MENU

BUSCA

Manifestação em Belém cobra justiça por morte de ciclista

Dezenas de pessoas se reuniram no bairro do Umarizal para exigir mais segurança no trânsito

Byanka Arruda

Centenas de pessoas participaram nesta quinta-feira, 10, do ato em memória da ciclista Janice Dias, atropelada na manhã do dia 26 de agosto deste ano, enquanto passava de bicicleta em frente à garagem de um prédio de luxo situado na avenida Senador Lemos, bairro do Umarizal, em Belém. Ela foi atropelada frontalmente e caiu no chão, ficando presa embaixo do veículo. O motorista não prestou socorro. Janice foi socorrida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas morreu no dia 4 de setembro, em decorrência do atropelamento. A ocorrência foi registrada por câmeras do circuito de segurança do entorno.


O ato pedindo justiça para o caso e também para outras mortes causadas por acidentes e crimes de trânsito em Belém começou por volta de 19h na Praça Brasil e reuniu familiares e amigos de Janice, além de diversos grupos de ciclistas e autoridades políticas como o vereador Fernando Carneiro, do PSOL, a vereadora recém eleita Vivi Reis, também do PSOL, e a vereadora recém eleita Bia Caminho, do PT. O ato foi organizado pelo movimento de pedal feminino "Pedala Mana", da capital, com apoio de outros grupos e coletivos que praticam a atividade na capital paraense.

 
Em marcha, as pessoas paralisaram o trânsito diversas vezes levantando faixas e cartazes com mensagens de justiça. Em determinado momento houve uma breve confusão com um condutor que dirigia um veículo importado, que tentou avançar sobre os manifestantes. Mas a discussão terminou em alguns minutos.
 
Em seguida, os participantes do protesto se dirigiram para a frente do prédio onde Janice foi atropelada, local onde também mora o condutor responsável pelo acidente, e lá pararam com pedidos de justiça pela morte da ciclista e punição ao motorista. Foi feito um minuto de silêncio em homenagem à vítima e todos os participantes do ato sentaram ou deitaram no asfalto como forma de relembrar o acidente. Sob gritos de "Não passará", "Justiça" e "Janice presente", o protesto pacífico foi encerrado por volta de 20h30. 
 
"Para mim, apesar da situação, que foi uma tragédia na nossa vida, uma coisa inexplicável, eu estou me sentindo amparada pelas pessoas com quem ela andava junto. Ela era uma ciclista muito engajada, amava o esporte, era essa a energia dela. A minha maior tristeza foi procurar casos de pessoas na internet, para buscar apoio... Eu achei que o caso da minha mãe era uma situação isolada em relação a não prestação de socorro, em relação a tudo de ruim que eu passei, mas é recorrente. É como se o desrespeito ao ciclista já fosse a regra da cidade, porque a punição quando vem ainda é muito branda. E eu fiquei mais abalada ainda e percebi que se eu não reagisse, se eu não tomasse uma atitude um pouco mais severa, simplesmente ia terminar por aí. Isso é um clamor por todos os ciclistas, mas também por todas as pessoas que se sentem invisíveis. Eu me senti invisível. Durante todo esse processo de luto eu me senti humilhada. É humilhante o que eu passei até agora. É triste a gente ter que compartilhar uma dor desse tamanho com as pessoas, mas eu fiz isso justamente para conseguir apoio. Sem compartilhar a dor que eu estou sentindo era impossível", lamenta a filha da vítima, Jaqueline Martins, de 35 anos. 

O  Ministério Público do Estado do Pará e a Polícia Civil do Pará  pediram o arquivamento do caso e alegaram que não foram encontradas provas contra o motorista causador do acidente que resultou na morte de Janice. A justiça decidirá agora se o pedido de arquivamento será deferido ou não. 
 
 

Belém