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Golpes contra idosos: em 1 ano, denúncias crescem mais de 108% no Pará

Números reforçam cuidados preventivos com vovôs e vovós; confira as dicas para não cair nas investidas dos criminosos

Eduardo Rocha

.Em um ano, o número de golpes contra idosos cresceu no Pará (108,58%), na região Norte (80,29%) e no Brasil (68,29%). Conforme levantamento do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), o Disque 100 recebeu o seguinte balanço de denúncias referentes a violência patrimonial contra idosos (ambiente virtual e não virtual) em 2022: 396 no Pará, 1.436 na região Norte e 26.862 no Brasil. Já em 2023, o serviço registrou o seguinte balanço: 826 no Pará, 2.589 na região Norte e 45.206 no Brasil.

Em 2024, de janeiro a abril, os números do Disque 100 para essas denúncias apontam: 249 no Pará, 1.017 na região Norte e 19.187 no Brasil. O MDHC explicou que o aumento dos registros resulta dos esforços para aprimorar os canais de denúncias, gerar mais confiança e sensibilização junto à sociedade, e captar as violações de direitos da população em situação de rua. 

Registros de casos 

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informou que, em 2024, entre os meses de janeiro a maio, foram registrados 1.306 casos de estelionato contra o idoso no Estado do Pará, o que representa uma redução de 13% em comparação ao mesmo período no ano passado, em que foram contabilizados 1.506 ocorrências do mesmo delito (estão entre eles crimes virtuais, golpe com PIX, clonar cartão e outros).

"Nos anos de 2022 e 2023, entre os meses de janeiro a dezembro, foram contabilizados respectivamente 3.125 e 3.424 ocorrências do mesmo crime. A Segup reforça que as frequentes campanhas informando os canais de denúncia para a população, podem indicar o aumento dos registros. Qualquer denúncia pode ser feita pelos canais da segurança pública, pelo 181 (Disque-Denúncia), por ligação, e ainda pelo número (91) 98115-9181, para mensagens via Whatsapp", comunica a Segup.

Idosa de 95 anos explica como se protege contra golpes

Mãe de seis filhos e com 18 netos e 11 bisnetos, Antônia Barros de Souza, de 95 anos de idade, de Belém, adota uma estratégia como escudo contra os golpes: "Desconfiar, sempre, porque o meu marido (Hilkias Bernardo de Souza) me ensinou que ninguém dá nada a ninguém". Antônia nunca sofreu um golpe, mas, mesmo assim, mantém medidas preventivas a eles, como ao receber um telefonema, se não conhecer a pessoa, desliga o aparelho de imediato; os cartões "vivem comigo"; não vai a agências bancárias; usa com prudência o aplicativo de mensagens; recebe muitas ligações com "propostas e promoções", mas não leva a sério e não abre mão das dicas dos familiares.

A médica pediatra Kiania Tuma, 69 anos, filha de Antônia Souza, sofreu um golpe em 2017. Essa ação criminosa envolveu a portabilidade de um empréstimo consignado de um banco para outro, por parte de uma quadrilha. "Depois dessa situação, eu redobrei os cuidados com a movimentação financeira, tratando os assuntos, de preferência, na própria instituição bancária, se for o caso", destaca Kiania.

Orientações da Polícia

Como aponta o delegado Janilson Gomes, da Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa de Belém, da Polícia Civil do Pará, os golpes contra idosos costumam ter como objetivo enganar a pessoa idosa para se apropriar de valores, sejam os proventos mensais, realização de empréstimos fraudulentos ou somas depositadas em banco. "Desconfiar sempre de propostas "boas demais"; não aceitar ajuda de estranhos; não compartilhar, em hipótese alguma, senhas e códigos bancários; não assinar nenhum documento que não tenha entendido completamente e por conta própria", enfatiza o delegado. Deve-se desconfiar de quem se apresenta para "auxiliar" a pessoa idosa, principalmente em uma agência bancária, em caixas eletrônicos, sem ser funcionário identificado com crachá ou fardamento. Essa pessoa busca coletar dados para futuros golpes.

"Também há um abuso dos meios eletrônicos, sempre na tentativa de que a pessoa idosa ceda os dados de acesso à conta ou clique em links maliciosos que irão capturar esses dados", destaca o delegado.

"Por meio eletrônico, nunca enviar dinheiro apenas com pedido por escrito, mesmo que tenha a foto de um parente e pareça conhecer a pessoa. Busque ligar para seu familiar pelo número que já têm, se possível fazendo uma chamada de vídeo", ressalta Janilson Gomes. Como ação de segurança, é necessário que a pessoa idosa analise sua própria capacidade com essas transações, se acha confuso, difícil e não se sente seguro, deve buscar um familiar de sua confiança.

No caso de cair em um golpe, a pessoa idosa deve procurar pela delegacia mais próxima para para registrar o fato. A pessoa deve entrar em contato com a instituição bancária para tentar sustar eventuais cobranças. "Essas são as principais atitudes e devem ser tomadas o mais rápido possível. Em seguida, o caso poderá ser tramitado para a Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa a depender das circunstâncias específicas", arremata o delegado Janilson.

 

Confira as medidas de segurança em agências bancárias:

1. Desconfie e não aceite ofertas de ajuda de estranhos em caixas eletrônicos.

2. Sempre encerre a sessão após qualquer operação no terminal.

3. Procure auxílio apenas de funcionários identificados da agência bancária.

4. Em caso de qualquer dúvida ou comportamento suspeito, informe imediatamente a segurança da agência ou a Polícia.

FONTE: POLÍCIA CIVIL DO PARÁ

 

Belém