Enem 2023: possível cancelamento da prova pode gerar ansiedade entre os alunos, avaliam professores
O cancelamento do Enem 2023 foi descartado, após suposto vazamento de imagens da prova no primeiro dia de aplicação das provas, realizado no último domingo (5)
O cancelamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 foi descartado, após suposto vazamento de imagens da prova no primeiro dia de aplicação das provas, realizado no último domingo (5). A decisão foi anunciada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, nesta segunda-feira (6). Questionado se havia um risco de cancelamento, ele afirmou que "de forma alguma". Em Belém, professores avaliam a medida e comentam que o ato garante que as incertezas entre os alunos sejam diminuídas. E ainda, alivia possíveis impactos emocionais nos candidatos.
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Uma possível anulação do exame poderia causar diversas consequências entre os alunos, como lembra Rosana, causando, inclusive, prejuízos emocionais. "Em primeira instância está o estado emocional do aluno. Nas várias outras questões, encontramos um cronograma que segue em datas já acordadas, uma vez que o Enem é usado como processo seletivo para as universidades, incluindo Sisu, Prouni e Fies. Esse candidato está em situação de saúde mental fragilizada. Ainda que a prova não seja cancelada, a perspectiva é de desequilíbrio emocional", enfatiza.
“O vazamento, de acordo com a Polícia Federal, aconteceu após o fechamento dos portões. Por isso, tranquilizamos tanto alunos quanto pais de alunos, foi uma primeira fase válida”, diz a professora. Rosana comenta ainda, ainda, que supostos vazamentos são comuns. “Inclusive várias vezes atendemos alunos que, em vésperas de Enem, perguntam algo muito específico a respeito da prova temática e que trazem certa indagação a respeito do sigilo da prova”, relata a professora.
Temor
Para a professora Treicy Castro, de Belém, o possível cancelamento da prova causa temor entre professores e estudantes. “Eles [os estudantes] estão se preparando o ano todo. Na verdade, durante toda a vida escolar, mais precisamente neste último ano de ensino médio. Alguns já estão tentando várias vezes nos cursinhos, fazendo essa preparação que é árdua, que é desgastante. Penso que é prejudicial esse possível cancelamento, principalmente para a saúde mental dos vestibulandos. Já é um ano de muita pressão e lidar com esse tipo de intercorrência não é nada saudável e com certeza desestabiliza os candidatos”, aponta.
“Fora toda a questão econômica também, já que milhões de brasileiros realizam essa prova. Então, seria um novo planejamento, um novo gasto para que esse exame fosse realizado novamente. Não acho que seria viável. E, também, os alunos que foram muito bem na prova podem ser prejudicados. Nada garante que se houver outra prova no outro momento, eles terão o mesmo desempenho. Penso que há um prejuízo acadêmico e um prejuízo também em relação à própria saúde mental dos discentes”, avalia Treicy.
De acordo com Treicy, o risco do vazamento se dá caso o aluno tenha acesso à questão ou ao tema antes de realizar a prova. E, ao que tudo indica, não foi o que aconteceu, conforme explica a professora. “Eu pontuo a necessidade de uma formação mais adequada, mais rigorosa para os aplicadores, para que esse tipo de vazamento não ocorra e que as regras sejam, de fato, cumpridas. A proibição do celular é geral. Então, se as imagens vazaram durante a realização da prova, antes do horário para o tema ser liberado, para alguma questão ser liberada, há um grande problema em relação à questão comportamental, ao cumprimento de regras dos aplicadores”, enfatiza.
(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidades)