Em Belém, manifestantes pedem justiça por congolês Moïse, assassinado no Rio de Janeiro; vídeo
Ato simbólico ocorreu na Praça da Republica e seguiu até o Ver-o-Peso, na manhã deste domingo, 06.
Ato simbólico ocorreu na Praça da Republica e seguiu até o Ver-o-Peso, na manhã deste domingo, 06.
Dezenas de pessoas se reuniram na manhã deste domingo, 06, para pedir justiça pela morte de Moïse. Localizados na Praça da República, na esquina das avenidas Nazaré e Presidente Vargas, vários grupos ativistas estavam no local.
Alguns políticos, como os vereadores do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Lívia Duarte, enfermeira Nazaré e Fernando Carneiro, e Vivi Reis, deputada federal, do mesmo partido, também estavam presen.
Assim como em Belém, atos semelhantes ocorreram em algumas capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Goiânia, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Luís.
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“É uma manifestação em justiça ao assassinato de Moïse, um jovem imigrante que foi morto pelos seus patrões no Rio de Janeiro por cobrar seus salários atrasados”, disse Tarsila Amoras, do Coletivo Juntos.
O congolês foi espancado até a morte em um quiosque no Rio de Janeiro, na última segunda-feira, 24.
“Uma violência descabida que hoje está sendo legitimada pelo governo Bolsonaro, mas também é um espelho do que está sendo a miséria da população, dos trabalhadores autônomos, que não tem direito do mínimo para sobreviver. Cobrar o salário atrasado é o mínimo que os trabalhadores podem fazer. Isso é o reflexo de um Estado racista, que segue ceifando vidas negras de um maneira tão normal, corriqueira”, analisou Tarsila.
A manifestação saiu do ponto de encontro e segui até a avenida Boulevard Castilhos França, com final no Ver-o-Peso.
Além de usarem o manifestação para pedir justiça por Moïse, os ativistas lembraram a questão do Brasil em relação ao preconceitos que vivem os pretos estrangeiros no país.
“Aqui o povo é majoritariamente miscigenado, somos formados por pessoas indígenas e negras da África, mas esse conto da justiça racial não vale aqui no Brasil, porque as pessoas negras continuam sendo mortas. Pessoas são violentadas no seu cotidiano inteiro da sociedade e a gente percebe que elas tem em comum a negritude, a cor da pele. Então a maioria das pessoas que sofre esse tipo de violência são negras e que é por conta de um racismos e xenofobia”, avaliou Carla Carolina, coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Movimento Popular de Juventude (MPI).
A jovem faz questão de destacar como o racismos está presenta no nosso cotidiano, e o quão é importante estar nas ruas e ocupar os lugares para debater sobre a situação e mostrar para quem não sabe, as questões raciais que envolvem o cotidiano.
“Quando o Brasil fala que acolhe os estrangeiros e as pessoas de fora, na verdade estamos falando do acolhimento dos europeus e dos nortes americanos, de pessoas brancas. Mas quando esse povo estrangeiro é negro, é da África, eles são totalmente repudiados, são jogados para a margem da sociedade, e isso á bastante comum de se vê. Quando as pessoas negras estrangeiras chegam, elas não tem oportunidade de emprego, elas ficam nas praças, nas ruas”, acrescentou Carla Carolina.
Para o vereador Fernando Carneiro, mais do que nunca o momento é de luta de desconstrução. Ele observa que o ato reflete a luta contra a xenofobia e contra o racismo e destaca a importância do despertar a nossa consciência coletiva: “Fui criado com piadas racistas, homofobica e machistas, mas a gente vai se desconstruindo. Um ato como esse é capaz de avançar com a desconstrução de todos os preconceitos que a gente foi educador a ter”.