Mamografia: covid-19 derruba procura pelo exame em 11% no Pará
Saiba mais sobre o exame que é indispensável para prevenção do câncer de mama
De 2019 para 2021, diminuiu 11,43% o número de mamografias realizadas na rede pública estadual do Pará. De acordo com um levantamento disponibilizado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em 2019 foram 50.849 exames realizados. Em 2020, primeiro ano da pandemia da covid-19, já foi registrada uma queda de 3,36%, com a realização de 49.140 exames. Já em 2021, o número caiu para 45.034. Segundo a Sespa, a pandemia foi um fator influenciador para essa redução.
"A queda no número de procedimentos no Pará também foi influenciada pela pandemia de covid-19 e a Sespa vem trabalhando junto aos municípios paraenses para facilitar o acesso de mulheres de 50 a 69 anos ao exame de mamografia para rastreamento de câncer de mama, com vistas ao diagnóstico precoce e tratamento da doença", pontuou, em nota.
Para chamar atenção da sociedade sobre números como esses, o Dia Nacional da Mamografia, celebrado neste sábado (05/02), reforça a importância do exame como principal ferramenta utilizada para o diagnóstico do carcinoma. A data foi instituída pela Lei n° 11.695/2008, conforme explicou o mastologista Licurgo Nunes Bastos, de Belém.
"Um marco! Importante chamar atenção da sociedade como um todo, em especial as mulheres, na detecção precoce das alterações da mama, nas fases precursoras. Antes mesmo dos nódulos, as microcalcificações, e lesões estreladas mínimas", observou o especialista.
A produção de mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS) engloba mamografia de rastreamento, indicada para mulheres de 50 a 69 anos sem sinais e sintomas de câncer de mama, a cada dois anos; e mamografia diagnóstica, indicada para avaliar lesões mamárias suspeitas em qualquer idade, também em homens.
"Recomendado para todas as mulheres sintomáticas, a partir de 30 anos, pois as lesões precursoras podem levar 5 anos para evoluírem a nódulos infiltrantes. A partir de 50 anos, se torna 'carteira de identidade' das mamas, para descartar microcalcificações agrupadas ou distorção arquitetural mínima abaixo de 5 milímetros. Os homens podem realizar sintomáticos com suspeitas de nódulos. O por rotina com antecedentes de câncer de mama e ovário em familiares de primeiro grau: mãe, irmã, irmão", ponderou o mastologista.
No dia do exame, não é recomendado o uso de produtos como desodorante ou talco na região das mamas e nem nas axilas. Na ocasião, a paciente é posicionada em pé, de forma que o seio fique entre as duas placas do mamógrafo, que fará a compressão da mama para a captura das imagens. "Também evitar fazer o exame em período pré-menstrual e menstrual, durante suspeita de gravidez ou com gravidez confirmada e na fase de amamentação", detalhou o especialista.
Artesã reforça importância da mamografia para prevenção do câncer
No Brasil, o câncer de mama é o que mais acomete as mulheres. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), quando detectado precocemente, em estágio inicial, as chances de recuperação são de até 95%. Entretanto, 14 mil brasileiras ainda perdem as vidas todos anos para este tipo de tumor, segundo dados do Instituto. A estimativa do Inca é que somente no ano passado, foram identificados mais de 66 mil casos da doença.
A artesã Maria Ângela Tavares (62 anos), residente de Belém, fez uma mamografia pela primeira vez no ano 2000, quando tinha 40 anos, por conta de um nódulo sentido no seio esquerdo. O diagnóstico apontou um tumor maligno que causou a retirada da mama. Hoje, aos 62 anos, ela ainda segue em tratamento e reforça a importância da prevenção por meio do exame.
"Uma prevenção para ter um diagnóstico mais cedo. Ajudar no tratamento para não agravar. Até os 40 anos de idade, nunca tinha feito. Quando senti o nódulo, fui fazer. Depois da mamografia, fui encaminhada para biópsia e veio o diagnóstico de câncer maligno. Hoje, faço mamografia uma vez por ano, porque ainda sigo o tratamento. Se eu tivesse tido o controle mais cedo, poderia ter evitado a retirada da mama", comentou.
Dia Nacional da Mamografia: exame aumenta chances de cura
Neste sábado (05) é o Dia Nacional da Mamografia, um exame imprescindível para o diagnóstico do câncer de mama. A realização do procedimento de forma precoce aumenta as chances de cura e reduz a indução de procedimentos mais agressivos no tratamento.
Ediana Matos, 52 anos, está em tratamento de câncer de mama há cinco. “Comecei a fazer mamografia bem cedo, preocupada se viesse a passar por esse problema. Fiz quimio e radioterapia, cirurgia, esvaziamento axilar, pois já estava com metástase. Hoje em dia, graças a Deus, estou bem. Tenho minhas dificuldades, sim, não tenho uma saúde 100% pelo tratamento, pela medicação que ainda tomo. Faço acompanhamento direitinho no Hospital Ophir Loyola, mas tenho qualidade de vida, graças a Deus”, comenta a dona de casa.
Ela incluiu na rotina ginecológica o exame de mamografia há 14 anos e aconselha todas as mulheres a fazerem o mesmo, bem como fazer outros exames para rastreamento, como a ultrassono grafia da mama.
“Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o tratamento e a chance de cura. Eu já não estava em um nível baixo, mas estou aqui. Sou feliz, estou bem, mas quero pedir a vocês que façam o exame, se toquem e se cuidem. Façam debaixo do chuveiro, na cama, de frente para o espelho. Tirem um dia no mês para ir ao médico solicitar o exame. Não quero que passem por esse tratamento porque ele é doloroso. Mulher que se ama, se toca. Façam preventivos, transvaginal exames muito importantes para nós mulheres”, enfatiza Ediana.
A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenadoria Estadual de Atenção Oncológica, promove ações para conscientizar mulheres e homens sobre a importância da mamografia.
Patrícia Martins, coordenadora estadual de Atenção Oncológica, ressalta a importância do exame. “A mamografia ainda é a principal ferramenta de detecção precoce, quando uma mulher sem sintomas, pode ser rastreada, tratada e curada, antes que o tumor se torne clinicamente palpável. Além do câncer de mama, o exame pode detectar nódulos e cistos benignos de mama, microcalcificações, entre outros”, sinaliza.
Ainda de acordo com a Coordenadoria Estadual de Atenção Oncológica, a mamografia de rastreamento é destinada às mulheres sem sinais e sintomas, prioritariamente na faixa etária de 50 a 69 anos, e poderá ser solicitada pela enfermeira da Estratégia Saúde da Família (ESF) na Rede Básica de Saúde. Para as demais faixas etárias do sexo feminino e masculino (o câncer de mama também acomete 1% dos homens), que apresentem sinais e sintomas a indicação deve ser médica.
São 29 serviços distribuídos nas 13 regiões de saúde, como por exemplo, o estímulo dos municípios à busca ativa de mulheres na faixa etárias de 50 a 69 anos para realizar a mamografia de rastreamento. O encaminhamento ao exame também é ofertado nas ações do Programa Territórios pela Paz (TerPaz), assim como consultas com mastologistas e biópsias mamárias.
“A mamografia diagnóstica, é indicada para as mulheres de 35 anos que tenham antecedentes familiares de primeiro grau (mãe) com câncer de mama. Essas mulheres devem fazer uma mamografia aos 35 anos, e depois só irão repetir com uma idade mais avançada em que as mamas já terão uma substituição gordurosa”, acrescenta Patrícia.
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