Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFPA retoma atendimento terapêutico gratuito
O público-alvo são crianças e adolescentes com comprometimentos neurológicos, entre as quais paralisia cerebral, e síndromes de Down e de Rett
O público-alvo são crianças e adolescentes com comprometimentos neurológicos, entre as quais paralisia cerebral, e síndromes de Down e de Rett
Passada a fase crítica da pandemia, a Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO) da Universidade Federal do Pará, em Belém, está retomando o atendimento terapêutico ocupacional gratuito. O público alvo são crianças e adolescentes com comprometimentos neurológicos, entre as quais paralisia cerebral, e síndromes de Down e de Rett.
São realizadas avaliações e sessões de terapia ocupacional para melhorar o desempenho das atividades diárias dessas crianças e adolescentes. Esse atendimento ocorre toda segunda-feira, das 8 às 11 horas. E é um dos 18 projetos desenvolvidos na Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
A professora Kelly Pinheiro, que é terapeuta ocupacional, explicou que esse atendimento faz parte do curso de Terapia Ocupacional. “É uma atividade prática aplicada com os alunos que estão em um processo educativo, da sua formação profissional, e nós abrimos os atendimentos para a comunidade. A gente fica acompanhando esses alunos dentro desse processo de formação em atividades práticas diretas com o paciente”, disse.
“Então tem o grupo de professores que fica acompanhando os atendimentos. E, depois, nós discutimos já pra fazer esse treinamento de organização de plano terapêutico, de observações iniciais de avaliação, reavaliações depois da aquisição de habilidades e isso tudo já dentro do processo de formação desses alunos. E cumprindo também o papel da universidade, de abrir o atendimento para comunidade e colocar a serviço dessa comunidade todo o manancial que ela tem de conhecimento científico”, afirmou.
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As atividades foram interrompidas por causa da pandemia e, neste caso específico, retomadas agora em agosto. “Em paralelo nós também temos a clínica que faz o acompanhamento da terapia ocupacional infantil e a fisio adulto”, disse.
Na turma da professora Kelly há em torno de 15 pacientes. “Esse grupo especificamente a gente tem trabalhado com comprometimento neurológico. Até para que depois a gente dê continuidade. Porque essa turma vai terminar essa disciplina. E aí nós vamos poder encaminhá-los para clínica. Então a gente não podia abrir um quantitativo muito grande de alunos. Mas, como nós estamos com turmas frequentemente sendo organizadas, trabalhando no seu processo de formação aqui, elas vão retomar esses atendimentos no futuro”, disse.
Sobre o público-alvo, a professora Kelly disse que foi feita uma busca ativa. “Isso porque nós não estávamos com uma quantidade grande de pacientes retomando. Nós colocamos nas redes sociais e essas famílias entraram em contato. A partir de agora, a gente vai montar uma lista de espera. Então ela pode entrar em contato com a secretaria aqui da FFTO pra ela poder conseguir e a gente encaminhar. Nós também fizemos um uma conversa com outros centros próximos que também vão tentar nos ajudar depois suprindo essa demanda que vai começar a surgir”, explicou.
Normalmente, o acompanhamento neurológico é mais a longo prazo. “Você traça determinados objetivos e você vai trabalhar em cima daqueles objetivos. Mas você sempre tem outros objetivos a trabalhar com essa criança e outras conquistas e habilidades novas. Então não tem um prazo fechado, determinado. Normalmente é um acompanhamento longo, mas com os objetivos limitados fica mais fácil de você ir trabalhando as demandas específicas que vão surgindo”, afirmou.
Os pacientes acompanhados pela equipe da professora Kelly têm de 0 a 12 anos. “Aí, surgiram dois casos acima de 12, que nós também atendemos. Por isso acabou ficando com adolescente”, disse.
Um dos pacientes atendidos é o neto de dona de casa Maria do Carmo Vieira Lima, 62 anos. Kauan, de 12 anos, começou o atendimento há 15 dias. “É bom pra mim e pra ele, porque ele tem muita vontade de andar. Pra mim, foi bom. Ele fazia na APAE. Mas, quando começou a pandemia, eles pararam lá. E, quando retornou, não chamaram mais ele. Estava mais ou menos um ano parado”, contou.
Dona Maria do Carmo ficou sabendo sobre esse atendimento em um grupo de Whatsapp. “Eu liguei para cá e eles me atenderam muito bem. Marcaram um dia pra trazer ele e eu o trouxe”, disse ela, que mora no bairro da Condor. “Ele tá alegre, mais animado”, contou. “Ele caminha com dificuldade. Segura assim nas coisas e consegue caminhar. Ele fala: vó, amanhã é dia de nós ir pra fisioterapia’”, afirmou.
Na manhã desta segunda-feira (12), Kátia Além, enfermeira de 34 anos, levou seu filho, Edrick, que tem três meses, para receber atendimento. A criança começou a receber esse atendimento há três semanas. “Ele nasceu com mielomeningocele (uma malformação congênita na coluna vertebral da criança). Com dois dias de vida, ele operou. A gente procurou um local onde ele pudesse fazer estimulação precoce. E a gente foi selecionada para esse projeto”, contou. “Meu filho, hoje em dia, tem um desenvolvimento praticamente normal. Ele não tem nenhum atraso. A gente agradece muito as pessoas que estão aqui trabalhando com ele”, disse Kátia, que mora em Ananindeua.
O pequeno Edrick é acompanhado pela terapeuta ocupacional Thaís Cabral. “O projeto de extensão que é feito aqui é um projeto que utiliza uma técnica diferenciada, que é o conceito Bobath, que geralmente só tem em clínicas particulares. Ele é aberto para a comunidade. Qualquer criança com paralisia cerebral, mielomeningocele, Síndrome de Down pode chegar até a gente para ser atendida, de 0 até 7 anos, e a gente promove esse acompanhamento de terapia ocupacional, associado ao conceito Bobath, que é para favorecer a maior funcionalidade da criança”, disse.
Esse projeto tem 4 anos. Nesse caso, o atendimento ocorre todos os dias, pela manhã. “Quem tiver interesse de se inscrever, de trazer a sua criança, é só entrar em contato para entrar na lista de espera que a gente chama com bastante frequência”, afirmou. Esse atendimento (terapia ocupacional e conceito Bobath, com assistência a crianças com desordens neuromotoras) ocorre no ginásio de pediatria da faculdade.
Para ter mais detalhes sobre esses projetos, a Redação Integrada entrevistou Otavio Folha, diretor da Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO), Cibele Nascimento, coordenadora do curso de Terapia Ocupacional, Suellen Moraes, coordenação do curso de Fisioterapia, e Marília Magno, vice-diretora da FFTO.
A FFTO é uma faculdade que congrega dois cursos de graduação. Ela desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão. Além das atividades de ensino, que são as que formam profissionais, a base de formação profissional, a formação na UFPA é pautada também na articulação com a pesquisa e com a extensão. Ou seja, o aluno aprende atendendo a comunidade.
Mas os dois cursos (Fisioterapia e Terapia Ocupacional) desenvolvem vários projetos com públicos variados. Atualmente, há 18 projetos com vinte e duas participações diferentes. Esses 18 projetos são voltados para todos os ciclos de vida: criança, adolescente, adulto e idoso. E em diferentes condições clínicas e de saúde. “Então a gente tem projetos voltados para área de doenças neurológicas, traumato-ortopédicas, para crianças com alterações no desenvolvimento, doenças tropicais. A gente tem um projeto de extensão voltado especialmente para o grupo público feminino. Pacientes oncológicos”, disse o diretor Otavio Folha.
Mas há outros projetos que não focam só nas ofertas de tratamento em si. “A gente tem projetos que promovem saúde”, afirmou. Os projetos são gratuitos. “Não têm custo para a população, mas dependem de obtenção de recursos internos da universidade ou editais de fomento que a gente busca captar esses recursos externamente”, afirmou.
A finalidade principal da extensão, diz Otavio, não é prestar serviços que a comunidade não dispõe. “Na verdade, é o conhecimento produzido na UFPA que é levado para a sociedade. A gente não tem a intenção de resolver os problemas da nossa saúde pública em hipótese alguma. Mas produzir algo que de repente a saúde pública não consegue ainda contemplar e a universidade, como uma entidade pública, também vem contribuir para sociedade”, disse o diretor. Esses projetos não ocorrem só no espaço físico da faculdade. Mas em outros espaços da própria comunidade.
Os projetos são divulgados nas redes sociais ou pelos próprios coordenadores dessas atividades. Também há demandas espontâneas dos pacientes, que procuram diretamente a faculdade.
A Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO) da UFPA está localizada Rua Augusto Corrêa,01 Portão 4 - Cidade Universitária José Silveira Neto, Setor Saúde - Guamá, Belém
Informações sobre os projetos: Telefone: (91) 3201-8892 (secretaria da Faculdade)
E-mail: https://www.ffto.ufpa.br/