"Mochileiro" que percorre o País vem ao Pará a passeio e se rende aos encantos da terra
O que era para ser uma visita de duas semanas acabou se tornando, como ele mesmo diz, "uma linda história de amor"
A letra da música do mestre Pinduca já avisa: "Quem vai ao Pará, parou. Tomou açaí, ficou". Os versos poderiam embalar sem exagero a trilha da aventura vivida por Flávio Santos, 33 anos, mochileiro por desconstrução, escritor por necessidade existencial e, sobretudo, um apaixonado por pessoas e lugares. Autor do livro "O mundo a que pertenço", em que narra suas experiências, ele percorre o mundo da forma mais despojada possível. E foi entre uma e outra viagem que Flávio veio parar em Belém, onde pretendia passar duas semanas. Mas, ao fim dos 15 dias programados e após viver intensamente tudo o que a cidade - e o Pará - têm de mais pulsante, ele se rendeu aos encantos da Mangueirosa e decidiu ficar.
Em seis meses de Pará, Flávio já conheceu vários lugares. Das praias do Baixo Amazonas à Salinópolis, passando por Cotijuba, Combu, provando sabores e mergulhando na cultura local, ele viveu em duas semanas o suficiente para ser convencido de que valia a pena passar mais um ano em Belém, onde decidiu se estabelecer. Em um vídeo publicado em seu perfil, ele faz um breve compilado do que viveu em 15 intensos dias: e tome-lhe Círio, praia, rio, show de Dona Onete, brega, festa de aparelhagem, Feira do Livro, treeeeme, mercado do Ver-o-Peso, Apoena, carimbó, Marajó... Sim, e o açaí raiz para não fugir à regra.
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Foi vindo do Amapá que ele desembarcou em Belém em 8 de agosto de 2024, como um típico passageiro de popopô. Na cabeça a dúvida: "Será que Belém vai me tratar melhor que o Amapá?". Oito dias e muitas emoções depois, bateu aquela 'bad' e, a caminho do embarque, passou em frente ao aeroporto e arremeteu. Flávio decidiu dar a Belém a chance de provar que merecia mostrar muito mais do que aquilo que já o havia convencido a ficar por mais um ano e que, certamente, vai render muitas páginas novas no seu diário de mochileiro.
"Sinto que vivi tão intensamente quanto se estivesse rodando o mundo de mochila. Um lugar único e com pessoas fenomenais que acabou me conquistando e agora sou o novo morador da cidade. Esperava por essa vindo aí?, descreve na legenda do vídeo em que narra esse capítulo particular da viagem.
Cidadão do mundo
Autor de "O Mundo a que pertenço", mesmo nome do perfil que mantém nas redes sociais, Flávio vem fazendo um tour pelo Brasil para lançar e divulgar seu livro. Depois de morar muito tempo no sul do Brasil, ele decidiu se lançar em um desafio pessoal, vivido entre os anos de 2015 e 2017, quando decidiu fazer uma viagem de volta ao mundo, passando por 27 países em dois anos.
Em um vídeo publicado no Facebook, em 2022, após o lançamento do livro, ele descreve a guinada que sua vida teve em tão pouco tempo. Estar em outros lugares, conhecer outras culturas era, segundo ele, um sonho impossível. Der origem humilde, ele precisou se desconstruir para viver essa jornada, "de sair de um lugar de não pertencimento e chegar a uma percepção de que o mundo todo o pertencia".
Durante uma viagem à Indonésia, ele foi furtado e perdeu 80% dos recursos de que dispunha. Diante do improvável, ele precisou se reinventar. Passou a pegar carona em estradas, a trocar trabalho por hospedagem e alimentação e fazer trabalho voluntariado. E assim nasceu o novo Flávio, o mochileiro, movido por uma enorme vontade de fazer de qualquer do mundo o seu melhor lugar.
"É muito sobre olhar a vida, olhar o mundo, com a perspectiva de que todos nós pertencemos, que todos nós podemos cuidar uns dos outros a partir do momento que a gente se conecta. É sobre incentivar sonhos, falar sobre os meus e como eu os realizei, trazendo reflexões e aprendizados de autoaprendizado e autoconsciência", revela.