Morre a jornalista e ativista negra Helaine Martins
Formada em jornalismo pela Universidade Federal do Pará, ela trabalhou com comunicação organizacional em assessorias de empresas e órgãos governamentais
A jornalista e editora Helaine Martins faleceu aos 41 anos, na tarde do último sábado (3), após uma parada cardiorrespiratória. A profissional passou mal e faleceu na mesma tarde. Helaine se tornou conhecida pelos trabalhos na busca de um jornalismo mais plural e pela militância feminista e negra. Entre os projetos em que atuou estão “Entreviste um Negro”, fundado em 2005, com parceria entre ela e o veículo Mundo Negro, que estimula a escolha de profissionais negros como fontes de pautas diversas independente do assunto e do tema.
Entre os projetos de Helaine, estava o “Expresso na Perifa”, hub de conteúdo multimídia resultado da parceria entre o jornal Estadão e a 99, empresa de tecnologia ligada à mobilidade. O Expresso na Perifa tem como foco adaptar conteúdo e linguagem à cultura de quem vive na periferia em conjunto com coletivos.
Helaine formou-se em jornalismo em 2003 pela Universidade Federal do Pará. Um de seus estágios ainda como acadêmica foi na redação de O Liberal, para o extinto portal ORM. Trabalhou com comunicação organizacional em assessorias de empresas e órgãos governamentais. Em 2003, mudou-se para São Paulo, onde passou a atuar como freelancer e produtora de conteúdos com impacto social. Ela também trabalhou em projetos para empresas como TAM, Petrobrás e Pepsico.
A jornalista fez em 2014, seguindo seu interesse em estudos sobre feminismo e questões raciais, pós-graduação em Cultura, Educação e Relações Étnico-Raciais, na ECA/USP. Foi na pós-graduação que surgiu a ideia dos principais projetos: Entrevista um Negro e Idánimo. Helaine ainda escreveu três livros, sendo um deles como participante da coletânea “Eu amo correr”, da série “Eu amo…", da editora Mol.
O ex-titular da Secretaria de Comunicação do governo Ana Júlia, Fábio Castro, que também foi professor de Helaine, o jornalismo paraense perde uma referência. “Uma característica importante dela desde sempre era a militância no direito social, isso de destacava nela. Helaine sempre foi muito corajosa e muito presente, tanto na militância negra, quanto na feminina, ela era muito notável, uma referência”, destacou.
Para a amiga a jornalista Dani Franco, é difícil assimilar uma perda tão nova. “Foi um baque receber a notícia sobre ela. Ela fez aniversário em maio, 41 anos, e tinha muitos projetos e esperança. É bem difícil a gente assimilar que a pessoa está aqui e depois não está mais”, disse.
Em nota, o Sindicato de Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor-PA) lamentou a morte da jornalista Helaine Martins que lutou por uma comunicação antirracista, antissexista, periférica, mais inclusiva e diversa. “Sua partida é uma perda enorme porque o impacto de sua existência e de sua luta alcançou diversas áreas, mas acreditamos que seu legado será amplificado por todas as pessoas que foram tocadas pelas suas ações e palavras”, declarou a entidade.