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Especialista explica por que '12x8' passou a ser considerada pressão alta

“Essa mudança pode ser boa, porque ajuda a identificar pessoas com risco de ter hipertensão mais cedo”, diz cardiologista Antonio Monteiro

Dilson Pimentel

Antes considerada normal, a pressão '12 por 8" passa, agora, a ser considerada alta. A hipertensão, ou pressão alta, é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados de pressão arterial. A condição é diagnosticada quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou “14 por 9”). Por muito tempo, um valor até “12 por 8” foi considerado normal. Mas novas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia podem mudar esse conceito.


As novidades foram apresentadas no fim de agosto, durante o Congresso Europeu de Cardiologia, realizado em Londres, no Reino Unido. Em Belém, o cardiologista Antonio Monteiro comentou sobre essa mudança. “Agora, a pressão "12 por 8" (ou 120/80 mmHg), que antes era vista como normal, passa a ser considerada ‘pressão arterial elevada’. Isso significa que, mesmo que você não tenha hipertensão, se a sua pressão estiver nesse valor, já é um sinal de alerta de que é preciso tomar cuidado para não desenvolver pressão alta no futuro”, disse.

Na prática, explicou, essa mudança pode ser boa, porque ajuda a identificar pessoas com risco de ter hipertensão mais cedo, antes que o problema se agrave. “Assim, dá para adotar hábitos saudáveis, como melhorar a alimentação ou praticar exercícios, para evitar problemas mais sérios no futuro”, disse. Com as novas regras, a pressão ideal (ou "normal") é abaixo de 120/70 mmHg. Se a pressão ficar entre 120/70 mmHg e 140/90 mmHg, ela é considerada "elevada", ou seja, não é mais o ideal, mas ainda não é hipertensão, afirmou.

O dr. Antonio Monteiro disse que as pessoas que têm pressão entre 120/70 mmHg e 140/90 mmHg (agora chamada de "pressão elevada") devem procurar um médico para acompanhamento, pois esses valores indicam que há risco de desenvolver hipertensão mais adiante. “Já quem tem pressão acima de 140/90 mmHg (hipertensão) deve seguir o tratamento recomendado pelo médico e fazer o acompanhamento regularmente para evitar complicações”, disse.

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Pressão alta não dá sintomas na maioria das pessoas, alerta médico

Ainda segundo ele, a principal mensagem à população é que pressão alta não dá sintomas na maioria das pessoas. “Ou seja, é possível ter a pressão elevada e nem perceber. Por isso, é fundamental medir a pressão regularmente, pelo menos uma vez ao ano, e especialmente após os 40 anos ou se houver histórico de pressão alta na família”, explicou.

A mudança nas orientações visa ajudar a identificar a pressão elevada mais cedo, antes que ela se transforme em hipertensão. Isso vai permitir que as pessoas adotem hábitos mais saudáveis para controlar a pressão. “Lembrando que essas mudanças levam em conta um posicionamento da Sociedade Europeia de Cardiologia, que não utiliza a população brasileira como base”, ressalvou.

Para evitar a hipertensão, disse o cardiologista Antonio Monteiro, é importante adotar alguns cuidados simples no dia a dia. Uma alimentação saudável é fundamental, reduzindo o consumo de sal e preferindo alimentos frescos, como frutas, verduras, legumes e alimentos ricos em fibras, em vez de produtos processados, como frituras e fast-food. Além disso, praticar atividades físicas regularmente, como caminhadas, corridas ou pedaladas, ajuda a controlar a pressão arterial. Tente se exercitar por pelo menos 150 minutos por semana. Manter um peso saudável também é crucial, já que o excesso de peso pode aumentar a pressão. Evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo é outro passo importante, pois esses hábitos contribuem diretamente para o aumento da pressão arterial.

Além disso, gerenciar o estresse pode ser essencial, aderindo a técnicas de relaxamento, como meditação ou yoga, ajudam a reduzir a pressão e a melhorar a saúde geral. “Por fim, aferir a pressão arterial regularmente é a melhor forma de garantir que ela esteja controlada. A pressão elevada muitas vezes não apresenta sintomas. Por isso, é importante monitorá-la para detectar possíveis problemas antes que eles se tornem graves. Adotar esses cuidados no dia a dia é uma maneira eficaz de prevenir a hipertensão e garantir uma vida mais saudável”, completou.

Aposentada faz controle da doença e leva vida normal

A aposentada Deuza Duarte, 67, descobriu ser hipertensa aos 50 anos de idade. Desde então, toma a medicação e faz dieta. “Não como sal, procuro comer menos também. Eu não janto à noite, só tomo um lanche”, contou. Dona Deuza também faz atividade física. “Eu caminho todos os dias no Parque do Utinga e não me sinto cansada. Tenho uma vida normal”, afirmou.

Dona Deuza contou que sua pressão aumenta quando, por exemplo, se aborrece ou quando fica nervosa. Além de usar o aparelho para verificar a pressão, ela também tem uma técnica que não falha. “Coloco meu dedo no meio da cabeça, no centro. Quando eu vejo que está muito quente, eu já sei que é a minha pressão. Aí começa a doer a minha cabeça. Tomo logo o remédio e vou me deitar, descansar. Aí vai passando”, contou. Dona Deuza disse que toma a medicação todo dia. “Não deixo de tomar. Quando não tomo de manhã, à noite é infalível”, completou.

 

Belém