Fazenda da Esperança recebe mensagem de renovação em Missa de Páscoa com Arcebispo de Belém
Dom Alberto Taveira Corrêa ministra para os cem acolhidos da unidade em Mosqueiro
Um momento de comunhão e renovação marcará a Missa de Páscoa deste domingo (20), celebrada especialmente para os cem acolhidos da Fazenda da Esperança, unidade localizada em Mosqueiro. A celebração, que ocorrerá às 11h, será presidida pelo arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa. A Fazenda da Esperança é uma comunidade terapêutica que, desde 1983, atua na recuperação de pessoas que buscam libertar-se de vícios, sobretudo do uso de álcool e drogas.
Embora Dom Alberto celebre missas semanalmente no local, a celebração da Páscoa adquire um significado ainda mais profundo, por se tratar da data mais importante do calendário cristão. O Tríduo Pascal — que representa a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo — é vivido de forma intensa pelos acolhidos da Fazenda. Ao final da missa, será servido o tradicional almoço de Páscoa, marcado pela confraternização entre os residentes.
Durante o período pascal, muitos acolhidos vivenciam profundas transformações. “Haverá o almoço para celebrar a Páscoa e a ressurreição, Jesus que vence a morte. É importante que eles entendam que se trata de um novo momento: ‘eu passo da morte para a vida, eu transformo a minha história’”, reflete Luciano Figueiredo, coordenador e responsável técnico-operacional da Fazenda da Esperança.
Todos os anos, os acolhidos vivenciam uma quaresma repleta de ensinamentos, orações e gestos de solidariedade. Muitos retomam o contato com a fé e com a espiritualidade. “Este ano foi ainda mais significativo porque eles organizaram toda a liturgia. Vão compreendendo o verdadeiro significado das coisas, pois todos se prepararam para a Semana Santa. Muitos chegam aqui sem nenhuma referência religiosa — alguns ateus, por falta de formação ou por terem perdido o vínculo com a fé. Esses momentos são importantes porque os reconectam com Deus. Ao compreenderem, eles se abrem e acolhem essa vivência no coração. Por isso, a Fazenda não utiliza medicamentos — é a vivência da Palavra que transforma. Alguns nem são batizados, e aqui recebem a primeira comunhão, o crisma e o batismo”, destaca.
Durante a quaresma, houve jejum às sextas-feiras. Os alimentos não consumidos nesses dias serão destinados a famílias em situação de vulnerabilidade social. “Esse é o verdadeiro sentido da Páscoa, é muito significativo. Estávamos vivendo a quaresma, abdicando da proteína nas sextas, e agora vamos doar todo o alimento reservado: carnes, frangos e peixes acumulados nos últimos 40 dias. Na segunda-feira, faremos a entrega às famílias carentes, como gesto de amor. Todos participam desse momento de forma coletiva”, relata Luciano.
A Fazenda da Esperança celebrou também o Dia das Mães junto à Páscoa, no primeiro domingo do mês. Os familiares dos acolhidos podem visitar a comunidade sempre no primeiro domingo de cada mês. Para Luciano, a possibilidade de mudança está ao alcance de todos os que se abrem para a vida.
“Quando há abertura do coração, é possível mudar a própria história. Deus transforma vidas. A convivência, a espiritualidade e o trabalho fazem parte desse percurso. Em Deus, na história de Cristo, há perdão. É preciso pedir perdão para ser perdoado — e onde há feridas na alma, elas são curadas”, enfatiza.
A Fazenda da Esperança é uma obra social brasileira, sem fins lucrativos, presente em todo o país e em 26 países. Este ano, a iniciativa celebra 41 anos de atuação. No Pará, o projeto conta com nove unidades, que atendem aproximadamente 500 famílias, com apoio também aos familiares dos acolhidos, por meio dos grupos de apoio Esperança Viva.
A obra teve início em 1983, na cidade de Guaratinguetá (SP), a partir do encontro entre um jovem dependente químico e o frei Hans Stapel, frade franciscano alemão. Ao ver jovens que utilizavam drogas nas ruas, o religioso sentiu um chamado de Deus para ajudá-los. O frei Hans iniciou o projeto junto com Nelson Giovanelli, um jovem que frequentava a comunidade paroquial. A obra surgiu a partir da convivência com jovens em situação de dependência química, que encontraram na fé, no trabalho e na vida comunitária um caminho de recuperação.