes com animais mortos, é um cheiro insuportável. Estamos esperando há mais de 30 anos por melhorias”, comenta.
O aposentado possui uma venda de produtos diversos e acredita que a área será valorizada quando as obras forem concluídas, o que traz benefícios para todos. “A gente tá no centro da cidade, a Mundurucus é uma via que corta Belém praticamente de ponta a ponta, chegando na Terra Firme. Vai ser muito bom, aqui tem como escoar muito bem o fluxo de carros, a gente vê que isso aqui é uma necessidade muito grande”, destaca João.
O canal da Mundurucus faz parte da Bacia do Tucunduba, zona de 10,55 km² que junta as bacias do Murucutu, Una e Estrada Nova, de acordo com informações da Sedop. As obras envolvem, ainda, esgotamento sanitário e urbanização. “Já teve grande mudança, antigamente era só ponte, a trafegabilidade não existia aqui, era só de canoa. Estamos vendo o progresso chegando onde você mora e isso vai valorizar muito bem o imóvel, vai trazer um benefício muito grande”, relembra o aposentado.
Esperança
O sentimento de Kairon Melo, de 47 anos, e dos demais moradores do entorno do canal é de melhoria e esperança. O autônomo conta que, no início de 2019, uma manifestação chegou a ser feita para cobrar as mudanças. “Sofríamos, isso é natural desde quando eu vim pra cá. Esse entulho, mau cheiro, lixo. A manifestação foi para que eles viessem iniciar esse trabalho, a gente sentia que estava ficando por último”, diz.
Kairon reside na área desde 1982 e afirma que as obras só vêm para contribuir com a comunidade. “Acredito que ela seja entregue dentro de dois anos. Vamos ter aí uma rua boa pra gente andar, asfaltada, tudo bem pavimentado, ambiente limpo. É isso que a gente espera”, finaliza Kairon.