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Marituba apresenta estudo sobre destinação de resíduos sólidos

Uma das soluções é investir em coleta seletiva

Dilson Pimentel

A Prefeitura de Marituba apresentou, nesta quarta-feira (5), o Estudo de Viabilidade de Solução para o Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Belém (RMB). "Esse projeto começa com a coleta seletiva. No segundo momento, passa pelo tratamento mecânico biológico. Aí, a parte orgânica vai para a compostagem. E a parte não orgânica vai a produção de CDR (combustível derivado de resíduos). Em seguida, passa por um pirólise (processo onde a matéria orgânica é decomposta após ser submetida a condições de altas temperaturas e ambiente desprovido de oxigênio). E, depois, existe um pequeno aterro de retaguarda que serve apenas para caso dê algum problema em uma dessas etapas. Esse aterro só será usado como retaguarda", disse o prefeito de Marituba, Mário Filho. "Não existe uma solução única. É um conjunto de tecnologias, pois os lixos são variados", explicou.

A viabilização dessas tecnologias é um investimento "na ordem de R$ 200 milhões. Já temos diversas pessoas interessadas em financiar. Agora temos que organizar o consórcio (entre os municípios)", afirmou, acrescentando que essa questão envolve Belém, Marituba, Ananindeua, Benevides, Santa Bárbara e Santa Izabel. "Investidores da Europa e da Ásia têm falado conosco. Aterro não se faz mais. Não é pra ser usado como suporte para depositar lixo. Tem que ser usado como retaguarda. Eu visitei oito países (pesquisando essas tecnologias). O problema acontece em nosso município, onde as pessoas têm sentido os odores, a contaminação do ar, da água e do solo. E, por isso, Marituba tinha que tomar a frente. Temos um estudo completo. Vivemos com esse mau cheiro. Hoje (quarta-feira) de manhã, por exemplo, estava horrível o cheiro do lixo", disse o prefeito. O estudo foi apresentado pelo professor universitário Mário Russo, especialista internacional em gestão de resíduos pela ISWA (International Solid Waste Association). Por decisão judicial, a partir de 31 de maio de 2021 o Aterro Sanitário de Marituba, operado pela Guamá Tratamento Resíduos Sólidos, não poderá mais funcionar.

Falta de solução pode causar problema grave de saúde, alerta pesquisador

Desde que Marituba passou a receber o lixo doméstico de Belém, Ananindeua e do próprio município, a população local reclama do odor e dos possíveis males à saúde que o aterro sanitário tem causado. "Começamos esse estudo há cinco anos para dar uma solução pra RMB. Há um ano tivemos a solução para Marituba. Mas sabíamos que dar a solução pra Marituba não seria a solução para a retirada do aterro da nossa cidade. Então, começamos a fazer um trabalho direcionado à região metropolitana", disse o prefeito Mário Filho, falando sobre o estudo apresentado nesta quarta-feira. "Vamos apresentar hoje o trabalho. E espero que todos os trabalhos sigam nessa linha, com as equipes técnicas, com o consórcio sendo formado, pra que a gente possa avançar. E, em breve, conseguir solucionar definitivamente o problema de lixo. Temos a oportunidade de ser exemplo não só para a região metropolitana, mas para todo o Pará e para o Brasil. É um conjunto de tecnologias que vai servir pra resolver o problema do lixo da região", acrescentou.

O professor Mário Russo, da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), da Universidade Federal do Pará, citou aquela decisão judicial. "O grande inimigo que nós temos pela frente é o tempo, que é muito curto. Temos cerca de 1.400 toneladas de resíduos que todos os dias são gerados, coletados e dispostos no aterro. E, se não tivermos uma solução, é um problema de saúde pública gravíssima. Nós podemos ter quilômetros de ruas cheias de resíduos, com consequências incalculáveis. É fundamental que haja uma solução que não seja baseada no aterro sanitário", disse. "Um aterro para 1.400 toneladas por dia tem que uma área muito grande, vai ficar muito longe dos centros produtores (dos resíduos). E, depois, o custo do transporte vai ser elevadíssimo. E essa é uma região muito sensível sob o ponto de vista ambiental. É preciso, portanto, ter muito cuidado com essa operação", afirmou.

O especialista destacou que não há apenas uma solução, mas várias. Mário Russo afirmou que há um grande trabalho a ser feito em relação à coleta seletiva. "A coleta seletiva vai desviar muito resíduo do aterro. Hoje, não desvia quase nada", disse. Segundo ele, é preciso ter um aterro, mas pequeno. E, adotando todas essas tecnologias, diminui, e muito, a quantidade de resíduos destinada ao aterro. "Em vez de receber 1.400 toneladas, vamos receber 31 toneladas por dia", afirmou. Mário Russo também destacou a importância da cooperação da população, por meio de educação ambiental. E também disse ser preciso "haver união entre os municípios. Não pode cada um estar puxando para um lado".

Secretário de Meio Ambiente de Marituba, Ismaily Bastos disse que Marituba produz apenas 60 toneladas por dia, aproximadamente 5% do total de resíduos depositado no aterro sanitário. No entanto, afirmou, os "impactos ambientais, sociais e econômicos só são sentidos pela população de Marituba". Junior Vera Cruz, do Fórum Permanente Fora Lixão de Marituba, disse que a população sempre foi contra a permanência do "lixão" em Marituba, citando os problemas causados à saúde das pessoas e ao meio ambiente. "A gente continua sofrendo com o odor. A população continua sendo refém dessa situação", disse. Presidente à reunião, o prefeito de Santa Bárbara, Nilson Ferreira dos Santos, deixou claro que seu município não irá receber lixo. "Não queremos lixo em Santa Bárbara", afirmou. Os prefeitos de Belém, Zenaldo Coutinho, e de Ananindeua, Manoel Pioneiro, não participaram da reunião, mas havia representantes desses municípios no encontro, que ocorreu na sede do Instituto de Ensino de Segurança do Pará (IESP), na BR-316, centro de Marituba.

Belém