Ator de Belém conta como é dar vida ao Papai Noel há 14 anos
De pedidos peculiares a Natais longe da família, a experiência vai além do que muitas pessoas imaginam
Quando dezembro começa, um personagem icônico da cultura popular também aparece: o Papai Noel. Nas ruas, nos shoppings, nos bairros, nas casas, o Bom Velhinho vem para cumprir o seu papel de levar alegria para muitas pessoas. Em Belém, o ator Rodrigo Pimentel vive esse personagem há 14 anos e fala da preparação, dos desafios e dos prazeres de encarnar o Papai Noel.
O Papai Noel chegou em 2010 na vida do ator, formado em Teatro pela Universidade Federal do Pará (UFPA), a partir de um convite para um evento natalino para uma emissora de televisão e, desde então, ano a ano faz parte da sua vida.
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Rodrigo tem 38 anos e, apesar de estar longe de ser idoso, encarna o Bom Velhinho graças a um calculado processo de caracterização. Ele começa a se preparar a partir do segundo semestre de cada ano, tomando cuidado, principalmente, com a barba, que é um elemento natural do seu figurino:
"A minha barba é descolorida. Às vezes, dependendo do trabalho, eu tenho que descolorir o cabelo também. Mas, quando eu sei que vou usar o gorro o tempo todo, eu faço a descoloração só na barba mesmo, que aí facilita também quando eu vou fazer outros eventos", comenta.
Por causa da barba, é como se Rodrigo nunca deixasse completamente o Papai Noel ao longo do ano. Até mesmo a descaracterização tem que ser calculada: "Uma vez eu raspei a barba e percebi que, no fim do ano, não ficou tão bom, então geralmente apenas aparo, pinto na minha cor natural e tento cuidar dela o ano inteiro, porque esse processo de descoloração ele danifica muito".
Apesar do desafio, Rodrigo não considera algo desagradável:
"O nosso trabalho artístico já propõe essas coisas. Normalmente a gente já tem que ficar se modificando, como os grandes atores que emagrecem muito ou engordam por causa de um personagem. Então é uma demanda do trabalho. E ver o quanto essa caracterização fica fiel é uma satisfação para o artista. É uma conquista".
Encarnando a magia do Natal
Como professor e profissional com experiência em eventos infantis, Rodrigo diz que uma das ênfases em dar vida ao Papai Noel é perceber a magia do Natal a partir da interação com as crianças: "Com certeza é mágico, porque o Papai Noel é um personagem que aparece em uma única época durante o ano inteiro. É uma expectativa muito grande das crianças em ver e falar com ele, principalmente pela mística de que você pode fazer um pedido para ele de que você pode confessar algumas coisas suas para o Papai Noel".
Como Papai Noel, Rodrigo já ouviu muitas histórias, pedidos peculiares e viveu experiências que jamais imaginou que o papel poderia lhe proporcionar. Ele lembra duas situações em especial: "Teve uma criança que foi até mim num shopping e disse que o presente de Natal dela seria que o pai dela voltasse para casa. É bem difícil, porque você está ali na expectativa de receber as pessoas com o máximo de alegria e a criança vem e faz um pedido desses. Eu me emociono até agora".
"E teve outra situação que foi um agradecimento. Uma mulher adulta foi até mim e agradeceu porque, no ano anterior, ela esteve no mesmo shopping com o irmão dela, que estava muito doente, e participou de um cortejo com o Papai Noel. Mesmo doente, ele levantou, foi até mim e me deu um abraço. De um ano para o outro, ele faleceu. E aí essa mulher voltou até mim, no outro ano, para agradecer porque aquela visita ao Papai Noel foi um dos últimos momentos felizes do irmão dela. Ele estava radiante".
Papai Noel sem Natal
Nem tudo é magia para o Bom Velhinho. Rodrigo conta que todos os anos repensa se vai ou não continuar encarnando o Papai Noel. O motivo: passar o Natal longe da família. "Todo dia 24 de dezembro a gente faz entrega de presentes. Então, por muitos anos, eu passei o Natal trabalhando, longe da minha família. Teve um ano que eu decidi não fazer o Papai Noel para poder estar em casa. Então é algo que eu penso muito".
Independente disso, Rodrigo afirma que se empolga porque ama o que faz: "Eu tenho certeza que nasci para trabalhar com arte, com teatro, com eventos. Gosto muito de fazer isso, é o que me faz acordar todos os dias, é o que me impulsiona".
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