Enem 2023: qualidade do sono é aliada durante a preparação para a prova
Uma boa noite de sono, segundo especialistas, é fundamental para a regulação do humor e do estado mental
Com a proximidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será realizado em novembro, muitos estudantes costumam passar horas estudantes durante à noite. No entanto, trocar o momento de descanso pelos estudos pode afetar o desempenho dos jovens durante o processo de preparação para a prova. Isso porque a qualidade do sono é essencial para a saúde, como explica a médica Maria Cláudia Oliveira, vice-presidente da Associação Brasileira do Sono Regional Pará.
Uma boa noite de sono, segundo a médica, é fundamental para a regulação do humor e do estado mental. Isso pode impactar diretamente na performance e desempenho dos estudantes. “Isso tudo [dormir bem] facilita muito para atravessar esse processo do Enem, que por si só já é muito desgastante, gera ansiedade, mas quando você começa a desregular o seu sono você potencializa essas dificuldades que o Enem naturalmente já impõe a esse cérebro de um adolescente que é um cérebro ainda que não está totalmente formado, é um cérebro em formação”, relata.
“Quando você não regula o sono, você acaba tendo maior predisposição para irritabilidade, ansiedade, dificuldade de interação com os amigos. E, do ponto de vista cognitivo, uma noite de sono [mal dormida] já é o suficiente para alterar a concentração, a atenção, a capacidade de raciocínio lógico e a função de memória. A memória é uma função cognitiva extremamente ligada ao sono, especialmente a uma fase do sono chamada sono REM”, complementa Maria Cláudia.
A médica avalia que o desgaste, em detrimento de bons resultados no vestibular, costuma ser enaltecido constantemente. “A gente vive numa sociedade onde a privação de sono passou a ser normalizada. A gente passou a normalizar o patológico, como aquelas frases ‘durma enquanto eu estudo e você não vai alcançar o seu objetivo’. Tem várias frases assim colocando o fato de dormir como algo ruim, relacionando o sono à preguiça. Quando não é nada disso”, frisa a médica.
“Todas as nossas funções biológicas são reguladas pelo sono. Quando você desregula isso, você desregula toda a sua função do organismo. Você pode ter alterações de humor, maior irritabilidade, mais hiperreatividade a situações cotidianas, maior tendência à depressão, transtornos de pânico e ansiedade. Na questão cognitiva, a diminuição da atenção, concentração, memorização, aprendizado e raciocínio lógico. Tem um impacto em todo o nosso dia”, alerta Maria Cláudia.
Para um sono reparador, a especialista cita que o ideal é dormir de 8 a 10 horas para os jovens entre a faixa etária de 14 a 17 anos. O ideal é que os horários de dormir e acordar sejam regulares, de acordo com a médica. No caso das pessoas que sentem dificuldade para pegar no sono, o ideal é não usar alimentos que são estimulantes de energia, como a cafeína, por exemplo. De acordo com ela, isso não ajuda no atendimento e na memória.
Recomendações
Em meio aos estudos, a médica lembra que o momento de descanso é essencial para realizar uma “limpeza” de todas as informações concebidas no dia a dia. Tudo isso ocorre na fase do “sono de ondas lentas”, como destaca Maria Cláudia. “Assim como recordar um conteúdo, especialmente falando de Enem, é importante também que a gente esqueça e delete aquilo que não vai ter significado. A gente precisa colocar nossa lixeira mental para trabalhar. O sono é fundamental para essa hierarquização”, afirma.
Um sono de qualidade, no entanto, não está relacionado apenas ao período de relaxamento. Por isso, a médica cita orientações para um bom descanso: “Então, que uma hora antes do horário preconizado para dormir, você coloque em um despertador sinalizando que é o momento de você finalizar suas atividades. Evitar comer próximo ao horário de dormir, tomar um banho, fazer uma leitura, já vai diminuindo telas. Pode tomar um leite morno, um chá, alguma coisa que vai sinalizar para o seu cérebro que você está iniciando um processo de relaxamento”, relata.
(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Lázaro Magalhães, coordenador do Núcleo de Atualidades)
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