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Insegurança alimentar grave atinge 30% dos lares do Pará, aponta pesquisa

Encontro na UFPA discute alternativas para fazer o enfrentamento a esse grave problema na região

Dilson Pimentel

Uma das regiões do Brasil mais atingidas pela insegurança alimentar, Amazônia precisa garantir avanços em políticas públicas específicas e descentralizadas, que garantam produção de alimentos atenta à diversidade alimentar da região e um aumento do protagonismo local nos debates e iniciativas de pesquisa em busca de soluções.

É o que afirmam os membros da Rede de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), que, nesta quarta-feira (24), abriram as atividades do I Encontro da Amazônia Legal de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, em Belém. O evento, uma realização da Rede Penssan e Universidade Federal do Pará (UFPA), conta com o apoio do Ibirapitanga e da Ford Foundation e termina nesta quinta-feira (25), na UFPA.

O evento reúne representantes da sociedade civil, do governo federal, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), da Rede Penssan, e cientistas de instituições de pesquisa dos estados amazônicos.

Coordenadora da Rede Penssam, a nutricionista Sandra Chaves ressaltou no evento as dimensões dos desafios levados à mesa de debates: a insegurança alimentar grave (fome) atinge 25,7% dos lares da região Norte, e 30% dos domicílios no Pará. “A região Norte tem apresentado uma elevada prevalência de domicílios em situação de fome”. Os dados citados são do 2º VIGISAN - Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil e datam de 2022.

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Nesse cenário, o Pará é um dos estados da Amazônia que têm mais alta prevalência de insegurança alimentar, principalmente em algumas regiões ribeirinhas e em alguns setores da ilha do Marajó. “Claro que é preciso, e por isso nós estamos aqui também, que se façam pesquisas mais localizadas no Estado para que possam identificar as regiões mais vulnerabilizadas e os fatores determinantes, para que possamos orientar políticas públicas, porque essa é a direção do trabalho da gente: produzir conhecimento para orientar políticas públicas que possam levar à superação dos problemas”, afirmou.

Sobre os caminhos para combater esse problema na região amazônica, Sandra Chaves disse que é preciso fazer pesquisas para entender melhor os determinantes dessa realidade de fome. “Mas, como em todo o país, a questão das desigualdades sociais e econômicas são fundamentais", disse. "Nós temos uma questão muito importante, pelo que eu já percebi aqui na região, de acesso ao alimento de forma permanente para todas as pessoas, de respeito à cultura alimentar e à biodiversidade fundamental nesse ecossistema, nesse bioma amazônico, e a superação realmente dessas desigualdades todas que atravessam o acesso, o consumo e também a utilização biológica de alimentos”, acrescentou.

Ela afirmou que, em 2014, o Brasil saiu do mapa da fome e houve uma redução muito importante da insegurança alimentar e da fome em todo o País. “No entanto, quando nós paramos as políticas públicas, as políticas de Estado, nós retrocedemos. Então é todo um trabalho de reconstrução, de retomada e de reconquista do direito humano à alimentação adequada e saudável”, afirmou.

Professora da Faculdade de Nutrição da UFPA, Nadya Alves Santos disse que a região amazônica está em um cenário de insegurança alimentar, seja da forma leve até a forma grave. “E aqui no Pará o cenário de insegurança alimentar também é muito grave, em especial nas regiões ribeirinhas e de populações mais afastadas da capital”, afirmou. “Nós, da Amazônia Legal, precisamos ter esse protagonismo nessa discussão, já que nós somos uma das regiões do Brasil mais atingidas pela insegurança alimentar”, afirmou.

Nadya disse que é necessário discutir políticas públicas voltadas e focadas para a região amazônica: “As políticas precisam estar direcionadas para o cenário aqui, que é um cenário que a gente tem muito específico e que, na maioria das vezes, as políticas não são pensadas descentralizadas. E, aqui, a gente precisa de políticas específicas para a insegurança alimentar. Que pense, por exemplo, aspectos relacionados à produção de alimentos, à diversidade alimentar e à diminuição do consumo de alimentos ultraprocessados”.

Belém