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Inteligência Artificial e Educação Positiva transformam o ensino em Belém

Oportunidades da IA e a abordagem empática da Educação Positiva destacam caminhos inovadores para o desenvolvimento socioemocional e cognitivo nas escolas da capital paraense

Gabriel da Mota
fonte

O Dia Internacional da Educação, celebrado neste 24 de janeiro, foi dedicado pela UNESCO, em 2025, às oportunidades e desafios da Inteligência Artificial (IA) no ensino. Em Belém, uma pesquisa de pós-graduação leva a IA até as salas de aula da rede municipal para auxiliar na materialização intelectual de jovens e adultos. Além dessa realidade, o conceito de Educação Positiva, que promove empatia e respeito mútuo, é parte da estrutura curricular da rede estadual, criando um ambiente onde o desenvolvimento socioemocional e o bem-estar dos alunos são prioridades.

Para Yuri Soares, professor da rede municipal e pesquisador, a IA representa uma revolução no ensino. Em sua pesquisa de mestrado na Universidade Federal do Pará (UFPA), ele estuda como a tecnologia pode ampliar as capacidades de produção textual e visual dos alunos, além de facilitar o trabalho dos professores. “Estamos realizando uma pesquisa sobre a relação da IA com o currículo escolar, especialmente na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Nosso foco é usar tecnologias, como a geração de imagens, para ampliar a linguagem”, explica.

image IA ajuda na produção de imagens a partir da contação de histórias orais (Arquivo pessoal)

Na Escola Municipal Walter Leite Caminha, no bairro do Mangueirão, alunos da EJA participaram de uma atividade que uniu narrativas amazônicas à criação de imagens com IA. As histórias foram transcritas pelos professores e usadas como prompts para gerar ilustrações, ajustadas com base no feedback dos estudantes. “Essas imagens refletem a identidade dos alunos e expandem as possibilidades de aprendizado”, afirma Yuri. O material final foi compartilhado no blog imaginemuseu.blogspot.com, estimulando o senso de pertencimento e a criatividade.

Para o pesquisador, a adoção de IA no ensino também implica desafios. Yuri alerta para a necessidade de formação continuada dos professores para o uso adequado da tecnologia.

“Sem capacitação, o potencial da IA não será plenamente explorado, e corremos o risco de aumentar as desigualdades”. Ele também enfatiza que a tecnologia deve ser utilizada como um suporte ao trabalho docente, e não como uma substituição.

Outro ponto destacado por Yuri é a importância de conscientizar a comunidade escolar sobre o uso ético da IA. “As ferramentas tecnológicas devem ser integradas ao ensino de forma a preservar a autonomia criativa dos alunos, garantindo que o aprendizado seja significativo e humanizado”. Para ele, o sucesso dessa integração depende de planejamento e investimento.

Educação positiva

Enquanto a IA transforma o ensino, a Educação Positiva complementa essa evolução com uma abordagem centrada no bem-estar emocional. Segundo Maya Eigenmann, neuropedagoga e autora best-seller, a Educação Positiva se baseia em cinco pilares: criar um ambiente seguro e previsível para as crianças; compreender o impacto de fatores biológicos e químicos no desenvolvimento cerebral; validar sentimentos e ensinar crianças a lidar com emoções de forma saudável; respeitar a autenticidade e as necessidades biológicas de cada criança; e promover a consciência sobre desigualdades e incentivar uma sociedade mais igualitária.

image Maya Eigenmann (Carol Bassoli)

Maya explica que pequenos momentos de frustração podem ser oportunidades de aprendizado emocional. “Quando uma criança se frustra ao ver uma torre de blocos desmoronar, o adulto pode validar o sentimento dela, mostrando empatia. Isso a ajuda a processar as emoções e seguir em frente”, detalha. Ela também ressalta a importância de adultos estudarem e buscarem terapia para lidar com seus próprios desafios emocionais.

Outro aspecto abordado por Maya é a integração de uma visão mais ampla na Educação Positiva. “Tratar as desigualdades sociais de forma pedagógica e promover um ambiente inclusivo são passos essenciais para formar indivíduos mais empáticos e preparados para lidar com as diversidades do mundo”, afirma.

Acolhimento nas escolas

A gestora Regeane Esteves, gestora da Escola Municipal Walter Leite Caminha, descreve como a Educação Positiva foi incorporada à rotina escolar. “Promovemos acolhimento e superamos vulnerabilidades. Incluímos estudantes com deficiências e oferecemos atividades como libras para todos os alunos, criando um ambiente inclusivo e colaborativo”.

image Educação Positiva acolhe estudantes típicos e atípicos em um mesmo ambiente acolhedor (Arquivo pessoal)

Para Regeane, a inclusão vai além da integração de alunos atípicos. “Acolhemos também crianças e jovens em situações de vulnerabilidade social, oferecendo suporte emocional e educacional. Isso cria um espaço de pertencimento para todos”, afirma. Projetos como o ensino bilíngue de Libras têm sido fundamentais na construção de uma escola mais acessível.

“Todos os estudantes aprendem Libras, o que fortalece a inclusão e amplia as possibilidades de comunicação entre eles. Isso mostra que a Educação Positiva pode transformar relações e contribuir para uma sociedade mais igualitária”, ressalta.

“Projeto de Vida”

Gabriela Bonfim, coordenadora do Programa de Ensino Integral da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), reforça que a escola deve promover o desenvolvimento integral, incluindo dimensões cognitiva, social e emocional. “Estudos mostram que estudantes com um vínculo forte com a comunidade escolar apresentam melhor desempenho acadêmico e menor incidência de ansiedade e abandono escolar”, aponta.

A SEDUC oferece materiais e formações para educadores, além do componente curricular “Projeto de Vida”, que estimula autoconhecimento, empatia e autonomia. Gabriela explica que o objetivo é ajudar os alunos a traçarem metas claras e transformarem sonhos em realidade. “Queremos que os alunos não apenas planejem suas próprias trajetórias, mas que também contribuam para a construção de comunidades mais solidárias e conscientes”, enfatiza.

5 pilares da educação positiva

  1. Teoria do apego: criar um ambiente seguro e previsível para as crianças.
  2. Ciência do desenvolvimento humano: Compreender o impacto de fatores biológicos e químicos, como o hormônio do estresse (cortisol), no desenvolvimento cerebral.
  3. Inteligência emocional: validar sentimentos e ensinar crianças a lidar com emoções de forma saudável.
  4. Desenho original do ser humano: Respeitar a autenticidade e as necessidades biológicas de cada criança.
  5. Estudos sociais: promover a consciência sobre desigualdades e incentivar uma sociedade mais igualitária.
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