Entre a ilha e a cidade: conheça a rotina de uma moradora do Combu que trabalha em Belém
Analice Mota reside no Combu há 28 anos, ela celebra a conexão entre natureza e urbanidade em sua rotina diária
Analice Mota reside no Combu há 28 anos, ela celebra a conexão entre natureza e urbanidade em sua rotina diária
Aos 44 anos, Analice Mota, empresária e guia de turismo, é um exemplo da ligação íntima entre a Ilha do Combu e Belém. Natural de Bujaru, na região nordeste do estado, Analice encontrou na comunidade Piriquitaquara, há quase três décadas, um lugar para chamar de lar. “Conheci porque umas amigas, com quem eu jogava bola nas arenas de Belém, me convidaram pra gente ir jogar lá. Aí gostei e já fiquei”, relembra, com o sorriso de quem encontrou, na natureza, o equilíbrio que buscava.
Hoje, a rotina de Analice começa cedo, ainda sob o silêncio matinal da ilha.
“Eu acordo por volta de umas 5h e meia. Tomo banho, faço o café, me arrumo e saio. Gosto de já estar atravessando às 6h pra caminhar e correr um pouquinho na UFPA”, descreve.
A travessia de lancha até o porto da Universidade Federal do Pará, no bairro do Guamá, leva apenas 10 minutos, mas abre caminho para um mundo bastante diferente.
Analice escolheu a orla da universidade como espaço para suas caminhadas por vários motivos. “É bem próxima, tranquila, fresquinha, bem arborizada. Sinto que ela transmite muita paz quando estou caminhando, devido à proximidade com a natureza”. Essa rotina saudável já trouxe resultados significativos: “Perdi muito peso e um problema que eu tinha no joelho está bem melhor”.
A relação com Belém vai além do exercício físico. Analice atravessa a cidade diariamente para conduzir sua agência de turismo, @samaumaecoexperiencias, inaugurada em fevereiro de 2024. A empresa oferece travessias e roteiros por ilhas próximas, atendendo tanto moradores quanto turistas. Com a proximidade da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), ela vê oportunidades de crescimento no setor.
“A gente já está tendo um retorno na área do turismo, e eu espero que esse retorno seja maior ainda, que a gente realmente possa se beneficiar financeiramente com isso. A cidade está ficando mais bonita, e isso não é só pra quem vem, mas também pra nós que estamos aqui”.
Além do trabalho, a família é um pilar fundamental na vida de Analice. Casada, ela e o marido compartilham a rotina de atravessar diariamente para Belém, onde também cuidam da saúde e dos negócios. Suas três filhas são motivo de orgulho: uma mora no Rio de Janeiro, outra trabalha com a mãe na cooperativa de transporte turístico, e a terceira acaba de se formar na Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (EETEPA).
Mesmo com uma rotina atarefada, Analice encontra tempo para investir em si mesma. Atualmente, tem buscado aprender inglês para se preparar para o influxo de turistas durante a COP 30.
Em meio às comemorações pelos 409 anos de Belém, Analice deixa um recado de cuidado e responsabilidade para os moradores:
“Que as pessoas respeitem, cuidem. Não joguem lixo no chão, pra manter a cidade bonita. A COP 30 tá vindo aí e hoje nós somos espelho, uma referência mundial. As pessoas precisam ter consciência do que é Belém e cuidar dela como se fosse o quintal da sua casa”.