O paraíso é logo ali: do outro lado do rio

Ribeirinhos falam da simplicidade, carinho e cuidado com a Ilha do Combu

Portal ORM*
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Já imaginou acordar no meio de um paraíso aconchegante e repleto de simplicidade? É desse jeito que os moradores, ribeirinhos da Ilha do Combu se sentem todos os dias. A rotina de trabalho chama a atenção para diversos costumes bem peculiares, desde sair de casa de canoa (barco de pequeno porte, sem o uso de motor), como a prática da pesca e da colheita de cacau e açaí, que são feitos ali mesmo, no quintal.
 
 
Nem dá pra perceber, mas todo esse trabalho, que tem a produção escoada pelo rio, em rabetas, divide espaço com outros barcos cheios de visitantes e turistas, que entram pelos furos fluviais da ilha. É um espetáculo particular. Não tem como não se admirar com tantas opões. Há quem diga que esse entra e sai de gente veio para melhorar e dar visibilidade as pessoas que moram ali. Como Alcelino Costa, de 90 anos, que nasceu e criou seus filhos no Combu. Ele conta que apesar de ter morado em Belém durante um tempo, sempre preferiu a ilha. “Aqui é mais tranquilo. Temos tudo. Não precisamos sair daqui pra ter o que comer. Apesar das dificuldades, a ilha que me dá vitalidade para seguir adiante”, garantiu.
 
 
Ele comentou também que adora ver visitantes passando e repassando pelas águas. "Eu acho a movimentação boa. Fico besta de ver as pessoas se divertindo tanto. Foi isso que melhorou a nossa vida, e eu acho que tem que continuar”, acrescentou.
 
 
Marcelo Silva, apanhador de açaí, aproveitou para ressaltar a importância do trabalho para as famílias. "Minha esposa trabalha em um dos restaurantes do Combu, bem perto de casa. Eu criei meu filho com a colheita de açaí esse tempo todo, e agora, com essa oportunidade, ela também ajuda nas despesas de casa", disse.
 
 
E por falar nisso: toda a oportunidade é bem vinda! A agricultora Izete dos Santos Costa, mais conhecida como Dona Nena, de 53 anos que o diga. Ela cresceu na Ilha, lugar que considera um paraíso. A moradora também gosta do fluxo de pessoas, especialmente pela geração de renda e empregos para a comunidade. “É daqui que a gente tira nosso sustento. É muito bom viver no Combu e lutar pela preservação dessa região. Só precisamos de mais respeito, pois estamos em uma Área de Proteção Ambiental (APA) e precisamos desse meio. Se degradarmos, não teremos mais nada”, alertou.
 
 
Para Dona Nena, uma das dificuldades é a conscientização pela redução da velocidade com que os barcos e lanchas que trafegam no Rio Guamá, pois o excesso de movimentação nas águas pode causar erosões na ilha. Mas ela garante que já existe uma parceria entre moradores e barqueiros, que incentivam essa prática. As lanchas particulares, no entanto, ainda não participam do acordo, mas ela acredita que a mobilização chegará as outras pessoas.
 
Na rabeta
 
- A ilha fica localizada a 1,5 km ao sul de Belém, ainda pertencendo ao município;
 
- O turismo emprega boa parte da população local;
 
- De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Ilha do Combu possui 305 domicílios e cerca de mil moradores;
 
- Com a produção 100% natural, a produção de cacau ficou conhecida mundialmente e comercializa chocolates que variam de R$3 a R$20.
 
 
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*Equipe de produção da série:
Reportagens: Vanessa Fortes, Elisa Vaz** e Vanessa Van Rooijen.
Edição/supervisão**: Kenny Teixeira
Imagens/drone: Akira Onuma
Fotos: Ivan Duarte
Edição de vídeo: Jefferson Lima
Matéria em áudio: Celso Freire
 
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Belém
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