Elevados em Belém precisam de reparos, alerta engenheiro
Nas avenidas Dr. Freitas e Júlio César, essas estruturas no corredor viário mostram sinais de deterioração
Quem passa pelo Viaduto Carlos Mariguella, na confluência das avenidas Dr. Freitas e Almirante Barroso, e, também, no Elevado Gunnar Vingren, que liga a avenida Centenário à Júlio César, em Val-de-Cans, observa um processo de deterioração dessas duas estruturas em dois importantes perímetros da malha viária de Belém. Em um dos pilares do Mariguella, são observadas estruturas metálicas expostas. Já no Gunnar Vingren, pilares mostram-se também com sinais de decomposição. Por isso, há necessidade de reparos nesses dois elevados, como aponta o professor e engenheiro civil Maurício de Pina Ferreira, 42 anos, diretor da Faculdade de Engenharia Civil do Instituto de Tecnologia (ITEC) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Acerca do Viaduto Carlos Mariguella, na avenida Dr. Freitas, Maurício Ferreira destaca que se verifica um processo de corrosão das armaduras no pé de um pilar, já em um estágio mais avançado. "A gente pode ver que as armaduras estão bem deterioradas, e esse processo de corrosão faz com que o concreto de cobrimento e proteção do pilar seja expulso. A corrosão provoca uma expansão, um aumento da seção transversal da barra e isso gera esforços internos, tensões que partem o concreto. Então, o que a gente está vendo ali é que o concreto de cobrimento caiu; isso não é fruto de acidentes, provavelmente, parece ser fruto de durabilidade relacionado com a manutenção do viaduto", destaca.
Atenção
O engenheiro diz observar processo semelhante no Elevado Gunnar Vingren, na avenida Júlio César. "Essa mostra-se como uma estrutura mais nova, mas parece está mostrando o mesmo problema ali no pé dos pilares, com início de processo de corrosão das armaduras e um consequente espocamento do concreto de cobrimento", pontua.
Em ambos os casos, como assinala Maurício Ferreira, os pilares estão em contato direto com o solo, sem existir nenhum sistema de revestimento do piso na região, bem como não existe nenhum sistema de drenagem. Então, provavalmente, trata-se de uma região muito úmida, e aumenta, então, o ataque do meio ambiente, como no caso da água, a essas armaduras, como frisa o engenheiro.
"O tratamento que deve ser feito dessas regiões precisa também considerar a importância de reduzir ali a umidade, o contato da estrutura com essa influência da umidade ali do solo", ressalta Maurício Ferreira.
No caso do viaduto Carlos Mariguella, na Dr. Freitas, é uma situação bem mais adiantada e tem chamado a atenção da população há tempo. "Essa, com certeza, é uma situação mais grave, mais perigosa que a do Gunnar Vingren, mas ambos devem ser tratados com brevidade e da forma correta, porque nesse tipo de patologia nas estruturas de concreto o custo dos reparos cresce exponencialmente com a função do tempo; então, quanto mais cedo isso for atacado e reparado, mais barato vai ser", salienta Ferreira.
A prevenção desse tipo de problema envolve ações desde a fase de projeto - é preciso dimensionar e detalhar as estruturas, considerando resistências mínimas para o concreto. É preciso prever uma espessura mínima da camada de cobrimento desse concreto, que serve de proteção para as armaduras.
É importante tomar outras ações, de proteção da superfície, como pinturas que sejam hidrofugantes, e o comprimento inicial de um metro, um metro e pouco do pilar que está muito sujeito à umidade poderia receber um tratamento, revestimento, algo que pudesse proteger e retardar o processo de corrosão das armaduras, como acrescenta Maurício Ferreira.
Demanda
A Reportagem Integrada do Grupo Liberal aguarda um posicionamento da Prefeitura de Belém sobre o assunto.