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Macaquinhos do Bosque: campanha alerta sobre o risco de alimentar esses animais de forma inadequada

Ao passar no entorno do Jardim Zoobotânico, no bairro do Marco, em Belém, é comum observar pedestres - e até mesmo visitantes do espaço - alimentando os animais que vivem ali; no entanto, especialistas alertam para os riscos

Gabriel Pires

Ao passar no entorno do Jardim Zoobotânico Bosque Rodrigues Alves, no bairro do Marco, em Belém, é comum observar pedestres - e até mesmo visitantes do espaço - alimentando os animais que vivem ali, sobretudo os macaquinhos - macacos-de-cheiro. Entretanto, essa prática pode causar riscos à saúde dessas espécies. Pensando em conscientizar a população, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) realiza campanhas regularmente com orientações sobre a proibição de alimentar os animais que circulam pelos muros e grades do parque.

Mesmo parecendo uma atitude simples, o ato de dar alimentos de fora aos macaquinhos pode causar riscos à saúde deles, inclusive levar à morte, como alerta a administradora do Bosque Rodrigues Alves, Valéria Titã. “Existem várias complicações que podem ser causadas, mas a principal delas é a intoxicação alimentar, que pode ocasionar óbitos. A população já tem uma rotina cruel de oferecer qualquer tipo de comida a esses animais. Quando as pessoas oferecem, eles podem rejeitar a alimentação correta”, afirma.

“Já aconteceu de alimentos estarem, infelizmente, contaminados com toxoplasmose. Muitos animais já vieram a óbito. Existem riscos até para a nossa própria saúde. Esses animais, que são de vida livre, não são vacinados. Ocasionada pela alimentação [irregular], pode ser gerado até um novo vírus arriscado à nossa vida. Devemos evitar esse mau costume, justamente para não causar risco nem para eles [animais], nem para nós [seres humanos]”, acrescenta Valéria.

“Os macacos-de-cheiro comem frutas misturadas com algumas proteínas. Aqui dentro do Bosque, temos uma variedade alimentícia, incluindo proteína animal, proteína viva, rações e mariscos, por exemplo. Os macacos têm uma alimentação completa”, pontua. As outras espécies também possuem cuidados alimentares adequados: “Hoje, nos nossos 15 recintos, temos 13 animais, fora os de vida livre. Qualquer alimentação inadequada pode levá-los ao óbito”, afirma Valéria.

Para evitar esse hábito inadequado da população, como destaca Valéria, equipes do Bosque Rodrigues Alves realizam ações direcionadas aos visitantes e à população para mudar essas atitudes inadequadas: "Realizamos, diariamente, campanhas de educação ambiental, porque, além dos macacos, temos outros animais. Fazemos trilhas ensinando a não alimentar os animais, não os machucar e respeitá-los. Ensinamos a respeitar o animal dentro do seu habitat. E usamos as redes sociais para divulgar nossas campanhas educativas”.

Praças

Mas não é somente no Bosque que as pessoas oferecem alimentos inadequados aos animais. Essa cena também pode ser observada em outros pontos de lazer da capital paraense, como na Praça Batista Campos. “Geralmente, os peixes são alimentados com a melhor ração, de qualidade, que nós oferecemos. A gente quer preservar. Realizamos um acompanhamento dos peixes da praça, principalmente os pirarucus da Praça Batista Campos”, relata.

Consciência

A funcionária pública Roberta Pina conta que aprendeu desde cedo a ter cuidado e não alimentar os animais do Bosque e já educa o filho, o pequeno Heitor Góes, de 4 anos, a respeitar os bichinhos. “Essa atitude começa pelos adultos e o exemplo reflete nas crianças. Sempre fui educada a não alimentar os animais. Na minha família isso nunca existiu. E eu passo tudo isso ao Heitor em nossas visitas. Veio até mim e eu repasso a ele”, conta Valéria, ao lembrar que visitam o espaço em meio à fuga da rotina.

Essa consciência também é compartilhada pelo motorista Irlan Araújo. “É bom não dar comida aos macaquinhos, porque a nossa alimentação tem muitas substâncias que não são adequadas para um animal. Isso porque eles precisam de recursos da própria natureza. Por isso é bom preservar essa atitude e alimentá-los de uma forma correta para não causar nenhum risco”, frisa ele, que estava acompanhado do filho, José Ian, de 4 anos, e da esposa, a autônoma Cristiana Silva.

Belém