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Hangar sedia, até este sábado, V Congresso Internacional de Autismos do Brasil

Estudantes de Direito e membros do Coletivo Autista do Pará, Ananda Chedieck e James Thiago Cruz fizeram palestra, nesta sexta-feira, sobre Direito Internacional dos Direitos Humanos e a Luta Autista

Dilson Pimentel

Com o tema “Eu posso, eu faço”, o V Congresso Internacional de Autismos do Brasil (CIAB) está sendo realizado no Hangar - Convenções e Feiras da Amazônia até este sábado (9). Ananda Chedieck Martins e James Thiago Cruz são autistas, estudantes de Direito da Universidade Federal do Pará e membros do Coletivo Autista do Pará. E, nesta sexta-feira (8), pela manhã, participaram de uma palestra como parte da programação.

Em entrevista à Redação Integrada de O Liberal, Ananda Chedieck Martins contou que a palestra foi sobre o Direito Internacional dos Direitos Humanos e a Luta Autista, em uma abordagem multidisciplinar e dinâmica, relacionando legislação, história e os desafios cotidianos da pessoa com autismo. A apresentação teve como título “Direitos Humanos e Protagonismo Autista” e, como lema, “Nada para nós sem nós”.

"Consideramos que teve uma excelente recepção do público, visto que tratou da necessária representatividade real. Considerando que éramos três autistas de grau de suporte diferente abordando não apenas nossas experiências pessoais (o outro palestrante foi Diego Queirós), mas repassando informações quanto ao que estudamos e vemos na prática”, disse.

Quando ocorrem grandes palestras sobre o autismo, um dos maiores questionamentos que os ativistas PcD- TEA (pessoas com deficiência - transtorno do espectro autista) levam em questão é se as próprias pessoas afetadas irão participar.

“O Congresso Internacional de Autista que ocorre em Belém teve essa preocupação de chamar pessoas com a vivência e conhecimento para tratar desses assuntos, dando o devido local de fala a quem realmente possui esse cérebro neurodiverso. Também foi demonstrada a preocupação com acessibilidade quando o evento teve um sala sensorial disponível  e tiveram o cuidado de solicitar que a plateia aplaudisse apenas em Libras, devido a sensibilidade auditiva que muitas pessoas no espectro têm”, afirmou Ananda.

O recém-fundado Coletivo Autista do Pará, do qual Ananda e James são membros, foi criado com esse intuito de promover informação por meio de relatos e estudos de pessoas diretamente envolvidas. “Espero que, com essas medidas, o capacitismo e a desinformação diminuam”, afirmou.

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"Só em 2012, o autismo foi reconhecido como deficiência", diz James Thiago Cruz

James Thiago Cruz disse que o Congresso Internacional de Autismos no Brasil é um importante evento que discute o autismo numa ótica multidisciplinar e multidimensional, contando com a presença de palestrantes de renome do Brasil e do exterior. “Nossa palestra abordou um breve panorama histórico-jurídico dos direitos das pessoas com deficiência no Brasil e no exterior, e de que maneira tudo isso repercute no cotidiano atual das pessoas autistas, considerando que, só em 2012, o autismo foi reconhecido como deficiência”, afirmou.

Até pouco tempo atrás, contou, as crianças autistas eram acorrentadas em camas e cadeiras de hospícios. “Adultos com autismo nível 1 de suporte viviam abandonados e taxados como loucos e vagabundos. Então, precisamos compreender o passado para não cometer erros semelhantes no futuro”, afirmou.

Ainda segundo James Thiago Cruz, esse evento, que começou dia 7, também é uma excelente plataforma de divulgação do Coletivo Autista do Pará. Esse coletivo, explicou, é uma resposta ativa à invisibilização dos autistas adolescentes e adultos paraenses, para promover o ativismo e garantias de direitos dessa parcela da comunidade. “Afinal, a maioria das políticas públicas, terapias, palestras e atividades de conscientização são voltadas a autistas crianças”, afirmou.

E completou: “Esse é o nosso objetivo: conscientizar sobre a importância do autista jovem e adulto na sociedade, e a necessidade de inclusão deles nas pautas públicas e privadas. O ideal seria que cada cidade, cada Estado, tivesse seu próprio Coletivo Autista para pressionar as autoridades e demais tomadores de decisão. É preciso disseminar conhecimento sobre nossos direitos, para poder exigir seu cumprimento. Agir localmente, pensando globalmente”.

 

Belém