Entenda o porquê de adultos e crianças apresentarem sucessivas infecções respiratórias
Especialista esclarece o que é o quadro e como combater doenças recorrentes
O aumento no volume de infecções, principalmente em crianças, a duração do quadro e o surgimento de vírus em épocas fora do comum tem chamado atenção de médicos especialistas que passaram a adotar o termo "apagão imunológico" para explicar os motivos pelos quais adultos e crianças têm ficado mais doentes. Apesar de não ter comprovação científica, o "apagão imunológico" se tornou evidente após os períodos de pico da pandemia de covid-19 a partir de uma infecção que seria mais comum, como a causada pelo rinovírus.
O pediatra e imunologista Bruno Paes Barreto explica que o quadro clinico é identificado com mais frequência em crianças nativas da pandemia, que nasceram um pouco antes ou durante a pandemia, que ao serem expostas ao período de aparente pós-pandemia, começaram a apresentar infecções respiratórias de repetição e quadros mais graves.
"Nós imaginamos que essas crianças nasceram e tiveram muito contato com o ambiente ao redor delas, ficando isoladas dentro de casa por muito tempo. Na hora que você fica em isolamento, sem ter contato com outros microorganismos e que às vezes você nem faz a vacinação corretamente porque os pais acabaram ficando com medo de tirar essas crianças de casa, você não estimula o sistema imunológico com esses contatos", esclarece o especialista.
Barreto ressalta que o contato com microorganismos é importante para o combate de doenças. A ausência de estímulos para o sistema imunológico deixa o organismo pouco reativo. "Esse contato com microorganismos, quer sejam microorganismos do bem, através, por exemplo, da criança ir para um parque para brincar na grama, ter contato com o solo, assim como alguns microorganismo que podem ser nocivos, por exemplo, algumas infecções virais que fazem parte da infância, são importantes para que o sistema imunológico fique mais vigilante, assim como as vacinas também."
Nos consultórios os especialistas percebem um crescimento na frequência e na gravidade dos quadros clínicos. "Os pacientes têm tido muitas infecções, uma atrás da outra, como cada vez mais intensas, sinusites mais graves, de difícil tratamento, pneumonias mais graves com derrame que às vezes precisa internar", descreve o médico pediatra.
Calendário vacinal
Outro fator que explica o alto índice de doenças em bebês e crianças é o abandono do calendário vacinal de rotina. De acordo com dados do Unicef, braço das Nações Unidas para a Infância, três em cada dez crianças não receberam vacinas capazes de salvar vidas. No Brasil, a cobertura de vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola (Tríplice Viral D1) caiu de 93% em 2019 para 71,49%, em 2021. Já a cobertura vacinal contra a poliomielite caiu de 84,2% para 67,7% no mesmo intervalo de três anos.
Bruno Barreto reforça que a manutenção do calendário vacinal é fundamental para combater o quadro de "apagão imunológico". "A imunização sempre é uma estratégia preventiva interativa, não só a vacina contra covid-19, mas todas as outras. A gente tem visto, infelizmente, no período da pandemia, atrasos na carteira de vacinação que tem feito voltar os registros de sarampo em níveis mais elevados, poliomielite querendo voltar, então são coisas que preocupam, além da maior gravidade que é a desinformação, a pessoa não se vacinar por receio de que o imunizante traga problemas", destaca o pediatra.
Cuidados necessários
Além de reforçar o esquema vacinal, é necessário treinar o sistema imunológico de forma gradual. A recomendação dada pelos especialistas é que crianças muito pequenas, que ainda não estejam em idade escolar, retomem os contatos familiares e ao livre aos poucos. Já crianças em idade escolar, a estratégia adotada é do reforço através de vitaminas, substâncias probióticas, boa alimentação e cuidados com a higiene. O mesmo vale para adultos.
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