Jornalismo profissional: desafios e futuro em tempos de redes sociais e inteligência artificial
Evolução tecnológica não assume lugar de protagonismo que é dos profissionais, dizem especialistas
Evolução tecnológica não assume lugar de protagonismo que é dos profissionais, dizem especialistas
O jornalismo enfrenta desafios históricos em meio a uma era marcada pela velocidade da informação e pela presença avassaladora das redes sociais. Neste contexto, o jornal O LIBERAL, com sua trajetória rumo ao centenário, assume um papel central na busca por manter a credibilidade e inovar, equilibrando tradição e modernidade. Especialistas e profissionais do jornal traçam perspectivas sobre o papel do jornalismo profissional, o impacto da inteligência artificial e os caminhos futuros para a imprensa na Amazônia.
Para a professora e pesquisadora Ivana Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura da Universidade da Amazônia, o jornalismo profissional tem um papel fundamental em um cenário onde qualquer pessoa pode compartilhar informações rapidamente nas redes sociais. “O jornalismo é um agente de credibilidade. Ele apura, verifica e contextualiza antes de levar algo ao público. É uma curadoria rigorosa que previne a proliferação de desinformação, o que muitos chamam de fake news, mas prefiro chamar de desinformação, pois notícia não é feita para ser falsa", destaca.
Oliveira ressalta ainda que o jornalismo exerce funções indispensáveis para a sociedade, como a fiscalização de governos e empresas, conhecido como “cão de guarda da democracia”. Ela afirma que as redes sociais podem complementar essa atuação ao permitir maior disseminação de informações, mas raramente oferecem uma análise profunda. "A sociedade precisa valorizar o jornalismo profissional, pois ele é crucial para a democracia", pontua.
Sobre o impacto da inteligência artificial (IA), a professora destaca que essa tecnologia já transforma o jornalismo, permitindo automatizar tarefas repetitivas e realizar análises de dados complexos.
"Ela não substitui a criatividade e a interpretação humana. Pelo contrário, a IA potencializa o trabalho jornalístico ao personalizar conteúdos, verificar fatos e detectar padrões em grandes volumes de dados", explica Oliveira.
Felipe Melo, diretor de conteúdo do Grupo Liberal, corrobora a importância da IA como aliada do jornalismo, especialmente no contexto digital. "Já utilizamos ferramentas de IA para elaborar listas rápidas e checar títulos voltados ao engajamento digital. A IA não substitui o profissional, mas facilita processos e otimiza nossa produção", aponta. Melo reforça que, no Grupo Liberal, “há sempre uma revisão feita por profissionais em cima do que é feito pela IA”, garantindo que a tecnologia seja utilizada como ferramenta, não como substituta.
O jornalismo na Amazônia, por sua vez, apresenta desafios únicos, segundo Melo, devido às dimensões continentais e à necessidade de uma narrativa própria para a região. “O maior desafio é falar com uma voz genuína da Amazônia, mostrando não só a floresta, mas também as pessoas que produzem cultura, ciência e valores daqui”, afirma. Ele destaca que O LIBERAL tem investido em reportagens investigativas e projetos multimídia, como o Liberal Amazon, que produz conteúdo bilíngue e amplia o alcance da voz amazônica.
Para Ivana e Felipe, o jornalismo do futuro exigirá um equilíbrio delicado entre tradição e inovação. A professora enfatiza que veículos tradicionais como O LIBERAL já demonstraram sua solidez ao se adaptarem às multiplataformas, reforçando seu papel como referência de credibilidade. Melo complementa: “A adaptação às novas dinâmicas de consumo de notícias é essencial. Combinamos ferramentas digitais com o peso político e social de um veículo que representa e defende os interesses da Amazônia”.