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Museu Goeldi recebe de volta obra rara furtada: 'levaram só o miolo e deixaram a capa', diz curadora

Livro passará por 'quarentena' para voltar a fazer parte do acervo

Camila Guimarães

A obra rara "Delectus Florae et Faunae Brasiliensis", furtada há 16 anos, retornou nesta terça-feira (23), ao Museu Paraense Emílio Goeldi. Avaliada em R$120 mil, ela foi escrita pelo botânico, zoólogo e entomólogo austro-húngaro-alemão, Johann Christian Mikan (1769-1844) e apresenta um dos mais ricos registros da fauna e da flora brasileiras publicados no século XIX. Segundo a curadoria do museu, quando a obra foi furtada, levaram apenas o miolo e deixaram para trás a capa do exemplar.

Trata-se de um livro do século XIX escrito pelo botânico, zoólogo e entomólogo austro-húngaro-alemão, Johann Christian Mikan (1769-1844), que foi publicado em quatro partes durante os anos 1820-1825. Johann Christian Mikan foi professor de história natural na Universidade de Praga e um dos naturalistas líderes da Expedição Austríaca ao Brasil, que acompanhou a princesa Leopoldina em sua jornada para o Brasil, após seu casamento com o príncipe regente D. Pedro I.

Segundo a curadora da Coleção de Obras Raras do Museu Goeldi, Berenice Bacelar, o carimbo da instituição foi o sinal que permitiu identificar a obra uma vez que a capa do exemplar foi removida durante o furto:

"Os carimbos secos institucionais não são apagados através de uma lavagem química, como o nosso registro feito a lápis, no nosso sistema de bases de dados. E foi trocado a capa também. Quando a obra foi furtada, foi cortada a capa e foi levado só o miolo do livro", comenta Berenice Bacelar.

Para a curadora, é um grande alívio que a obra tenha voltado ao Museu e, agora, ela deve passar por cuidados técnicos para voltar a integrar o acervo: "É gratificante porque havia um buraco no acervo. Aí, quando ela retorna, ela tem que passar por um período de quarentena e a gente vai refazer a história dela para contar o que aconteceu, como era antes, o que mudou com o exemplar que a gente está recebendo. Aí, vai contar toda a história, essa história que vocês estão vendo aqui, vai continuar dentro do próprio livro, nos nossos inventários".

Furto do exemplar motivou mudanças na segurança do acervo

Depois que a obra rara "Delectus Florae et Faunae Brasiliensis" foi furtada, em 2008, o Museu Emílio Goeldi realizou uma série de investimentos em segurança para proteger o acervo, conforme relata o chefe da biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, Rodrigo Paiva:

"Após 2008, tivemos alguns investimentos sobretudo em ciência, tecnologia e inovação para trabalhar a preservação do material em si, como controle de umidade, temperatura e, principalmente, controle de acesso. Temos uma sala-cofre com biometria, senha, filmagem, portas de rolar, e esse investimento começou a partir desse furto. No ano de 2017 a gente teve a inauguração dessa sala-cofre, que serve para que as obras sejam salvaguardadas. É um local que precisa de autorização para o acesso. A pessoa precisa entrar em contato conosco, é preciso justificar a pesquisa. Não pode ser filmado, apenas fotografado e tem todo um regulamento para fazer a consulta".

Belém