Ator de Belém conta como é dar vida ao Papai Noel há 14 anos
De pedidos peculiares a Natais longe da família, a experiência vai além do que muitas pessoas imaginam
De pedidos peculiares a Natais longe da família, a experiência vai além do que muitas pessoas imaginam
Quando dezembro começa, um personagem icônico da cultura popular também aparece: o Papai Noel. Nas ruas, nos shoppings, nos bairros, nas casas, o Bom Velhinho vem para cumprir o seu papel de levar alegria para muitas pessoas. Em Belém, o ator Rodrigo Pimentel vive esse personagem há 14 anos e fala da preparação, dos desafios e dos prazeres de encarnar o Papai Noel.
O Papai Noel chegou em 2010 na vida do ator, formado em Teatro pela Universidade Federal do Pará (UFPA), a partir de um convite para um evento natalino para uma emissora de televisão e, desde então, ano a ano faz parte da sua vida.
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Apesar do desafio, Rodrigo não considera algo desagradável:
"O nosso trabalho artístico já propõe essas coisas. Normalmente a gente já tem que ficar se modificando, como os grandes atores que emagrecem muito ou engordam por causa de um personagem. Então é uma demanda do trabalho. E ver o quanto essa caracterização fica fiel é uma satisfação para o artista. É uma conquista".
Como professor e profissional com experiência em eventos infantis, Rodrigo diz que uma das ênfases em dar vida ao Papai Noel é perceber a magia do Natal a partir da interação com as crianças: "Com certeza é mágico, porque o Papai Noel é um personagem que aparece em uma única época durante o ano inteiro. É uma expectativa muito grande das crianças em ver e falar com ele, principalmente pela mística de que você pode fazer um pedido para ele de que você pode confessar algumas coisas suas para o Papai Noel".
Como Papai Noel, Rodrigo já ouviu muitas histórias, pedidos peculiares e viveu experiências que jamais imaginou que o papel poderia lhe proporcionar. Ele lembra duas situações em especial: "Teve uma criança que foi até mim num shopping e disse que o presente de Natal dela seria que o pai dela voltasse para casa. É bem difícil, porque você está ali na expectativa de receber as pessoas com o máximo de alegria e a criança vem e faz um pedido desses. Eu me emociono até agora".
"E teve outra situação que foi um agradecimento. Uma mulher adulta foi até mim e agradeceu porque, no ano anterior, ela esteve no mesmo shopping com o irmão dela, que estava muito doente, e participou de um cortejo com o Papai Noel. Mesmo doente, ele levantou, foi até mim e me deu um abraço. De um ano para o outro, ele faleceu. E aí essa mulher voltou até mim, no outro ano, para agradecer porque aquela visita ao Papai Noel foi um dos últimos momentos felizes do irmão dela. Ele estava radiante".
Nem tudo é magia para o Bom Velhinho. Rodrigo conta que todos os anos repensa se vai ou não continuar encarnando o Papai Noel. O motivo: passar o Natal longe da família. "Todo dia 24 de dezembro a gente faz entrega de presentes. Então, por muitos anos, eu passei o Natal trabalhando, longe da minha família. Teve um ano que eu decidi não fazer o Papai Noel para poder estar em casa. Então é algo que eu penso muito".
Independente disso, Rodrigo afirma que se empolga porque ama o que faz: "Eu tenho certeza que nasci para trabalhar com arte, com teatro, com eventos. Gosto muito de fazer isso, é o que me faz acordar todos os dias, é o que me impulsiona".