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Infrações de motociclistas sem capacete aumentam 40% em Belém entre 2023 e 2024

Dados da Superintendência de Mobilidade Urbana de Belém reforçam a necessidade de maior conscientização entre condutores e passageiros

Gabriel da Mota

O número de motociclistas flagrados sem capacete em Belém cresceu 40% no último ano, segundo dados da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob). As ocorrências saltaram de 8.185 em 2023 para 11.453 em 2024. O aumento significativo preocupa as autoridades e reforça a necessidade de conscientização da população sobre o uso do capacete, item essencial para a segurança de condutores e passageiros.  

Segundo a Semob, a negligência no uso do capacete é mais frequente em bairros periféricos, onde o número de acidentes graves e fatais é mais alto. "É muito comum mesmo aqui em Belém, nos bairros mais periféricos, como Guamá e Pedreira, encontrar motociclistas sem capacete. No interior do estado, a situação é ainda pior", complementa Patrícia Bittencourt, professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) com pesquisa e atuação na área de transportes. Ela reforça que o capacete "é o equipamento de segurança mais importante do motociclista".  

A motocicleta é um dos veículos mais vulneráveis no trânsito, com alta probabilidade de acidentes fatais ou que resultem em sequelas graves. "Numa colisão qualquer, num desequilíbrio, é fatal. Quando não é fatal, deixa sequelas terríveis, e a gente está com um índice muito alto de sinistros envolvendo motociclistas. Isso precisa ser reduzido", destaca Patrícia.  

A resistência de algumas pessoas ao uso do capacete é um desafio adicional. Robervan dos Santos, 54, mototaxista há 15 anos, relata que muitos passageiros ainda recusam o uso do equipamento. "Já peguei passageiro que não quis usar capacete. Levei porque era pertinho mas, fora disso, eu não levo porque é perigoso. A gente sabe que o capacete é obrigatório", comenta. Na avenida Pedro Miranda, no bairro da Pedreira, a reportagem de O LIBERAL flagrou alguns condutores transitando sem o equipamento. 

Por outro lado, os relatos de acidentes em que o capacete fez a diferença são frequentes entre os motociclistas. "Lá na rua de casa, [um rapaz] vinha saindo e um cachorro atravessou na frente. Ele desviou e caiu de cabeça. Se tivesse sem capacete, talvez não ia sobreviver", conta Robervan. O cobrador externo Antônio Rodrigues, 47, se lembra de um episódio que testemunhou na avenida Pedro Álvares Cabral, em Belém. "Um carro veio do nada e pegou uma motoqueira. Ela caiu, e se não fosse primeiro Deus e depois o capacete, ela teria perdido a vida ali", conta.  

Escolhas conscientes e manutenção  

A qualidade do capacete é outro ponto fundamental na segurança dos motociclistas. "Nós usamos sempre o melhor equipamento, tanto na viseira, quanto na estrutura, para que possamos nos sentir mais seguros no dia a dia. Fazemos a troca pelo menos de ano em ano", afirma Antônio, que trabalha há 18 anos sob duas rodas.

O motociclista de aplicativo Emanuel Santos, 34, afirma que preza por capacetes de boa qualidade e segue a recomendação de trocá-los anualmente. "Pelo preço, às vezes não vale a pena. Tu compra um caro que não é bom. Todo ano eu troco meu capacete para garantir que ele esteja em condições ideais", garante.

"No mercado, tem uma gama enorme de capacetes para vender, mas é fundamental que ele tenha certificação do Inmetro. Isso garante os padrões mínimos de qualidade", comenta Patrícia Bittencourt. A pesquisadora ressalta que capacetes sem certificação ou em mau estado podem comprometer a segurança:

"É importante que o motociclista veja um capacete que esteja ajustado na sua cabeça. Também é recomendável pelo menos dois milímetros de espessura na viseira para reduzir a possibilidade de riscos, como em caso de uma pedrada, por exemplo".

Campanhas e fiscalização  

Diante do aumento das infrações, a Semob afirma que tem intensificado ações educativas e de fiscalização para alertar os motociclistas sobre os riscos de não usar o capacete. A professora da UFPA corrobora a estratégia: "Com relação às campanhas, elas têm que ser intensificadas, e a fiscalização é muito importante. O poder público tem que autuar". 

"As pessoas estão vendo que têm que se conscientizar. Tem gente que não gosta de usar capacete", opina o mototaxista Robervan. "Nós precisamos verdadeiramente valorizar o que o governo e a mídia têm mostrado, a importância de estar usando esse equipamento", conclui o cobrador externo Antônio.

Cenário em Belém e dicas para motociclistas

Crescimento nas infrações: 40% entre 2023 (8.185 casos) e 2024 (11.453 casos)

Zonas mais críticas: bairros periféricos

Recomendações de segurança:

  • Certificação do Inmetro
  • Ajuste na cabeça
  • Viseira com no mínimo 2 mm de espessura
  • Troca anual do equipamento

Belém