Jornalista Poliana Abritta fala dos olhares sobre educação no Brasil e a expectativa para a COP 30

A apresentadora do programa Fantástico esteve em Belém durante o Festival LED, realizado pela primeira vez em uma cidade do Norte do país

Camila Guimarães
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Na última quarta-feira, 27, a jornalista e apresentadora do Fantástico, Poliana Abritta, esteve em Belém para a primeira edição do Festival LED (Luz na Educação) realizado fora do Rio de Janeiro. Abritta mediou a mesa "Vamos empreender a própria vida! Uma conversa sobre juventudes e o mundo do trabalho". Em seguida, concedeu entrevista exclusiva para o jornal O Liberal falando sobre suas participações no Festival, seu olhar para as iniciativas em educação no país, o impacto das novas tecnologias dentro dessa temática e o preparo para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30, em 2025, em Belém. Confira:

Esta é a segunda vez que você participa de uma edição do Festival LED. A primeira foi no ano passado, no Rio de Janeiro. O que a edição do evento em Belém trouxe de avanço, de novidade para as discussões em comunicação?

O último LED que eu participei foi no Rio de Janeiro. Esse é o primeiro fora do Rio. Lá, a gente teve uma mesa com a mãe da cantora Larissa Luz e com a mãe da atriz Luana Xavier e eu acho que a gente falou de uma educação que é a primeira educação que todo mundo recebe - a do maternar, a da mãe, da família e a gente falou sobre a potência e o papel importante da mãe na educação da gente. Em especial, falamos dos depoimentos da Larissa e da Luana, e foi muito lindo, muito potente. A mãe de uma delas é professora. Foi muito inspirador. Hoje, em Belém, a gente está falando de um outro processo educacional. A gente está ampliando esse horizonte para a escola, para as redes sociais, para o papel do professor. São papéis complementares. Não existe mais educar só na família e dentro da escola, separadamente.

 

Como esses diferentes entes sociais - família, professores, comunicadores, artistas, empreendedores - podem se aliar para colaborar com uma educação mais democrática, mais rica e acessível? Espaços de discussão digital têm um papel importante nisso?

Hoje, a educação está preenchida, permeada, pelo digital. E o digital educa e, muitas vezes, deseduca. Então o que eu vejo aqui é um enorme 'dar as mãos' - eu falei disso ali no final da nossa conversa. Eu tenho quase 30 anos de jornalismo, trabalho com televisão. A gente tinha na mesa a Thaynara, que é uma influenciadora que está neste momento na televisão, e dois professores absolutamente atuantes e engajados e, quando você olha todos esses profissionais dando as mãos para fazer essa troca, junto com a plateia a gente tá abrindo muitas portas, a gente está abrindo portas, poros, horizontes... A gente faz com que essas janelas apareçam na vida de quem está na plateia mesmo sem que essa pessoa saia de Belém. Eu acho que isso é fundamental, essa troca que extrapola as regiões do país, que extrapola os estados e que une o Brasil e une todos os profissionais, porque é um processo sem volta esse processo de educação integrada.

 

Como você enxerga o papel das mídias digitais e do jornalismo de incentivar a educação e de levar as discussões a respeito para além das quatro paredes da escola, das fronteiras da cidade e dos estados?

Eu acho que é fundamental, porque o exemplo de um professor que transforma a vida de um aluno, que sai de Belém, ou do Maranhão, ou do Rio Grande do Sul, ou de Brasília, de onde quer que seja, é replicado tanto nas redes sociais como na televisão. As matérias que tratam de educação são não só inspiradoras, como também são portas para outros mundos. É uma troca. E a televisão é um veículo importante. E a gente não pode dizer que o digital não é. A comunicação se transformou, ela se ampliou e a gente tem que estar integrado atuando em todas as frentes pela educação.

 

Em tempo de redes sociais, inteligência artificial e outras tecnologias que vão surgindo com o passar do tempo, cada vez mais rápido, você considera que elas podem ter uma influência mais positiva ou negativa sobre a educação?

Primeiro que é um caminho sem volta, né? Então a gente vai ter que trabalhar para que faça muito mais bem do que mal. Eu acredito que toda a evolução tecnológica tem o potencial de nos ajudar e esse potencial é sempre muito maior do que de nos atrapalhar. Mas é claro que a gente tem que estar no meio do caminho discutindo, a gente tem que estar atento. Temos que estar fiscalizando, de alguma forma, para que a gente não deixe que os recursos tecnológicos nos atrapalhem, porque não tem como voltar atrás nisso. A gente vai ter que andar para frente - sendo bem redundante, né? A gente tem que evoluir tecnologicamente - já estamos evoluindo - e a gente tem que transformar essa tecnologia em aliada e aliada para todos nós, assim como para a educação também.

 

Como você acredita que as iniciativas de educação e conscientização climática podem se alinhar com as discussões globais da COP 30 para fortalecer o compromisso do Brasil com a sustentabilidade? E como Belém, estando no coração da Amazônia, pode ser central para propor soluções?

Belém, no ano que vem, vai ser a cara do Brasil para o mundo e eu acredito que o Festival LED abre essa contagem regressiva com essa discussão, com essa troca, para que a gente possa chegar o ano que vem já com propostas, com ideias, com um olhar sobre o que a COP vai nos trazer adiante. A gente teve uma COP este ano que não nos deu o que a gente esperava, né? Se você for pensar, o resultado da COP 2024 ficou muito aquém do que se esperava nesse sentido, então, a gente tem um enorme desafio para o ano que vem, mas eu acho que Belém fazer muito bonito.

 

Sobre o Festival LED

O Festival LED (Luz na Educação), realizado em Belém na última quarta, 27, é um evento que integra o Movimento LED – iniciativa da Fundação Roberto Marinho e Globo que nasceu em 2021 com a missão de lançar luz sobre iniciativas que valorizam e democratizam o acesso à educação no Brasil. Pela primeira vez o evento foi realizado fora do Rio de Janeiro, em uma cidade no Norte do país: Belém, a sede da COP 30, em 2025. Até então, o festival já havia reunido, em três edições, mais de 200 horas de conteúdo, 14 mil participantes e 300 palestrantes - alcançando mais de 18 mil pessoas no total.

Com 10 horas consecutivas de programação em Belém – das 10h às 20h, na Estação das Docas, o Festival LED proporcionou encontros e estimulou debates sobre a educação reunindo dezenas de participantes, entre palestrantes e mediadores: artistas locais, como Gaby Amarantos e Dona Onete, influenciadores digitais, como o youtuber e podcaster Mítico e a influencer Thaynara OG, professores transformadores como João Pedrosa, Rafael Herdy (representando o Centro de Inovação e Sustentabilidade da Educação Básica – Ciseb) e Carol Campos (CEO do Vozes da Educação), escritores, como a ativista Maria vilani e Sâmela Sateré, bióloga e comunicadora indígena, entre diversos outros nomes de áreas distintas.

A estrutura do festival foi composta de dois palcos de conteúdos e 50 palestrantes em 20 atividades entre mesas de debates, shows e oficinas. Entre os assuntos que mais se sobressaíram esteve a questão climática, devido ao protagonismo da região no tema, conforme apontou uma das organizadoras do evento, Viridiana Bertolini, gerente de Valor Social da Globo. Além disso, educação empreendedora e cultura paraense também se destacara nos debates.

A jornalista e apresentadora do Globo Repórter, Sandra Annemberg, também integrou a equipe do evento mediando a mesa sobre desafios climáticos e o papel do Brasil na COP 30. Ela foi presenteada com uma boneca especial, batizada de Guamá. A boneca representa uma mulher açaizeira, símbolo de força e tradição na região. O presente foi entregue pelo professor Mauro Tavares, coordenador de educação ambiental da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que também participou do evento.

Com grande presença de público, entre participantes locais e turistas, o Festival LED encerrou com um pocket show da cantora Gaby Amarantos, com participação especial de membros da Gang do Eletro, na Estação das Docas. Gaby levou o público ao delírio ao incorporar a famosa dança do "treme", além de fazer uma saudação especial à ‘galera da laje’ do Jurunas.

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