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Grupo de risco vê na vacina uma luz no fim do túnel

Forçados ao isolamento, eles acompanham com redobrada atenção o noticiário sobre as alternativas de imunização

Byanka Arruda

A corrida pela vacina contra o novo coronavírus tem gerado muita expectativa e ansiedade entre a população, especialmente para aqueles que se encontram nos grupos de riscos e permanecem isolados em casa, aguardando até que seja realmente seguro voltar às ruas. 

Atualmente, duas das vacinas consideradas as mais promissoras e avançadas contra o coronavírus estão sendo testadas no Brasil: a da Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca e a da empresa chinesa Sinovac. E outras duas, das farmacêuticas norte-americanas Johnson & Johnson e Pfizer receberam, recentemente, autorização das autoridades brasileiras para começar os ensaios clínicos no país. 

A confirmação de uma vacina segura e eficaz representa, para muitas pessoas, o retorno aos amigos e familiares, às ruas, enfim, à vida. Ciente da importância da ciência nesse contexto pandêmico, na maior crise sanitária da história recente, o jornal O Liberal tem acompanhado de perto as novidades da iminente descoberta da vacina. Num momento que a ciência tem sido descreditada nas redes sociais através de fake news, o jornal O Liberal vem reforçar o compromisso com o conhecimento científico que salva vidas.

 

ISOLAMENTO

Trancada em casa desde o começo do mês de março, a professora Maria Bernadete de Lima, de 61 anos, que também é hipertensa e portanto corre risco dobrado, só saiu às ruas três vezes nos últimos oito meses e somente em casos de extrema necessidade. Com saudade dos amigos, familiares e das atividades de lazer, ela diz que espera a vacina contra a covid-19 com muita ansiedade e otimismo.

"Eu estou aguardando a vacina como espera uma salvação. Quero que saia para ontem, para logo, não vejo a hora. Quero que ainda no começo do próximo ano a gente já tenha essa boa notícia, mas que seja também uma vacina eficiente, segura. Eu digo que é mais do que voltar à vida normal, é voltar a viver mesmo. Estou sentindo muita falta da rua, da vida lá fora. Tem horas que dá vontade de sair, mas lembro que para mim é muito arriscado e me aquieto", detalha a professora. "Estou totalmente isolada desde o dia 5 de março, por ser do grupo de risco. Desde então tenho contado com a ajuda de alguns amigos e parentes para fazer compras para mim ou outras coisas que preciso, mas não saio de casa. Acredito que o isolamento seja uma forma de ter respeito principalmente por mim e pela minha saúde, pela minha condição, mas também pelos outros, pois nós somos o transporte do vírus", complementa.

"Mochileira" e aventureira, a educadora conta que cancelou diversos planos este ano, incluindo viagens, por conta do novo coronavírus. "Cancelei tudo. Agora espero a vacina para retomar os planos de viajar bastante", garante. "Quando eu penso que está melhorando, voltam a aumentar os casos. Acredito que só mesmo a vacina pode nos salvar", afirma.


TESTES SÃO PROMISSORES MAS PROTOCOLOS DEVEM SER CUMPRIDOS

Para a biotecnologista, pesquisadora e mestra Larissa Queiroz, os avanços dos testes das vacinas que estão sendo realizados ao redor do mundo e também no Brasil indicam que brevemente a população poderá contar inclusive com mais de uma vacina efetiva, mas é necessário cumprir todos os protocolos e processos básicos que uma imunização confiável requer. 

"Uma vacina segura e eficaz demora muitos anos para ser disponibilizada. O que estamos vendo atualmente é um grande marco científico. O Sars-CoV-2, (causador da atual pandemia de covid-19) é um vírus novo e todos os dias estamos aprendendo mais sobre ele. Sendo assim, a quantidade de conhecimento desde março até agora é de suma relevância no tratamento e na recuperação dos pacientes. Uma pandemia do novo coronavírus afetou drasticamente a vida de todos e parou economias, então a descoberta da vacina requer uma cera agilidade. Há muitos projetos de vacinas de diferentes laboratórios e com tecnologias distintas. Isso significa que assim que todos os protocolos forem cumpridos, a população pode ter à disposição mais de um imunizante. Isso é importante para que se possa voltar a uma possível normalidade", explica a biotecnologista.

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Para a pesquisadora, a descoberta da vacina deverá ser um marco científico. "Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa. A pesquisa para uma vacina requer fases pré-clínicas e clínicas, sendo essa última composto por três etapas. É um processo longo e rigoroso, para avaliar a segurança e eficácia. No Brasil, ainda estão sendo conduzidos estudos da fase 3 dos testes clínicos, como é o caso das vacinas de Oxford e Sinovac. Além disso, uma vez pronta, a vacina ainda deve passar pelos protocolos das agências reguladoras e estratégias para fabricação e distribuição. Assim, todo esse processo deve ser seguido com rigor e cautela. Então, devido à urgência, volume de investimentos e ao empenho  da comunidade científica, eu vejo com otimismo e acredito que em breve a vacina contra a covid-19 será uma das maiores conquistas científicas", reflete a cientista. "Ciência é feita a longo prazo. A pouca importância dada ao conhecimento científico vai muito além  da descrença na ciência, é tomada pela não valorização das universidades públicas e dos pesquisadores brasileiros. Nesse contexto pandêmico, só a ciência é capaz de controlar a crise sanitária e econômica que estamos vivenciando", completa a pesquisadora. 

Belém