Moradores de Ananindeua amargam os prejuízos causados pela chuva da última quarta (22)
De danos parciais a perda total, danos atingiram diversas famílias
De danos parciais a perda total, danos atingiram diversas famílias
A chuva e a ventania da última quarta-feira, 22, causaram diversos prejuízos a moradores de Ananindeua, na Grande Belém. Em poucos minutos de precipitação, dezenas de casas sofreram danos, desde os mais leves a danos estruturais. Segundo um balanço parcial divulgado pelo município, só na Cidade Nova VI, entre as WE 84 e 86, 14 imóveis foram danificados. Nesta quinta-feira, 23, os afetados ainda tinham que arcar com os prejuízos.
Na Cidade Nova VI, na travessa WE 83, uma casa foi totalmente destruída pelo temporal da última quarta-feira (22). A moradora do local, a dona de casa Thaís Reis Borges, de 28 anos, conta que estava dentro do imóvel com as duas filhas de cinco anos de idade quando tudo começou.
Por lá, a chuva teve início entre 14h e 15h. Thaís estava terminando algumas tarefas domésticas na área da cozinha enquanto as filhas aguardavam na cama, no quarto. Ela lembra que, ao se aproximar das filhas para fazê-las dormir, foi surpreendida por um clarão - resultado imediato do telhado que era arrancado pelo vento.
"Até então parecia que era uma chuva normal, como todo dia chove e depois passa. Mas aí a chuva foi ficando cada vez mais forte e com uma ventania tão forte que dava para ouvir o barulho. Quando eu escutei um barulho vindo das outras casas, eu me aproximei das minhas filhas. Foi quando eu vi um clarão, do vento levando o telhado. Eu só me joguei por cima delas, para proteger elas, e só senti as coisas caindo e passando por cima de mim. Era tijolo, pedaço de telha...", relata a moradora.
Thaís detalha que uma cortina de proteção na parte da frente da casa foi arrancada e, com isso, mais vento começou a entrar no imóvel. Todos os objetos mais leves foram arremeçados pela ventania. A água da chuva também entrou por toda a casa, aumentando a sensação de pânico.
"Eu comecei a gritar por ajuda, veio uma vizinha nos acudir e me ajudou a sair com elas [as filhas de Thaís]. Quando saímos aqui pelo portão, um cabo de energia geral se rompeu e caiu bem no portão. Eu corri com elas no meio da rua e as coisas voando... Os vizinhos correram pra cá porque estava escapando gás, vários aparelhos ligados na tomada. Um vizinho levou choque ao tirar a televisão".
Pouco depois do início do temporal, Thaís relata que o tempo se acalmou subitamente e voltou a fazer sol. Entretanto, nada era mais como antes: "foi perda total", ela lamenta. "Desde a estrutura da casa, porque ficou algumas rachaduras pela casa, a estrutura do telhado também, os móveis ficaram encharcados", conta a moradora, que conta que deve receber assistência pelo programa Morar Bem, coordenado pela Secretaria Municipal de Habitação (Sehab).
Na paróquia São Vicente de Paulo, no conjunto Paar, bairro do Maguari, todo o salão paroquial, construído atrás do templo principal da igreja, foi destelhado pela força do vento. Nas imagens, registradas por uma câmera de monitoramento, o momento exato em que as telhas saem voando impressionam, como se elas simplesmente 'descolassem' da estrutura de madeira, e fossem sopradas para longe.
O padre responsável pela paróquia, Demison Batista, conta que a chuva aconteceu por volta das 16h. De dentro da sala paroquial, ele chegou a ouvir um barulho muito alto, mas só saiu para ver o que poderia ter sido depois que a chuva parou: "quando saímos aqui fora, vimos a dimensão do estrago. Sempre acontece de dar vento bem forte aqui na região, mas dessa forma eu nunca vi", comenta.
O local de onde voou o telhado é um salão para realização de eventos da igreja. Até então, a congregação já havia gastado cerca de 90 mil reais com a construção do local. A etapa do telhado em si havia ficado pronta há apenas quatro meses.
Sem dinheiro para refazer o que foi levado pelo vento, a igreja passou a receber doações. Nesta quinta-feira, um grupo de voluntários trabalhava na reconstrução do telhado, a partir de materiais arrecadados. "Ainda vão faltar cerca de 40 telhas. Mas nós esperamos que vamos conseguir", comentou o pároco.
Além do prejuízo local, padre Demison também apontou as consequências para a vizinhança: "nós tivemos uma série de prejuízos, mas não só para nós. Os vizinhos aqui do lado também. Muitas das telhas que voaram daqui atingiram outras casas, mas nós prestamos assistência para eles, compartilhando alguns materiais da nossa própria reforma", ele disse.
O autônomo Márcio Viana, de 32 anos de idade, também foi um dos afetados pela chuva. Ele mora na travessa WE 84, na Cidade Nova VI, há cerca de cinco anos e teve parte do telhado de casa arrancado pela ventania. No momento, ele estava sozinho com o filho de um ano e dois meses.
"Começou com uma chuva pequena, mas depois ficou muito forte. Teve um estrondo tremendo. Eu tinha conseguido fazer meu filho dormir e tinha acabado dormindo com ele. Esse barulho nos acordou e as telhas começaram a cair lá pra dentro".
Parte do telhado da casa caiu para dentro do imóvel, mas não chegaram a atingir pai e filho. A maior parte do destelhamento foi da parte que cobre o pátio da casa, onde os prejuízos também poderiam ter sido altos:
"O meu caminhão de frete que fica aqui estacionado, graças a Deus também não chegou a cair nada em cima dele, então o prejuízo poderia ter sido muito maior", comenta Márcio.
Ele diz que partes do telhado dele chegaram a atingir casas vizinhas. Desde então, ele vários outros moradores passaram a tentar solucionar os prejuízos: "tive que chamar um rapaz para fechar o buraco de dentro de casa ainda ontem mesmo, para não dormir descoberto. E, agora é, aos poucos, arrumar o que ficou do lado de fora".
A redação integrada de O Liberal acionou a prefeitura de Ananindeua e aguarda o retorno.