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Movimento 'Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30' é lançado na UFPA

Evento é o primeiro de vários que devem ser realizados para adensar os debates sobre mudanças climáticas até a COP, em novembro

Gabriel da Mota
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A Universidade Federal do Pará (UFPA) deu início, nesta quarta-feira (5), ao movimento 'Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30', uma iniciativa que visa reunir instituições acadêmicas, pesquisadores e lideranças tradicionais para discutir as mudanças climáticas e suas implicações para a região amazônica. O evento foi aberto às 10h no auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes (CEBN) e seguiu pela tarde, incluindo paineis e um pronunciamento da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, direto de Brasília. Segundo os organizadores, este é o primeiro de uma série de debates que a universidade planeja realizar até a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), marcada para novembro em Belém.

O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, destacou que a proposta central é consolidar a universidade como um "grande laboratório para pensar as questões do clima e ambientais". Segundo ele, a instituição possui uma longa trajetória de pesquisas na área, envolvendo institutos como o Naea, o Numa e o Instituto de Ciências Biológicas.

"Queremos trazer todo mundo para essa tradição, as universidades públicas, privadas, os institutos de pesquisa, como o Museu Goeldi. Nossa tarefa é construir esse espaço de discussão", afirmou.

image Alexandre Brasil representou o ministro da Educação, Camilo Santana (Wagner Santana / O Liberal)

O evento também contou com a participação do secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Alexandre Brasil, que ressaltou o protagonismo da UFPA e de outras universidades federais da Amazônia nos debates sobre mudanças climáticas. "A reflexão sobre a realidade climática, dos povos tradicionais e da população mundial precisa ouvir a ciência feita na Amazônia", disse. Ele também destacou que o MEC vem investindo em infraestrutura e permanência estudantil para fortalecer as instituições da região.

O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), José Daniel Diniz Melo, enfatizou a importância da parceria entre as universidades para uma participação efetiva na COP 30. "As universidades públicas produzem mais de 90% da pesquisa científica do Brasil. Nossa participação em um tema tão relevante é fundamental", disse. Ele também ressaltou que as universidades da região Norte estão envolvidas e foram convidadas para a construção desse debate.

image O professor Everaldo Sousa atua em pesquisas na UFPA sobre eventos climáticos extremos (Wagner Santana / O Liberal)

O pesquisador Everaldo Souza, do Instituto de Geociências da UFPA, alertou para a gravidade dos eventos climáticos extremos, como enchentes e estiagens, e destacou o papel da pesquisa na previsão e minimização dos impactos. "Muito se falava em eventos extremos em 2050, mas 2050 já é agora", afirmou. Segundo ele, as pesquisas da UFPA têm identificado quais municípios estão mais vulneráveis a esses fenômenos, o que é essencial para o planejamento de políticas públicas eficazes.

Indígenas e quilombolas

Vozes dos povos tradicionais também estiveram presentes no evento. A representante da Cúpula dos Povos, Iyanifa Ghys Oiyrete, reforçou a necessidade de uma "transição justa", que não apenas minimize os impactos das mudanças climáticas, mas também reconheça os saberes ancestrais. "É preciso virar a chave do modo de produção de vida, porque é altamente destrutivo", afirmou. Ela defendeu maior reconhecimento dos saberes dos povos quilombolas e indígenas na atual formulação de políticas ambientais no Brasil.

image Abertura do evento contou com falas de representantes dos povos tradicionais (Wagner Santana / O Liberal)

O cacique Odair José Alves de Sousa, líder do povo Borari-Arapiun, espera que a COP 30 ajude na criação de uma política de sustentabilidade para os povos indígenas. "Uma política sem degradar o meio ambiente, deixar a floresta em pé porque, hoje, quem faz proteção, prevenção e monitoramento dos territórios é a população indígena e quilombola, os verdadeiros protetores da floresta", disse.

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