Especialistas falam sobre aumento nos casos de virose e maneiras de se precaver
Infectologistas contaram que a mudança na temperatura pode acometer a população
Novembro é o mês em que municípios do sul do Pará devem entrar no inverno amazônico, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Para se ter em mente, em setembro deste ano, Belém teve temperaturas máximas de 40ºC. Especialistas afirmam que a mudança de temperatura, ou seja, quando há um aquecimento ou resfriamento brusco no ambiente, pode acometer a população e trazer os sintomas de nariz entupido, febre, dor cabeça e espirro. Por isso, o número de pessoas que adoeceram pela famosa "virose", aumentou.
A infectologista Helena Brígido, da Sociedade Paraense de Infectologia (SPI) explica que todo ano há aumento dos casos de virose, mas que a motivação por trás disso não diz respeito somente às chuvas. “Não tem nada a ver com o sol ou a chuva. Mas sim, a mudança de temperatura. Os pingos de chuva ou os raios solares não trazem o vírus. Quando começam as chuvas, ocorre a mudança de temperatura”, conta.
O médico infectologista Alessandre Guimarães, presidente da SPI, acrescenta que o acréscimo nos casos de virose está sendo registrado em todo país. “É um conjunto de fatores. No período mais chuvoso as pessoas se aglomeram mais, seja nas ruas para se protegerem ou nas próprias casas. Isso traz risco para aumentar o ‘R’ da transmissão, além do que, muitas pessoas já têm um sistema respiratório fragilizado com sinusite, rinites, alergias e outros antecedentes respiratórios diversos que só agravam a questão”, diz ele.
Helena também lembra que a gripe e a virose são causadas pela mesma coisa, o vírus. A diferenciação, ainda de acordo com a especialista, existe com relação a resfriado e gripe. Alessandre fala que o termo virose foi “consagrado pela população em geral para atribuir o acometimento de um quadro agudo de vias aéreas caracterizado como síndrome gripal”.
Em todo tipo de situação, é importante estar atento aos sintomas. Helena comenta que o resfriado, tem sinais mais fracos como: coriza, dor de cabeça, febre, nariz entupido ou tosse seca. Mas, mesmo assim, não é preciso ter esses sintomas simultaneamente para ser considerado um resfriado, como afirma a infectologista. Por outro lado, a gripe pode ter os mesmos sintomas que o resfriado, mas que as manifestações podem ser acrescidas de febre alta, dor intensa no corpo, deixar o paciente mais abatido, tosse com secreção e a demora na recuperação, como ela mesma adverte.
“A gripe é causada por um vírus chamado Influenza e a ‘virose’, quando se trata de doença respiratória, pode ser causada por outros vírus que acometem as vias aéreas, desde vírus sincicial respiratório, rinovírus, coronavírus e outros, ocasionando um quadro comum de “síndrome gripal”, assegura o infectologista Alessandre.
O presidente da Sociedade Paraense de Infectologia frisa que a prevenção deve ser a higiene das mãos e, também, dos aparelhos celulares. “Atualmente, neste mundo moderno e tecnológico, quando se fala em higiene das mãos, se fala também em higiene dos aparelhos de celular que já são quase como ‘uma parte do nosso corpo’. Mas o fato é que num ambiente de trabalho, por exemplo, os locais mais contaminados são as maçanetas de portas, o mouse, teclado do PC, os corrimões, botões dos elevadores, superfícies de atendimento de público externo (balcões) e os telefones celulares”, alega Alessandre.
Ele e Helena ressaltam a importância de manter o calendário vacinal em dia, utilização de máscaras, evitar aglomerações, não expor quem tem risco de adoecer mais facilmente e sempre beber muito líquido. Além disso, a infectologista aproveita para desmistificar alguns hábitos que as pessoas costumam ter quando apresentam sintomas de gripe e ela deixa um alerta. “Não precisa tomar vitaminas para tratar sintomas gripais, porque elas já estão presentes na alimentação. De qualquer forma, se apresentar algum sintoma, procure um médico. Quanto à medicação, não se deve fazer utilização de antibiótico. Esse tipo de medicamento é feito para tratar bactéria. Não existe medicação para matar vírus", finaliza.