Estudantes do Marajó vencem prêmio nacional e vão representar o Brasil nos EUA
A partir da criação de um app para apoiar crianças com autismo, a equipe da Ilha do Marajó venceu a competição de inovação e foi premiada com a participação na Brazil Conference 2025
Quatro alunos do Instituto Stella Maris, localizado em Soure, na Ilha do Marajó, conquistaram o primeiro lugar na 7ª edição do Desafio Tack, uma competição nacional voltada à inovação e ao empreendedorismo juvenil. Pelo projeto de um aplicativo criado para ajudar crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a equipe foi premiada com uma viagem para participar da Brazil Conference 2025, em Boston, nos Estados Unidos, que ocorreu entre 12 e 13 de abril. Os estudantes saíram do Pará no último dia 9 e retornaram nesta terça-feira, 15.
A equipe, que integra a startup Nortack, é formada por Ana Beatriz, Jorge, Maria de Lourdes e Yuri — estudantes com idades entre 14 e 17 anos. Eles criaram o aplicativo "My Tea", uma plataforma que propõe soluções práticas para o cotidiano de crianças autistas e seus familiares. A proposta é auxiliar no gerenciamento da rotina, na comunicação e na interação social dos usuários, com funcionalidades voltadas principalmente para crianças de 5 a 12 anos.
Entre os recursos previstos no app estão jogos de alfabetização, acesso a conteúdos educativos e a profissionais especializados, como psicólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos. A ideia também inclui planos gratuitos e pagos: a versão paga contará com mais funcionalidades e recursos personalizados, permitindo que o projeto seja financeiramente sustentável.
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Além de ser uma ferramenta de apoio para famílias e cuidadores, o "My Tea" se conecta diretamente a três dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU: Saúde e Bem-Estar (ODS 3), Educação de Qualidade (ODS 4) e Redução das Desigualdades (ODS 10).
“Foi uma experiência incrível, ficamos um mês trabalhando na nossa ideia, nos reunindo todos os dias, comendo cuscuz e indo dormir de madrugada”, conta Jorge Aruã Machado Nakabayashi, de 14 anos. “Estamos muito felizes e gratos a todos os envolvidos no Desafio Tack por essa oportunidade”.
A final do desafio ocorreu no dia 21 de novembro e reuniu 227 estudantes de 32 escolas públicas de todas as regiões do Brasil. O estado do Pará contou com 30 participantes de quatro instituições de ensino. Na etapa final, os projetos foram apresentados a uma banca avaliadora, que escolheu a Nortack como a grande vencedora.
Com a premiação, os jovens tiveram a oportunidade de participar da Brazil Conference 2025, que aconteceu no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em parceria com a Universidade de Harvard. O evento foi organizado por estudantes brasileiros em Boston e discutiu temas como política, economia, cultura e sociedade.
O Desafio Tack é promovido pela empresa Id Cultural em parceria com a ONG JA Rio de Janeiro, e tem por objetivo incentivar a criatividade, o pensamento crítico e a criação de soluções empreendedoras entre estudantes do ensino público. Desde 2020, o desafio é realizado de forma 100% online.
“A cada edição, ficamos ainda mais impressionados com o potencial da juventude brasileira”, afirma Rafael Villas-Bôas, diretor de Produção da Id Cultural. “A equipe Nortack nos emocionou não só pela criatividade, mas pela sensibilidade em propor uma solução com impacto social real. Eles com certeza vão aproveitar muito essa experiência internacional, que é um reflexo do nosso compromisso com a cultura como agente de transformação”.
A metodologia do Desafio é baseada no programa Innovation Camp, que orienta os jovens a criarem modelos de negócio por meio de mentorias, ferramentas práticas e conceitos como design thinking. Ao longo do processo, os participantes são estimulados a propor ideias inovadoras para problemas do mundo real, com o apoio de mentores voluntários experientes.
A vitória dos estudantes marajoaras marca um momento especial para a educação na região e destaca o talento que floresce mesmo em lugares distantes dos grandes centros urbanos. Com criatividade, trabalho em equipe e foco na inclusão, a equipe Nortack mostrou que é possível transformar ideias em soluções com potencial global — e, de quebra, abrir as portas para o mundo.